DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

Entre em contato com o advogado Decimar Biagini

Nome

E-mail *

Mensagem *

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ACRÓSTICOS

A vida

R enova
E sperança
S em
P osicionar
O fuscada dança
S ofremos
T eclamos
A mamos

C onhecemos
E nfrentamos
R imamos
T itulamos
A poesia que balança




F adonha_Q uimera
Ontem___ U ma
I déia____Em espera
________M agoando-me
V azio na
O primida_Dor
C alejada_I mitação
Ê nfase___S ortilegiada
_________S em
_________E moção




C omo querendo dizer
A deus
N uma saudade sem partir
T ramando versos só meus
A linhando rimas ao porvir
D ogmas também seus
A dentrando sem sair

D omino o infinito
E nsino soluçando mágoas
S onho com o bonito
A trelado às ressalvas
F indas tristonhas cantigas
I merso em preso grito
N a solidão das minhas brigas
A ndando no verso solito
D eus, por que tu me castigas?
A o léu, no poema que aqui recito



K arl Marx
A lemão
M aluco
I nglaterra capitalista
K arl Marx
A rruinou a era industrialista
z ombando
E m filosofia comunista


Decimar Biagini




DECIMAR BIAGINI

ESPERANÇAS HORIZONTAIS

Quando a luz da manha se espelhar
rompendo cerrações do céu nevoento
Permita com meu poema te abraçar
enquanto as folhas balbuciarem ao vento

Quando a saudade vier dedilhar as cordas do violão
Trazendo o lamento e lembranças de outro lugar
Lembra os raios dourados da esperança
A te envolverem com a melodia que resgato do coração

Quando o sol morrer na imensidão do poente
E cortarem o crepúsculo dourado da tardinha
E a àgua natural correr pela força da nascente
Lá estará retratada a poesia na canção minha

Quando por fim, a lua derramar sua luz sobre o mar
E na imaculada noite embalar a sina dos enamorados
Imagina que minha miragem nos teus olhos navegará
Rasgando o infinito uni-verso com o poema que hoje faço

Decimar Biagini e Larissa Fadel

AO MEU PAI ( PROFESSOR E BIBLIOTECÁRIO DECIO BIAGINI)

Querido pai, escutai agora
O quanto te considero
Sabendo que homem não chora
E o que eu hoje quero
É gritar por aí afora
Feito um quero quero
Voando sem ir embora

Eu falquejo o minuano
Em volta do antigo ninho
Pois te considero paisano
Desde quando menininho

Eu te observo velhinho
Prescrutando as eras
Sondando teu caminho
Sem querer ver-te tapera

Da querencia não quero nostalgia
Pois para mim serás eterno
Lúgubre a pachorrenta sinfonia
Sem que haja existencial inverno

Se hoje tenho alma de poeta
Agradeço pelo incentivo
Graças a tua biblioteca completa
Que administrava no meu colégio antigo

Estradeando uma vida nada simplória
Ensinou-me que o simples é celeste
enquanto lecionavas aulas de história
tropilha de rimas vinham em minha memória
na ronda secular do pampa ao agreste
onde trovadores e repentistas tinham glória
pelo improviso de um verso que se preste


Decimar Biagini

O ÚLTIMO CHARRUA



No alto de uma coxilha
Viu-se um índio repontando horizonte
Um lobo sem sua matilha
O último cocar de sua brava gente

Filho de Tupan, esquecido pelo tempo
Preso a miséria da civilização escassa
O cusco ovelheiro, seu único alento
Índio cor de cobre, esteio de sua raça
Em uma bombacha e encarnado lenço
Pés descalços e pobre, domava que dava graça

Modesto Charrua, a coronilha da raça
Que sina a sua, a última alma que passa

Parecia com pingo sem tropilha
Viveu de saudade sem canga errante
Mas não se reculutou na pandilha
Viu o encanto nativo cada vez mais distante

O rebenque da sorte guasqueou o intento
Entendeu que na lida há o dia da caça
E cantou solito aporreando o relento
A milonga tristonha de esperança escassa
Se o desejo do homem é cambicho sedento
A bonança de um é do outro a ameaça

Modesto Charrua, o fim é o livramento
Que sina a sua, espírito xucro do vento.

Decimar Biagini e Wasil Sacharuk

domingo, 30 de janeiro de 2011

OLHAR SALGADO

Com os olhos rasos de àgua
Num silencio enorme na casa
A dor dos escolhos não se apaga
A mágoa não dorme, pois é brasa

Queima o peito em angústia
A canga de bois da saudade
Foi retirada pela vida augusta
A sanga do choro dá vazão à verdade

E quando chega a verdade
Tudo fica de outra forma
A vida passa com a idade
Dias o tempo entorna

O sol virá amanhã cedo
Acordará a passarada
Talvez desapareça algum medo
Alguma angústia fique calada

Decimar Biagini e Juleni Andrade

MINHA ESTAMPA

Me apresento como Gaúcho
Nasci à brisa dos minuanos
Parido sem muito luxo
Já tomei mulher de castelhanos
E fiz muito serviço sujo

Meus sonhos são araganos
De visões estranhas
Cujas guerras de antigos paisanos
Marcaram minhas entranhas

Sombra de gentes alijadas
De lutas ingentes cansadas
Que não conheceram o "errado"
Sequer sabiam o que era "permitido"

Um território sem leis
Difícil de "reconhecer" um dono
Disputado por dois reis
Fadando o povo ao abandono

Hoje eu pampeio com uma bandeira
Cujo Estado é pátria de verdade
Nos ívios confins hoje sem trincheira
Grito em aceno para a liberdade


Decimar Biagini

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

JÁ FOI O TEMPO

Não posso chorar
Nem diante
Da crise a vivenciar
Existencial em pranto

A lógica dos amigos finitos
Do mestre silencioso
Chamado galáctico infinito
Irracional e proveitoso

O pão da vida em fome física
Cuja alma é pensamento e emoção
Em uma esperança sinérgica
No ambiente da humana devoção

O amor não consegue ser cultivado
O destino do arado é inevitável
A solidão de quem foi amado
Em uma técnica ultrapassável

Decimar Biagini

COMUNIDADE QUE INDICO

http://www.orkut.com.br/Main#Community?rl=cpn&cmm=48554465

O fundador não é nada mais nada menos que o colega do pai do maior violinista nativista do Rio Grande do Sul.

ACADEMIA VIRTUAL DE BLOGUEIROS

Muitos declaram o time esportivo para o qual torcem, a ideologia política à qual aderem, a corrente psicoterapêutica ou educacional que seguem, pois gostam de exaltá-la. Eu gosto de exaltar a origem humana da escrita, pois é o que eu mais aprecio. Os blogs são as novas Musas de Homero. O problema é que de artigo de luxo está virando lixo, que bom que a academia secretamente manterá a nata essencial desta unidade mítica virtual.


Parabéns à AVB.


http://www.orkut.com.br/Main#CommPending?cmm=109408320 (mais informações)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

NULIDADE

Um barulho vem lá de fora
Parece ser infindável e irritante
Seu patrão não demora
E o msn parece mais interessante

A vida não lhe deu alternativas
Você engana todo mundo
Criou condutas preguiçosas repulsivas
E taxam-no de vagabundo

Se ligam, você diz que não
Não anota recados nem cobra
Você não tem solução
Teclar parece ser sua única obra

Largue tudo, peça demissão
Não se arrependa dessa manobra
Mentir para você mesmo, não é a solução

Decimar Biagini

sábado, 22 de janeiro de 2011

ENTRE O POEMA E A SAUDADE

Você preenche a atmosfera de ideal,
Misturando o homem médio em grandeza
Me faz acreditar ser mesmo imortal
Toda vez que me aproximo de sua beleza

Miraculosa eu diria empolgado
Como a primavera eterna
Meu verso lhe é rasgado
Pois o amor não se encerra

Tesouro escondido em minha alma
Cofre das índias, cálice sagrado
Quando a encontro, tudo se acalma
Transformando-me um poeta extasiado

Porém, hoje, pernoitarei sozinho
Com o poema de companhia
Amanhã talvez tenha a alegria
De recitar ele no seu ouvidinho

Decimar Biagini

SONETO LIVRE ÀS ANDANÇAS POÉTICAS

Parti rumo a saudade da doce alegria
Colhi pensamentos e sonora lembrança
Caminhei nos contornos que desenha a magia
Deixei em teus olhos meus giros de dança

Segui nas cascatas a derramar sentimentos
Cobri o meu pranto, sequei o lamento
Corredeiras de beijos regando o querer
Semente em teu solo, nascendo em você...

Na valsa da poesia rechaçada pela amizade
Lembrando o que tinhamos visto na virtualidade
Sem falsa alegria ou improvisada desnecessidade

Terminamos as primeiras parcerias em entusiasmo
Valsamos na pedra mais alta do verdadeiro parnaso
A fim de alcançarmos no soneto, a mais pura verdade

____________________________________________
*Larissa Fadel e Decimar Biagini

NAMORO NA ROÇA

O menino acordou
Foi desjungir os bois
A menina levantou
E já pensava nos dois

Pro celeiro foi a menina
Queria com o menino proseá
Mas o menino de olhar ladino
Com a menina quis namorá

Os velhos atentos
Os viram às escondidas
Lendo seus pensamentos

Nove meses depois
Não viram mais a menina
Só o choro de Carolina!

Decimar e Larissa

OS SENHORES DO PAMPA

O senhor desencilhou o cavalo
Pôs os arreios em cima da cerca
Nada no campo podia magoá-lo
Pois já sofreu todo tipo de perda

Nasceu livre, sem horizontes cortados
Criado xucro, galopeando léguas
Senhor de sesmarias e reinados
De cisplatinas e farroupilhas guerras

Após pampear por seus legados
Deita-se na sombra duma canjerana
Pelegos e arreios ficam encostados
E despoja uma prenda castelhana

Olha na contraluz do oriente
E vê um cisplatino a trotes largos
Parecia querer tomar seus pagos
Fizera sua cruz, de forma indecente

Decimar Biagini

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

TENHO MEDO DE...

Ficar aqui, vendo a vida passar
Sem poder sorrir, sem poder amar

Ser injustiçado sem ver o juiz
Ser condenado à saudade da Morena
Ser rotulado como poeta infeliz
Vendo minha alma fugir com o poema

Quero sair desse escritório
Largar a gravata pelo boeiro
Deixar de advogar em velório
Bancando ser um rapaz ordeiro

Ficar aqui, vendo a vida passar
Sem poder sorrir, sem poder amar

Me espera em casa Musa
Que o leão está chegando na selva
Veste aquela linda blusa
Que o coração está se libertando da treva

Decimar Biagini

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O AÇUDE DA VIDA

Os olhos não ardem mais
Ele encontrou a quietude
Escolhos ficaram para trás
A vida é como um açude

Mas dá peixe? Diria você
Largue seu anzol e descubra
O melhor peixe você não vê
A felicidade está na procura

Quando pescar, siga em frente
Descubra quem foi pescado
Quando amar, viva, simplesmente
Pois quem ama entende o recado
Basta fisgar, ainda que metaforicamente.

Decimar Biagini

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

VERSOS E POEIRAS

V ertiginosa_Poesia
E nfeitiçada_Onipresença
Rasgada_ Estrela guia
S ortilegiada_Indiferença
O fuscada__ R asura
S alteada__ Asfixia
Enciumada_Saliência


Decimar Biagini

ACRÓSTICO DUPLO - O MUNDO DÁ VOLTAS

O viajante___Deus
__________A rrumou as
Malas_____,V agarosamente,
U niu _____O s sistemas
N uma_____L úgubre
D imensão_,Transformando
Os sombrios Astros em
_________Soturnos clarões


Decimar Biagin

domingo, 16 de janeiro de 2011

O AMIGO WASIL SACHARUK




Lá na Estância da Poesia Contemporânea
Ouvi poetas declamarem com agressividade
Um mundo fecundo de recordação espontânea
Das velhas máquinas de escrever à virtualidade

Encontrei certa feita, um guapo bom de improviso
Chamado de Wasil Sacharuk, na comuna Fernando Pessoa
Não afiava o estro por mero passatempo, não era à toa
Então improvisei com o poeta num trapo de simbolismo

Tecemos acrósticos, em guerrilhas de planuras sem fim
Na mesma grandeza atávica de Canabarro
Pastorejamos o gado, invadimos bolichos, flechamos querubim
De bacamarte em punho transformamos palha e barro
Em uma casa cheia de poesia chamada Brincando com as letras, que ao fim
Tornara-se Nova Ordem da Poesia, sem apagar o inexorável hábito

Ditados pela dinâmica dos novos tempos,
Na poesia com espontaneidade própria das verdadeiras vocações
Fomos agregando novos pensamentos,
Com alegria e prosperidade, glória de ligeiras boas intenções

Emergimos do mundo ignoto de nossas recordações
Wasil não se dizia poeta e eu me denominava poeta amador
Distribuímos em solo fecundo mais de 50 improvisações
Uma parceria semanticamente completa, como se fosse do mesmo Autor

Inserimos na vida moderna, o timbre de um coração de guasca
Pois nossos antepassados foram destinados da restinga para a cidade
Mas o campo jamais morreu à mingua em nossa poética verdade
Retratamos o pago na mítica caverna, em frente a uma projeção em massa

Chamada de internet... em uma poesia contemporânea...
Hoje os gaudérios recortam coxilhas e mares, nas tardes escaldantes de verão
Ou nas madrugadas frias, quando o vento minuano geme no ouvido do peão
E as barbas de bode, ficam na parceria, incendiadas pela leitura eletrônica...

Decimar Biagini

RÉPLICA

Deixei o carvão fumegando na brasa
mas para minha prenda deixei um aviso
cuida pra que não pegue fogo na casa
vou lá cuidar de uns versos de improviso

Não recuso convite do poeta Decimar
um gaudério que brinca com as letras
tem essência na crítica e sabe brincar
derretendo os teclados e as canetas

Quando quero um verso haragano
encilhado na rima e no argumento
eu busco um verbo imigrante siciliano
compartilho um mate e outro invento

Quando vi o poema indicando Wasil
lindo e exposto igual frango assado
meu nome estampado pra todo Brasil
confesso que fiquei emocionado

É algo grandioso escrever poesia
na simplicidade que o verso exprime
sobretudo contar com a parceria
do amigo poeta Decimar Biagini.

Wasil Sacharuk

ENALTECIDO COM A RÉPLICA
Eu estava com a carne no bucho
De repente li o verso do missionário
Na homenagem a um gaúcho
Cuja amizade preso mais que o sudário

Senti o arôma de teu churrasco
E quase ouvi gritando para Dhenova
Um campo verde ao redor da tua trova
E uma palha na mão com forte tabaco

Tropeio sem rumo, busco amizade
Nos assobios tangendo minuanos
Buscando pousada na tua realidade
Nos versos que rangem dentes paisanos

Um dia me largo para junto dos teus desatinos
Com um litro de vinho in natura
Teremos noites ao som de volinos
E brindaremos as gaúchas conjecturas

Decimar Biagini

TRÉPLICA

Ah, gaúcho
se trazes o vinho in natura
eu vou ao bolicho
e no capricho
compro uma garrafa de pura
depois preparo um mate
com rapadura
de Santo Antonio da Patrulha

E no repuxo
do improviso a trote
vou replicar o teu mote
numa pajada de luxo
esganiçada numa rabeca
junto aos latidos do guaipeca

Poeta, tu já me conheces
e sabe que apetece
assar umas ripas de costela
de novilho da curutela
com sal grosso na graxa
e tocar essa vida borracha
atando os nós da poesia

Em breve chega o dia
em que a vontade assalta
e sobra uns pilas na guaiaca
que por último anda pobre
tu vais carnear uma vaca
que eu vou até Cruz Alta
declamar teus versos nobres.

Wasil Sacharuk


RETRUCO

RETRUCO
Estou produzindo um mimo
Lá no tal portal do youtube
Assim de Pelotas me aproximo
Na nostalgia de quem joga gude

Perdõe este vício pela rima
Nesse calor melhor seria um açude
Mas é que gosto dessa esgrima
Em que com a pontuação pareço rude

O improviso está para mim
Como a amizade está para nós
Uma verve de poesia sem fim
Como trova em galinha com arroz

Decimar Biagini

A DESEJADA HORA DA BÓIA (AO RETRUCO)

Arroz com galinha
é uma boa pedida
uma barbaridade de comida
para selar esse retruco

Os ossos jogados aos cuscos
ensebados de bóia esquecida
tirando das sobras a vida

Nessa hora brota a vontade
de sentir o calor da amizade
nos roncos do chimarrão

E por isso, meu irmão
que a poesia implora
não fiquem os cuscos de fora
da nossa contemplação

Há um gaúcho que diz
que todo vivente é feliz
se tiver um guaipeca e o mate
bóia e fumo a vontade

Mas, meu poeta amigo
de uma ideia eu não largo
de compartilhar contigo
uma rodada de trago.

Wasil Sacharuk


AMIGO (DO IMAGINÁRIO AO LEGENDÁRIO)

Gaúcho, aonde estás eu te vejo
No vulto de um improviso de pajador
Dividindo verves em relampejo
No culto de um ombro amigo enriquecedor

Além dos campos vastos de tua sintonia
Nessa galinha com arroz que comentastes
Na importância do cusco e da prendinha
Quando a tarde boleia infinitos contrastes

Aguardo o floreio do cruzeiro do sul
E penso na Princesinha Sulina pomposa
E lá imagino uma noite de festa e prosa
Onde escutariamos tua viola até o céu ficar azul

Decimar Biagini

E CONTINUA...
Que se faça do poema o ensejo
solidário instante confortador
de letras rimadas beleza e sobejo
o alento de poeta improvisador

Desses campos verdes brota poesia
pena que lida de poeta é biscate
não compra nem um saco de erva verdinha
e mal sustenta o vício do mate

Mas o que vale é abrir a porteira
da amizade evoluida na trova
até que a poesia nos dê uma sova
de querências e promessas caborteiras.

Wasil Sacharuk

SONETO LIVRE AO DOMINGO COM WS
De querências e outras cositas caborteiras
Cheias de recuerdos na alma da gente
livrando-nos do ajoujo de presilhas ligeiras
Enquanto a amizade se fizer presente

Permita, amigo, que eu possa ver ainda
o rancho da tua poesia de verve infinda
Quando baixar a luz do sol morrente
Ao dedilhar de cordas em grito estridente

Então abraçaremos as loncas das coxilhas
Percorrendo velhos caminhos de nossa gente
Retovados por afagos de almas farroupilhas

E que em tal bolear do pingo em horizontes cortados
Avistemos lá para as bandas do poente
Leitores meditando em semântica de sonho ardente

Decimar Biagini

ATÉ A PRÓXIMA


Gambeteiam comigo
Místicos anseios
De trovar com o amigo
Num tilintar de freios

Um dia chegará o momento
Por ora, peço licença
Pois devo levantar acampamento
A musa deu-me uma prensa
Vou ter de cortar o gramamento

Foi um prazer tal saudoso plancho
Deixo aqui, à disposição, meu rancho
Que essas trovas nos sirvam de poncho
Quando chover saudade dos jardeios
E que possam ser rimados os anseios
Para que os leitores fiquem de olhos cheios

Decimar Biagini

CHAVE DE OURO

Um gaúcho se faz de poesia faceira
modulada em contorno eloquente
e por isso que salta as tranqueiras
com verve inspirada e mate quente

Veremos apagar a tarde linda
vestida de chita a lua é benvinda
enquanto o sol se faz ausente
o rancho não fica indiferente

Mesmo se o hermano é de outras trilhas
de onde o solo só vinga outra semente
dividimos as nossas maravilhas

A poesia invade os outros cercados
em fagulhas de rima incandescente
espalhando a cultura riograndense

Wasil Sacharuk

sábado, 15 de janeiro de 2011

BARGANHA (1884)

Quem dá mais
Por este afrodescendente da canela grossa
Um bom rapaz
Que só sabe dançar bossa
Quem dá mais
Serve a quem interessar possa
Um mediano rapaz
Que sabe dar conta da roça
Fiel ao capataz
E resistente na coça


Quem dá mais
Por este italiano da Sicília
Um maudoso rapaz
Que só pensa na poesia
A rima é seu az
E com ela rouba com alegria

Decimar Biagini (Sicíliodescendente)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A ARTE DA JUSTIÇA

Tal amplitude alcançada pelo operador do direito
Estudando questões elevadas na verticalidade de valores
Em legislação regulada pelo manipulador escorreito
Projetando oscilações alcançadas pela oralidade de atores

Numa base biopsicológica, que transpõe a alma liberta
Na comprovação dos direitos e deveres dos cidadãos modernos
Em característica lógica que impõe a sanção correta
E na busca de suspeitos para os haveres da população em seus infernos

Equacionados corroboram para tornar a perscrutação saborosa
Compreendem a aplicação e o esclarecimento fático ao mundo jurídico
Percorrendo o caminho inverso na reconstituição da ação ruidosa
Que escondem a intenção ao aborrecimento módico do profundo analítico

O suspeito então se vê lançado diante de um júri popular
Na finalidade da razão para sua existência em um juízo atemporal
Fala o perito na intenção do achado triunfante ao ouvido singular
E na rivalidade da paixão surge a consistência de um duelo sem igual

Advogado e Promotor... O Povo e o Acusado ... Quem é Ator? Quem é o Culpado?

Decimar Biagini

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

POUCO PRECISO PARA SER FELIZ


Talvez a lembrança dos campos
Nas férias de verão na fazenda
No lombo de tordilhos santos
Presenciando as lidas lá da porteira

Como toda lembrança infantil
Montando arapucas ao passarinho tempo
Sem preocupar-me com o ouro vil

Na visão estupenda de horizontes longínquos
Sem sentir-me mais um neste ilusório vazio
Num crepúsculo prazeroso no tempo fugidio
Feche os olhos e acorde feliz junto aos índios
Que corriam pelas Missões em terras sem alambrado
Que sorriam em projeções, sem guerras com o passado

Nasci em terra de gente arisca e brava
Com a rebeldia que tem o homem sulino
Que nas patas do cavalo o destino traçavam
E num galope ganhavam o horizonte em feliz desatino

Terra livre que hoje é vitimizada por leis e por cercas
Que acabou com o gaúcho no circo de um estádio
O que tive, foi um sonho na madrugada, poesias incertas
Sonhava com o passado que não tive, hoje em desvario

Instransponível mesmo somente a realidade
E quando a gente foge, simplesmente, vem a felicidade

Um mundo de sombra e viço, de sangas sinuosas
Em que meu cetro é o caniço de pescar lambari
A pescaria nos recebia em tardes amistosas
A fazenda hoje está longe e só, e eu aqui...


Decimar Biagini

INFINITA PROCURA

Nos pulsares do cosmo,
pulsa a vida na terra.
No coração de um átomo,
tanta energia encerra.

As luzes revestem o domo
até a nossa própria atmosfera.
Paira tons no espaço policromo
e o azul domina nossa esfera.

Dentro, um coração palpita
neste minúsculo grão do universo,
onde a humanidade habita.

Fora, o desconhecido agita
nossa mente em busca do diverso,
mas até agora nada se cogita.

Janete do Carmo
090111

ATÉ LOGO “DO CARMO”

Com pesar anuncio uma baixa na literatura
Patrícios e Plebeus da poesia contemporânea
Choram a desencarnação de uma joia pura
Que deslizava pelos versos de forma espontânea

Que tinha como princípio fundamental o equilíbrio
Desbrava terrenos congelados com lâmina afiada
No melhor estilo Alexei Ulanov e Irina Rodrina
com uma moderna forma de patinar na poesia alforriada

Falo de Janete do Carmo, a poeta que proporcionava devoção
Sob o olhar atento de milhares de leitores virtuais
Estrela literária pela qual tive a honra de ter recíproca na admiração
Em companhias que geraram inspiração nos mais variados temas

Comuns são os provenientes da distinção entre poemas de outros e os de Janete
Que ela possa desencarnar em paz, ao lado de Camões, Pessoa, Cecília e Andrade

Decimar Biagini

Janete Faleceu em 10/01/2011

CHAMAS ABRASADAS

Levo aqui no peito
Tições de saudade
Sem muito jeito
Aguardo com ansiedade

O retorno da Musa
Do chimarrear místico
Do descer da blusa
Do amor casuístico

Liberdades técnicas
Num poema expresso
Verdades léxicas
Escondidas num manifesto

Decimar Biagini

domingo, 9 de janeiro de 2011

TROVA DE GUAPOS

Sou taura da presilha até a ilhapa,
não tenho cara de sorro manso;
levo na estampa o bafo de canha,
o baile todo só bebo e não danço!


...sou guasca do mango até a guaiaca
...danço com minha prenda e não canso
...se vejo um bucho eu passo a faca
...de china feia não quero ranço


Sou grosso e ignorante
como salada de urtiga
agarro touro a unha
e nunca bebo o bastante


...Sou filho desse Rio Grande
...e não me aparto da briga
...um diabo me ronca na cuia
...laço égua chucra com barbante


O galpão é meu palácio
meus vassalos são os cuscos
trovo com o tio Anastácio
largando tições pelos cascos


...Da coxilha tenho um pedaço
...planto meu fumo e chamusco
...e trago o rebuliço no laço
...gaúcho guapo não faz fiasco


Com permisso, poeta amigo,
escuta este trovador
meu prazer é prosear contigo
pois na rima és professor


...Dessa peleia fiz meu abrigo
...com o hermano improvisador
...sempre responde o que digo
...com a grandeza de pajador


Vou me retirar desta trova
pois sou pobre poeta de parca rima
em cada parceria a amizade se renova
e tua cidade, de Cruz Alta se aproxima


...De Pelotas te mando essa prosa
...da nossa querência campesina
...e se Cruz Alta também é formosa
...encilho o pingo e vou acima.


Decimar Biagini e Wasil Sacharuk

SÓ SE VIVE UMA VEZ?

Será mesmo?
Pergunto para vocês.
E nas vezes que saio a esmo
Flutuando acima das nuvens
Lembrando de vidas passadas
Me vendo em atávicas atitudes?

Só se vive uma vez!
Será mesmo?
Pergunto para vocês.
Depois do por do sol
Não é que ele volta a brilhar.

O porco então vira torresmo
E não torna mais a gritar?

Decimar Biagini

sábado, 8 de janeiro de 2011

TEM COISAS QUE O GRÊMIO NÃO COMPRA, PARA TODAS AS OUTRAS EXISTE O EMPRESÁRIO A$$I$

TEM COISAS QUE O GRÊMIO NÃO COMPRA, PARA TODAS AS OUTRAS EXISTE O EMPRESÁRIO A$$I$

E eu, que fiz promessa
Que pensei no filho pródigo
Que perdooei a beça
Que olhava para o relógio

Acreditei de novo nessa
De que não existia o ódio
E que a ganância logo cessa
Quis ver Ronaldinho no pódio

Hoje, olhando o circo queimado
Penso na Dona Miguelina
Que Citotek deveria ter tomado
Assim não teríamos esta sina
De sermos novamente enganados

Decimar Biagini - Poeta Cruzaltense

De que vale eu editar o grêmio desde o primeiro Fifa Soccer, depois ser técnico do Elifoot, no Master League do PES, no Fifa Manager, no Football Manager e no CManager, recusando propostas incríveis, se meu ídolo na realidade só me fez perder o gosto pelo futebol? Espero um dia ver Ronaldinho Gaúcho, vestindo a camisa do Avaí, se afundando como o ex-atleta Guga Kuerten e com mais pensões que o Romário. Tendo que virar deputado para manter as crianças e com uma traição à altura daquela que eu sofri, sendo traído por seu irmão, por conta de um contrato quase assinado. Então ele se ajoelhará com uma garrafa de cachaça na mão (parecido com a Voz de Ouro revelada em um sinal de New York) e dirá em uma simples plaquinha, faço embaixadinhas por $1,00, quero ter o prazer de fazer ele dar embaixadas, intermediar o contrato tácito com A$$I$, e acelerar o carro sem dar um centavo, dizendo uma frase conhecida aos futuros torcedores dessa mágoa tricolor: - Perdeu playboy!


PS: Estilo Odone, isso que falei acima não valerá de nada se Ronaldinho vestir a camisa do Grêmio na semana que vem! Torcedor é mesmo "passional" rsss...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

DESFILE SURREAL

O caminho percorrido
Entre Horizontina e Europa
Foi o inverso do imprimido
Pela sua origem étnica

Seus antepassados
Mal poderiam acreditar
Que os Bündchen “Giselados”
Na Europa iriam brilhar
Colonizadores e colonizados
Unidos num só pisar

Decimar Biagini

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O RETORNO AO LABOR E O MAU HUMOR

Hoje é meu último dia de férias
Você poderia dizer, grande porcaria
Vá escrever sobre coisas mais sérias!
E eu, então, sua mãe xingaria

Mas pobrezinha da sua mãe
Deixa ela para lá, foda-se meu tempo
Meu pesar ao largar meu passatempo
Vender a alma ao filho do cão
Para gastar grana feito folha ao vento

O capitalismo é mesmo uma solução?
Infelizmente não sei usar o dinheiro
Mas o danado me tem na mão
Por isso vou trabalhar em pleno janeiro

Então boa noite, mande lembranças à velha!

Decimar Biagini

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O RELATÓRIO

Aspira, passa no gabinete
Deixa o relatório
Leva caixa de lápis e estilete
Seja simplório

Que coisa, mais serviço
Bem que o comandante poderia sair
Seu cargo eu cobiço
Mas receio antes disso eu partir

Aspira, já entregou o relatório
Não!
Como assim não?
Aqui está minha exoneração seu Osório
Quanta decepção aspira!
Pois é, sabe aquele tio político que lhe falei?
Me convidou para ser Secretário da Segurança
Bom, é isso, agora passa no meu gabinete
Preciso que o senhor faça um relatório em dez minutos
Leva caixa de lápis e estilete
Vamos comandante, faça a porra do relatório
Seja simplório!

Decimar Biagini

domingo, 2 de janeiro de 2011

O CURSO DE UMA PARCERIA

(DOIS ANOS DE DECIMAR E WASIL)


A cultura é nosso alimento
Servido na idealização virtual
O poema dá asa ao pensamento
Escandido ou em improvisação usual


Enchemos barriga com letra de vento
A verve visita o futuro e o passado ancestral
Testemunhamos a perda do trema e acento
A poesia quebrou a tramela do novo portal


Toda a nossa força ao longo dos anos
Que partiu de atividades lúdicas pelo virtualismo
Tomou compromisso em outros rumos
E sorriu nas proximidades do pluralismo


Conhecemos o signo de outros arcanos
Abarcados na sistemática do empirismo
Tentamos riscar com auxílio de prumo
Para desvendar o segredo do lirismo


Uma vida de leveza em parceria poética
Que trouxe pessoas com ideias em comum
Uma sensação experimentada pela dialética
Em semânticas despretensiosas oriundas do sul


E a inspiração nunca foi esquelética
Nessa antologia sempre cabe mais um
Nem de vanguarda e nem velha caquética
A fome de versos nem pensa em jejum.


Decimar Biagini e Wasil Sacharuk

SONETO LIVRE AO INFELIZ (VÍDEO)



SONETO LIVRE AO INFELIZ

Cansado de si, andava no mundo
Com pesadas botas “sete léguas”
E levando sua vida sem tréguas
Com guerra existencial ao fundo

Seu remédio foi seguir pisadas
Em um solo que jamais fora fecundo
Trilha do tédio de almas passadas
Que rumavam ao inferno mais profundo

Sem saber... suas lágrimas eram ousadas
Um belo dia foram vistas lá do alto
Nuvens cinzentas, raios e trovoadas

Tomaram o andarilho de assalto
Adeus vida insana e descompassada
O raio “Fúlvio” livrou o pobre incauto

Decimar Biagini

MINHA PAIXÃO PELO VERSAR

É por intermédio da poesia
Que estabeleço a conexão
Com a esquecida alegria
Que resta em meu coração

Por ora semeio o amor
Em terrenos desconhecidos
Faço tango com minha dor
E ressuscito momentos tidos

No poema: signo da libertação literária
Choro pelas letras em poesia libertária
No duro inverno existencial da vida
Para aquecer-me em lúdica guarida

É essa a minha razão de ser poeta sem excelência
Fazer de mim um Maomé sem terra prometida
Celebrar a passagem da morte na existência
Chegar ao fim com a fé na poesia obtida

Minha trindade é o verso, o leitor e a verve
O amor do criador pela criatura sem conjectura
A verdade manifesto no amor de quem serve
Bandejas de poesias a toda sedenta criatura

Decimar Biagini

sábado, 1 de janeiro de 2011

PÓS VIRADA

Como posso estar cansado
E não ter sono sequer
O ano passou galopado
Digam o que disser
Fico eu aqui enjoado
Com sal de fruta na colher

Faltou grana para o espumante
Tomei cidra nacional adoidado
O Réveillon foi num instante
Restou o esôfago arruinado

Refluxo, talvez não
Acho que é reflexão
Amanhã tem domingão
E o mala daquele Faustão

Nada mudou, a não ser a fuga das contas
Vira o mês já estão na espreita
E vocês vão ver, tudo se ajeita
Quem tem esperança, enxuga os prantos

Que doze uvas e sete pulinhos, que nada
Nem mesmo potes de sais pelos cantos
Todo ano é a mesma superstição operada
Continuo pobre, não sobra nem para os santos

Decimar Biagini

SONETO LIVRE AO INFELIZ

Cansado de si, andava no mundo
Com pesadas botas “sete léguas”
E levando sua vida sem tréguas
Com guerra existencial ao fundo

Seu remédio foi seguir pisadas
Em um solo que jamais foi fecundo
Trilha do tédio de almas passadas
Que rumavam ao inferno mais profundo

Sem saber... suas lágrimas eram ousadas
Um belo dia foram vistas lá do alto
Nuvens cinzentas, raios e trovoadas

Tomaram o andarilho de assalto
Adeus vida insana e descompassada
O raio "Fúlvio" livrou o pobre incauto

Decimar Biagini

Qual tema nos poemas mais te atrai?