Mais um domingo se anunciava
O poeta olhou pela larga janela
Havia um cenário que se acinzentava
Era o inverno próprio de sua terra
Acumulavam-se ancestrais perguntas
Relativas a existência de uma futura guerra
Se haveriam respostas de pessoas cultas
Negativas, com eloquência em cura que encerra
Porém o silêncio do local deixou-lhe sozinho
Não foi suprida sua curiosidade existencial
Tampouco aquela usual tertúlia de passarinho
Na qual pudesse interpretar como divino sinal
O poeta resolveu observar outra janela afinal
Uma janela que fitava os olhos com medo
Não mantendo muito mais que um ledo enredo
A janela da alma, que apontava um inverno existencial
Lá pairavam muitas nuvens espessas que dificultavam o credo
Não havia uma nítida compreensão terrena acerca do fulcral
Espíritos rezavam, outros bebiam, outros levantavam cedo
O poeta fez autocrítica e uma distinção entre o bom e o mau
Saiu então daquele cenário e retornou com outras rimas
Tracejou um poema em relato libertário desprovido de sinas
O leitor e o tema, na janela do imaginário, revelariam suas brumas
Decimar das Silveira Biagini