DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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quinta-feira, 31 de março de 2011

RETORNEI

Retornei a ser tapete
Pisei em cima de mim
Fui cavalo, fui ginete
Parecia não ter fim

Hoje sou feliz
Ao menos pareço ser
E o que eu fiz
Pareço não fazer

Decimar Biagini

RACIONAL

Eu nunca pedi bom senso
Sequer te ofertei um lenço
Se tu não veio de bom berço
Não é misericórdia que te ofereço

Quer saber, toma teu rumo
Leva contigo o que restou de ti
Se quer me ler, que seja para consumo
Não serei amigo, mas posso sorrir

Vai lá, coloca o dedo na tomada
Chega de dar conselho para leitor
Eu já fiz tanta coisa errada
Mas nada comparado a tua dor

Decimar Biagini

LUPANÁRIO

Eu busquei pelo significado de Lupanário
no Dicionário online de Português
Com rimas da palavras, sem dicionário
o google, ironicamente, logo me defez

Você quis dizer isso? Talvez aquilo?
Rimar é meu vício, o verso é esmerilho
Bookmarks não me deu resposta
Tanta informação, e continuo na bosta

Li sobre operação militar
Que buscava um controle social
Continuei então a rimar
Depois li meu poema, fiquei mal
Decidi então me retirar
Buscar não leva a pena, tchau

Decimar Biagini

quarta-feira, 30 de março de 2011

LINHAS ARREPENDIDAS

Eu estou cansado de ver você do outro lado
Olhando para essas linhas bilaterais
Interpretando sem dar conta do recado
Estou cansado de jogar pérola aos animais

Não quero mais nenhuma crítica insolente
Quero que você mofa sorrindo com sua ironia
É vero, sua leitura se apruma de forma incompetente
Que tal se eu dissesse que foi tudo mentirinha?

Sabe o que acontece, eu tive um dia difícil
Sei que não adianta eu arranjar justificativa
Mas é que tudo tem passado como um míssil
O que seria de mim sem sua leitura intuitiva?

Decimar Biagini

segunda-feira, 28 de março de 2011

PARA CHARLES PIERRE BAUDELAIRE

Tua vida literária não foi aceita
Nem pela francesa burguesia
Somente após tua morte feita
Victor Hugo te afirmaria
Sem que houvesse qualquer suspeita
Como criador da nova escola da poesia

Órfão de pai, de maneira tão dura
Próximo ao fim da idade de anjo
Tua vida foi feita de amargura
Tua mãe contraiu núpcias com um marmanjo
Que desaprovava tua literatura
General Aupick, um homem que dava desarranjo
Só de olhar com sua feição obscura

Tua amante te levou à pobreza
À doença e ao desespero
Tua solidão foi verve em esmero
Triunfante e de tamanha grandeza
Foste condenado por ultraje à moral
Tiraram-te seis poemas, para nossa tristeza
Permaneceu teu conjunto de ensaios magistral

O artista, no teu ver, nasce na solidão aliada ao tédio
No antagonismo entre Deus e o Diabo
Compreendido em linhas poéticas como remédio
À noção entre o bendito e o malfadado
Que só mesmo o artista é capaz de tal assédio
Oscilando entre a aristocracia e o vulgarizado
Nas sarjetas ou nos bailes de gala venceste o tédio

Relatando teu culto do “Eu” desmaterializado
Exposto à sociedade natimorta e fétida
Vivendo para si mesmo, poesia como legado
Artista incompreendido, de inigualável léxica
Morrendo a esmo, na tirania de um ser individualizado
Nas próprias leis de seu temperamento em dialética
Esse sentimento de solidão foi teu grande reinado

Solidão, dandismo, busca do absoluto, tristeza hermética
Própria da poesia, senão por ela mesma em demasiado
Não prestando a fins políticos, morais ou religiosos, pois é cética
Ela (poesia), pecou tão somente, por te acreditares baudelaireado

Decimar da Silveira Biagini
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* Baudelaire perdeu o pai com seis anos, dizem algumas lendas urbanas que até os sete anos toda criança é absolvida dos pecados por ser anjo, após, perde as asas e bate com o rosto na realidade. O poema foi Inspirado em razão da visita à Biblioteca Nacional (Av. Rio Branco, Cinelândia, RJ), ao ver exposta a primeira edição.

SUÍCIDIO EM PRAÇA PÚBLICA

Nem bem encerrava o teto da capela
O artista largou o vitral pela metade
E então arquitetava sua morte bela
Foi ali mesmo, sem muito alarde
Em praça pública, em frente à janela
Que ficou sem um discípulo naquela tarde

A igreja não acendeu qualquer vela
Segundo ela, hoje, no inferno o artesão arde

Decimar Biagini

sexta-feira, 25 de março de 2011

ALÉM DOS OLHOS

Por quantas vezes
Você deve estar pensando
Pensamos estar amando
Por quantas vezes
Você deve estar imaginando
Imaginamos nos casando

Sim, são raras, geralmente
Com uma pessoa só
Aquele estalo na sua mente
Um efeito dominó
Tem gente que diz ser cadeia
Tem gente que faz virar pó
É preciso ter sangue na veia
Dizer sim ao padre sem dó
Não basta dizer o que vem na telha
Não é uma oração dita de cor

Se tiver fato impeditivo
Case numa ilha deserta
Para o coração não há indicativo
A escolha parece sempre ser certa

Decimar Biagini

terça-feira, 22 de março de 2011

O DIVAGADOR E O ANTI-TELEMARKETING

Boa noite, o Sr. Pafúncio se encontra (1ª Tentativa)
Ih, minha filha, aquele meu filho é um perdido. Recém fez a quinta sessão com o psicólogo. Até se encontrar na vida vai pagar tudo e mais um pouco do convênio da firma. Isso se até lá não encostarem o rapaz por "bipolaridade".
O Sr. sabe qual seria então o melhor momento?
Sei não, talvez na próxima reencarnação, isso se até lá as empresas não te substituirem por um robô menos desprovido de inteligência e com um pouco mais de sensibilidade. Por acaso você está numa ilha diferente do fuso-horário daqui sua sem noção? Sabe que horas são?
Tu tu tu
Boa noite, com quem eu falo? (2ª Tentativa)
Com Senor Abravanel
Desculpe, não entendi, poderia repetir por gentileza?
Ra, rai, ri, ri... Silvio Santos minha querida.
Oi patrão aqui é do Banco Panamericano, gostaria de aproveitar o ensejo e dizer que estou me demitindo nesse momento (já chega, é muita palhaçada).
Mas já minha querida, não vai nem esperar eu atirar três aviõezinhos de cinquenta reais para o auditório?
Tu tu tu
Boa noite, poderia me informar acerca o Sr. Pafúncio?
Pem, peu perido, pafuncio pasceu pem..(3ª tentativa)
Tu tu tu
Boa noite, eu estou substituindo minha antiga colega de trabalho, o Sr. Pafúncio se encontra?(4ª)
Já chega, eu me rendo, sou o Sr. Pafúncio, o que seria?
Pois é senhor pafúncio, o Sr. teria direito a uma apólice de seguro que seu verdadeiro pai lhe deixou, mas como o senhor ficou de palhaçada, dizendo que não estava, imitando meu chefe, fazendo minha colega pedir demissão e virar monge budista, gostaria de comunicá-lo pessoalmente que segundo consta em nossos registros a ação prescreveu um dia após a nossa terceira tentativa de contato, àquela em que o senhor contava toda sua vida na linguagem do "pê".
Um momento por favor, vou entrar em contato com o setor responsável por esta minha vida infeliz.
O mãe, por que você nunca me falou que eu tinha um outro pai? Que grande filho da puta por tabela que o moço do telemarketing me chamou.
Tu tu tu...

Decimar Biagini

SOMBRAS INTRÉPIDAS

O guerreiro dos poemas
Luta com a palavra escolhida
Teclados substituindo penas
A Musa pelo fake substituída

Suaves e virtuais suposições
sem aves migratórias
O poeta a acalmar corações
entre batalhas inglórias

Ressoam os paços em clicar de mouses
A derrotar o espectro da solidão
Entornam-se copos entre rimares e frases
Naus errantes, na infomaré, buscam chão

Decimar Biagini

segunda-feira, 21 de março de 2011

CONSELHOS CABAIS

Corte cigarro
Cancele cachaça
Corte corrida com carro
Cubra-se com cinto

Corte comida caçada
Com carne crua cisticercada
Coma cozida com cuidado
Cancele comida congelada

Cuidado com casamento com comunhão
Certos compromissos = cilada
Cuidado com chinoca casada
Caso contraia cambichos
Cuidado com contaminação
Compre camisinha com caprichos
Conquiste com conscientização

Considere certos conselhos
Cuide-se com capricho, com coração
Cancele carne-de-coelho
Coitadinho, coma coentro com cação
Canela, cravo, couve, cominho
Cenoura com consistente coloração

Combata cancer
Com certo carinho
Cambiando caprichos
Com cálice-de-vinho


Decimar Biagini

sábado, 19 de março de 2011

ENTRE REZAS E RELATOS

Não é meu costume
Acostumar-me com a vida
Eu era um vagalume
Hoje sou luz expandida

Não me considero
Um ser antropocêntrico
De Deus eu espero
Um presente nada excêntrico

Se acaso ele achar muito
A mantença do amor pela Musa
Boa verve e muito assunto
Um vinhedo em Siracusa
Um a neve existencial de fundo
Acho que este poeta não abusa
Ao pedir tal poema fecundo

Queria agradecer evidentemente
Ao poder de divagar sem compromisso
Ao rimar com o que vem na mente
E pedir perdão por este agradável vício

O verão se foi ligeiramente
A lua se aproximou da terra
E lá fora ela está tão atraente
Na Líbia se fala em guerra
No Japão sofre tanta gente

E assim o poema se encerra
Esperando a folha de um outono
Talvez o leitor, um dia queira
Dar a este poema, um novo dono

Decimar Biagini

AS PALAVRAS E AS RIMAS POBRES

Estranho o trabalho todo
Que um poeta se dá
Antanho era atalho ao lodo
Esta meta de rimar

A rima com à e ar
É como ouvir um jornalista
Tentando improvisar
Com um teleprompter fora da vista

Desculpas não colocam
Um sorriso no rosto
Palavras não provocam
Sozinhas um desgosto

Mas o que um poeta
Pode fazer com um leitor
É uma magia completa
Exceto a rima com dor

Decimar Biagini

quinta-feira, 17 de março de 2011

A TAL DA LEITURA CRÍTICA

Um profissional se ofereceu
A prestar leitura crítica
Não sei o que me deu
Paguei e dele fui vítima

Tão logo pedi o resultado
Ele falou: missão cumprida
Perguntei-lhe: “tem anotado?”
Ele disse em ironia desmedida:

“Você sabe para que fui pago?”
Logo percebi o estelionato
No telefone eu parecia gago
Ele me chamava de poeta ingrato

Falou: “Fui pago para uma leitura
O comentário é mais cem prata”
E naquela atual e triste conjuntura
Mandei o malandro plantar batata!

Decimar Biagini

terça-feira, 15 de março de 2011

CARTA AO POETA ANDRÉ FERNANDES

Ao amigo de algum lugar da Amazônia.

Acuso o recebimento da tua entusiasmante carta. Ler-te em tamanha graça regionalista é como tocar um semanário Kosmos de 1904, ou um Cordel de João Martins de Atayde sobre o cangaço, em meados de 1929, ou páginas de projetos legislativos de emancipação do Marechal Rondon.
Tu poeta, que participa hoje de uma Nova Ordem abolicionista da poesia imediata, lançada a qualquer sorte em interpretações massivas de uma rede social, fez fortuna poética no dizer dos melhores Filhos de um poema de Ferreira Gullar (2004). Num romantismo bairrista digno de Adélia Prado quando escrevia o memorável "Viés", ao se lançar como preposta de Deus na diáspora desejável e deserta de um envelhecimento direto e sincero.
Hoje não vou falar da minha terra querido Excelso Poeta Regionalista, e mão exímia de Sonetista.
Por vezes navegando em àguas amazônicas de tua vasta poesia, me vi perdido na infância que não tive, externada no teu olhar de "guri" atento, que mesmo largando as Minas Gerais descobriu o ouro em outro lugar, um ouro verde, cujo coração da selva pulsa com veias tão grossas que nem mesmo o mais insolente surfista destemeria um tombo em uma Pororoca.
Dentre sonhos e visões, surgiu na conjuntura de uma virtualidade, uma amizade encantada com realidades cativantes, como a tua, nessa nova arte de explicar os sonhos e visões em linhas bilaterais do orkut, e nela tenho o prazer de dizer-te que me orgulho antes de ver-te te tornar um respeitável poeta, um fiel e escudeiro amigo. Sem tua participação, em contrapartida, minha trajetória poética seria como uma Litogravura colorida de um autor desconhecido.
Durma bem, leal amigo das letras.

Decimar Biagini
Cruz Alta-RS, 16 de março de 2011, 00h35min.

sábado, 12 de março de 2011

O RETORNO DO CARNAVAL

Fiquei dez dias tentando fugir
Larguei tudo rumo ao Carnaval
Antes nem pensava em sair
Mas viagem para o RJ é o canal

Na volta peguei o jornal
Soube do terremoto bagual
Vi desgraça de Tsunami
Lá na terra do origami

Pensei em mudar de assunto
Daí vi que o grêmio havia perdido
Para um time que o inter tinha conhecido
Tanta desgraça junta nesse mundo

Então resolvi dormir, fazer um poema
Não necessariamente nessa mesma ordem
E para não confundir, com tanto tema
Fui cautelosamente pegar... Macacos me mordem
Não é que esqueci o carregador no avião!
Puta que pariu! É muita desgraça para um dia de cão

Decimar Biagini

sexta-feira, 11 de março de 2011

CONSELHOS DE UM POETA

Cuidado com o chão escorregadio
Deixe que o vento sopre bem forte
Se agasalhe bem para sair no frio
Busque alguém que seja seu norte
Fique lá dentro quando ficar sombrio
Deixe que o tempo lhe traga sorte

Talvez logo você se sinta melhor
Eu sei que tentar se divertir não ajuda
Nessas horas sorrir é até pior
Talvez eu esteja falando coisa absurda
É que essa trilha só você sabe de cor
A vida é isso mesmo, mas logo você muda

Talvez eu tenha sido o idiota maior
E um pouco egoísta, mas vê se me escuta
Agora estou aqui, seja o que for
Esperando você sair dessa temporária gruta
E aí curtiremos a vitória com louvor

Sempre vou fazer você se mover
Não se trata do que está do outro lado
É por você que eu quero morrer
É por você que eu ainda acredito

Não se trata do que querermos encontrar
Mas estarmos juntos nessa procura
Posso sentir que você comigo lá vai estar
Pode até parecer grande loucura
Dê-me sua mão, ainda podemos nos salvar
O amor será a nossa única cura

Não escute as outras vozes
São babilônia em nosso paraíso
Nossos corações são tão velozes
E escutá-los é só o que será preciso

Decimar Biagini

quinta-feira, 10 de março de 2011

FRUTO PROIBIDO DE CARNAVAL

Sim, a festa pagã
Exauriu-se como o objeto de um vicio
A mente agora sã
Já não poderá utilizar tal artifício

Tudo retomara seu curso
Aqui em Pasargada não suspenderam os trabalhos
A dialética seguia como discurso
Foi dada a largada pelos que se renderam aos atalhos
E perderam-se no transcurso
Da busca do fruto proibido do carne vale
Vale quem estava no camarote do Rei
O resto nada vale!
O beija-flor beijou a verde-rosa
Com o aval da Globo e sua fantasia falaciosa

Decimar Biagini

sábado, 5 de março de 2011

O BLOCO DO BOLA PRETA

Nem bem cheguei no Rio de Janeiro
Peguei a Musa, a prima e seu papagaio
Na barca entrei e fui ao entrevero
Gente confusa, que se aproxima em desmaio

Bebe, dança, pula, grita, bebe, cansa, adula e agita
Nesse meio tempo, haja banheiro químico
Resolvi procurar um e segui uma longa fila
Se bem lembro, um mal cheiro em ritmo
Então chego ao final, e descubro um erro lídimo

Era fila para o metro, desisti da empreitada
Retornei no caminho inverso
Tomei pisada, e cobri gente de cotovelada
O carnaval é mesmo perverso

Decimar Biagini

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