DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

Entre em contato com o advogado Decimar Biagini

Nome

E-mail *

Mensagem *

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

LUZ PRÓPRIA

LUZ PRÓPRIA


Todo pai
Vive uma tensão
Logo cai
A angústia do coração

Nem todo pai
Ama sua criação
E assim se vai
A grande contradição

Entre rimas de ai
Entre rimas de ão
O verso então sai
Sem deixar nenhuma lição

Cada filho traz consigo
Uma luz própria cintilante
Um anjo da guarda amigo
E Deus, as vezes distante
Mantém o filho esquecido
Como um enterrado diamante

Até que um belo dia
O mineiro amor, num instante
O ensina a brilhar com alegria
Eis a graça, o mistério triunfante!

Decimar Biagini

sábado, 26 de novembro de 2011

NUMA PRAÇA

Numa praça

Por longos anos deixei de visitar aquele ambiente lúdico
Muitos enganos vivenciei ao me afastar, indiferente e pudico
Sim, eu tinha vergonha, de ir lá sem motivo algum
DE não ter sequer uma semente para colocar no escorregador
Daí, veio a cegonha, e uma paternidade instintiva me trouxe um:
Filho, que inspira cuidado frequente, e exige brincadeira com amor.
Não vejo a hora de embalar os sonhos de Arthur num balanço
E percebo que agora, ao poetar ao lado desse abajur, não me canso:
De esperar que lá fora, possa caminhar com muita luz, em descanso,
numa praça.

Decimar Biagini

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

SINAIS E MISTÉRIOS NA PATERNIDADE

Primeiramente, os sentidos ficam aguçados, é possível perceber crianças chorando a quadras de distâncias, em meio a uma multidão de consumidores falantes, na rua mais movimentada de sua cidade.
Em segundo, você observa que quando o pequeno está com fome, seu coração fica eivado de palpitação e ansiedade, em contrapartida, sua mulher tece vermelhidão e o leite começa a escorrer pelos inchados bicos de seus sagrados seios.
Em terceiro, baba-se muito, dorme-se pouco, mas depois seu despertar acostuma, é possível trocar as fraldas de um bebê sem acordar, você percebe isso quando abre a gaveta na manhã seguinte e descobre que é hora de comprar mais fraldas RN (recém nascido), com o tempo, lendo estórias infantis, você atribui o sumiço daquelas fraldas ao saci pererê, ao negrinho do pastoreio ou ao bicho papão, mas o mito cai antes disso se for você o responsável pelo recolhimento do material na lixeirinha lotada.

Decimar Biagini, 16 dias de vida pós-uterina do Rei Arthur.



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

COTIDIANO DE PAI POETA


COTIDIANO DE PAI POETA

Abri a janela da sala e deixei a brisa consagrar o ambiente com o frescor de uma sexta-feira esperada. Ouvi o chiar da chaleira e corri com Arthur no colo entregando no meio do caminho ao aconchego do carrinho vermelho Ferrari. Nisso, toca a campainha, uma amiga da Musa veio trazer um regalo ao recém nascido, tratava-se de um macacãozinho de verão azul e laranja que me remeteu aos idos píncaros da glória infantil. Abri a internet e li um grande conselho em forma de chasque (estrutura de poesia versejada eivada de regionalismo), do meu irmão das letras, Wasil Sacharuk, correu então o sal dos olhos e mostrei para a Musa. Então interrompi o início dessa crônica, com o choro do King Arthur esbanjando capacidade pulmonar e exigindo de seus vassalos o leite sagrado. Entreguei o esperto Monarca a sua Mãe e nisso piso em cima das lembrancinhas de visitas do dito cujo, o olhar da Musa foi suficiente para que eu encerra-se esta atividade lúdica e desse mais atenção à família, o retorno ao mundo virtual será quando da postagem desse registro descompromissado de pai de primeira viagem.

Decimar Biagini





Chasque Conselheiro



Índio véio,

te vi no retrato

segurando o piazito

já veio arrinconado

do pampa não é agregado

tem graça de predestinado

igual ao mito



Leia muita história

e refresque a memória

com uns aguachos de vinho

e compra lá do vizinho

umas botejas de mel

lá de perto do espinilho

com doçura de céu

e perfume de filho



E ainda, amigo gaúcho

conserva quente o apojo

e não te tapa de nojo

de ficar borrado nas fraldas

e durante a troca

escape do esguicho

saia da mira da piroca



Será o mais lindo cambicho

guri tapado de balda

e vai ensaiando uma charla

para não criar caborteiro

e aceite meu velho conselho:

não aperte demais o arreio



Se escutas um ronco de gaita

tocando desgovernada

não deixa para depois

aprende logo com a prenda

a servir logo a merenda



E lhe mostre a poesia

para que seja letrado

e viva com mais alegria

mas não fique abichornado

quando chegar o dia

do indiozito partir a la cria

para conhecer outros lados



Nosso Rio Grande se eleva

com fruto nascido do amor

é quando o grito da terra

ganha mais timbre e mais cor.



Wasil Sacharuk







CHASQUE AGRADECIDO

Querido amigo

Andei distraído

Me deparo contigo

Postando este lindo

Chasque aqui lido



O quera dá orgulho

Enche os olhos do babão

E não há pecúlio

Que pague tua atenção



Obrigado pelos versos

Acolho os conselhos

Umedecidos são os lenços

Quando enxugam espelhos

Na poética licença



Irmão das letras

Que magnífica amizade

Enquanto observava tetas

Cheio de baba e vaidade

Encontrei aqui tuas escritas

A encher de luz minha paternidade



Decimar Biagini

domingo, 6 de novembro de 2011

PERCEPÇÕES

PERCEPÇÕES


O carpete está sujo
O carpete estava sujo
Os pés estavam limpos
Mas os tênis tinham vincos

A lareira está suja
A lareira estava suja
Os deuses do Olimpo
Mantinham templos limpos

Decimar Biagini

PAIXÕES ADORMECIDAS


Observo atentamente
Deus confirmando sua presença
Naquela energia latente
Ungida sobre a Musa e a criança

Sonho a cada dia
Com os olhos bem abertos
Eivado de alegria
Sem escolhos e dias incertos

A vida nos aproxima
Para entender a existência
E nada ela nos ensina
Se não buscarmos sua essência

Arthur está dormindo
A Musa esbanja excelência
Esse babão vai sorrindo
Com verso, rima e cadência

Decimar Biagini

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O NASCIMENTO DO REI ARTHUR

Queridos amigos, poetas e leitores.


Andei afastado, de licença paternidade.

Meus poemas, são caretas, arrotos e dores.

Quando animado, uso lenço umedecido.

Meus lemas, são fraldas, banhos e odores.

Ainda hospitalizado, e mal dormido.

A Musa recupera-se dos pontos de roxas cores.

Muito tenho babado, ao lado do recém-nascido.


Arthur nasceu prematuro, a rimar com hispânico Arturo.

Veio ao mundo num dia de finados, em cesárea de apuros.

Os pais estão bem cansados, dando colo e mimo no escuro.


Entre uma mamada e outra, fina prata, sentimos a força do pulmão.

Ele decididamente não gosta da turma do Jaleco.

Não é que já saiu mijando no pediatra quando veio a este mundão.

Agora, é frequente, dorme no peito e o faz de bico.

Exige que seja balançado, não tem jeito, dominado eu fico.

Vida de pai é um mistério, sou súdito sem direito, o Rei Arthur que é o rico.


Decimar Biagini

Qual tema nos poemas mais te atrai?