DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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domingo, 13 de fevereiro de 2011

BAILANDO SOBRE AS PEDRAS

Ritual que faz parte
da lida de poesia
O mate é estandarte
já no clarear do dia

Entre um ronco
Ouço galpão crioulo
Em contraponto
Ateio lenha no fogo

Enquanto ao redor das casas
Cantam inocentes passarinhos
Bailando sobre as pedras

Assim amanhece um gaúcho
Acordando num domingo
Ritual que o ajuda no repuxo
Enquanto música vai ouvindo


Decimar Biagini

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O QUE ESCREVO

Se hoje sou poeta
Amanhã já se findou
O poema em obra aberta
Registrará o que sou

Se escrevo com ânimo
É devido a inspiração
Do poeta magnânimo
E sua humilde retidão

André é professor
Humildade sábia
Caráter, lisura e amor
E uma boa lábia

Gosto de estar aqui
Não tenho trono
Mas sou combativo
Aprendo com Juleni
Com Dhenova sou emotivo
Wasil é irmão das letras
André meu grande incentivo

Decimar Biagini

ERGAMOS AS VOZES

Nestes versos exulto
rememórias por certo
num sonho insepulto
de tê-la aqui perto

a amizade em culto
em poema nobre e franco
em pensamento oculto
para enxugar o pranto


depois se fará silêncio
em rimas de antigo canto
e que se acenda o incenso
com a fumaça distante
pelo carinho imenso
à poetisa altisonante


E que ergam as vozes
Com matizes vibrantes
abraçando a amizade
que se faz pura nesse instante

Ó tempo, descansai meus sonhos
pois outros mares tento navegar
Ó vento, traga de volta os sonhos
Para que mesmo distante a poesia possa brotar

E enfim novamente o silêncio se fará
Nas longas tardes a procura de borboletas
Nas flautas de doces cantigas de um descanso
Onde os versos brotarão em cascatas
Aliviando as dores no aconchego de um remanso

Decimar Biagini e Larissa Fadel

IMPROVISOS SABATINOS

Sufoco


O ingresso de um poeta
No desafio da roda de improviso
Tornou difícil a meta
De fazer rápido poema liso

Me perco lendo seu talento
Posto colagens e considerações
E ele rápido como o vento
Torna a fazer outras improvisações

Perco o sono, dedico rimas
Perdendo o trono, em duras esgrimas


Decimar Biagini

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

MERA SEMELHANÇA

Aí peixe, estou com pobrema com pensão
Não esquenta com o desfecho, há solução

Você tem sofrido com execuções de alimentos
E por vezes precisou ser preso para pagar
O futebol é feito mesmo de momentos
Na atual conjectura, não dá para se aposentar

Eu te aconselho procurar novos ventos
Que tal em algum partido pífio te candidatar(es)

Pois é peixe, qualquer coisa para não "puxar"*
Vamos nessa, onde eu preciso assinar?

Cara, a grande nação, com certeza vai te eleger
Vai lembrar da Seleção, do Tetra e do Mengão
Vai lembrar mais do Barcelona, do que os filhos a fazer
Talvez o PSV e alguma frase de forte impactação

Bingo peixe, já é, me elegi deputado federal
Porra, agora tenho imunidade parlamentar
Nunca mais serei preso por pensão não pagar
Mas sabe que o foda, é que meu discurso é sem sal

Agora aqui no plenário, tremi, passei mal
Na boa peixe, me leva para o hospital
Sem problema, aqui está teu atestado
Ganharás licença para o próximo Carnaval


Decimar Biagini


__________________________________
* termo utilizado aos que cumprem pena.

EMPRÉSTIMOS DA POESIA

Entre risos e lágrimas
O Poeta e seu leitor
Viram suas páginas
Em semântico amor

Hoje, quando a história
renega sua imensa alma
Em cotidiano sem glória
Essa libertação o acalma

Luta heróica do verso
Que só para sim encampa
No virtual universo
Ele majora sua estampa

Semeando figuração astral
No vasto estrelato excelso
Lendário então se acampa
Saindo do anonimato perverso

Esse vazio na alma é preenchido
Na estensão do versar em verve
Ao poder considerar-se lido
Do ego nada tira, mas lhe serve

Decimar Biagini

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SONETO LIVRE AO POETA PRISIONEIRO

Flutua por fendas do abismo poético
Amante das alturas intangíveis
Provocando as solturas em declives
Com asa delta de rimas e lirismo dialético


Verso que brilha traçando no céu
O caminho mais belo, coberto de flores
Expresso, ele fala dos tantos amores
Preso, é sentido na boca o gosto de fel


Ao passo que a liberdade se distancia
O poema aquece o frio da sua existência
No vazio da realidade e saudade da infância


Quando liberto, na embarcação do destino
Pousa na folha de papel de alguém perdido
Deixa esvaziado o poeta, diverte o menino...


Decimar Biagini e Dhênova

domingo, 6 de fevereiro de 2011

IMPROVISOS NO DESAFIO DA NOP

SOCIEDADE PODRE
A vida e a natureza
Na tristeza do artificial
Foi-se a rara beleza
De um verde natural

Os coqueiros são de plástico
Os sonhos são comprados
O dinheiro é elástico
Para os menos abastados

Ouço conversas nas ruas
De gente humilde e entristecida
Nas esquinas mulheres nuas
Deixando suas famílias esquecidas

Que sina será a sua?
Nessa sociedade falida
A poesia ficara muda
E a canção não será ouvida

Decimar Biagini

A RECÍPROCA


Poetisa de mil encantos
recamada de luares
bordoneada de cantares
de poemas tão santos

entre distância cativa
arrinconada entre eles
horizonte de aquarelas
entre sonidos de ventos
retratas o encantamento
do céu bordado de estrelas

na quietude das águas
enquanto escuto a chuva
o urutau chora mágoas
em soluços de ansiedade
lagoa que imensidade
perdida na nossa verdade
toda de azul se reveste
na longitude virtual silvestre

Poeta de ímpar grandeza
Recheado de raiz
Deixa-me feliz
com rimas de tal beleza

mesmo à distância tamanha
cativa admiração imensa
escreve bem sobre tudo
eu leio sonhando confrontos
entre cantos de pássaros
e colho mais uma amizade

com o barulho do vento
que bate na goiabeira
ouço versos aqui dentro
preciso de escoadouro
navego até seus poemas
que valem mais do que ouro
diante do seu grande tesouro
de verve que é um estouro


Decimar Biagini & Juleni Andrade

PARCERIAS POÉTICAS
Depois de certas poesias
Os poetas então costumam
Relembrar suas parcerias
Em leituras que se aprumam

São as letras que carregam
Uma certa dose de alquimia,
Uma certa dose de teimosia,
Coletâneas que aliciam

Na junção de fatos da vida
Ungidos pela virtual amizade
Onde o soneto lhes dá guarida

Marcas da linguagem desmedida
Entre tantas afinidades
com carinho no verso em despedida.

Decimar e Nancy

O MENDIGO TROVADOR
Um jornalista
Doido por uma matéria
Resolveu explorar a miséria
De um mendigo em uma entrevista

Bom dia transeunte
Poderia dizer o que faz aqui?
E o homem num segundo
Passou então a proferir:

Eu vivo no mundo
andando sozinho
taxado de vagabundo
distanciado do ninho

minha amargura
é tropeada sem rumo
não tenho estrutura
sem ascender um fumo

Se hoje tomo uma pura
já tive esplendor e religião
Se hoje a canção não é cura
Já tive paz no coração

Eu queria uma família
Para churrasquear no domingo
Não ser pingo sem tropilha
Não ser chamado de mendigo

Agora dá licença moço da entrevista
Que o trovador precisa sobreviver
Vou ali na saída daquela missa
Pedir um trocado para comer

Decimar Biagini


OBSERVANDO A SOLIDÃO

O tosco e velho casebre abandonado
Que fez do amor uma antiga legenda
nos teus vincos, um sol ensanguentado
traz rodeios de luz em cada fenda

Já foste outrora, mística vivenda,
O único abrigo, do poeta denodado
seguro ninho de amor duma só prenda
que ali, encontrou seu bem amado

Nas horas mortas, o vento em serenata
lhe vem saudar em lúgubre sonata
num atropelo de gritos na amplidão

O tosco e velho casebre abandonado
nos teus vincos, um sol ensanguentado
tinge de rubro as tardes de solidão



Decimar Biagini

ANIVERSÁRIO DA LARISSA FADEL

Ouve-se ao longe o repicar dos sinos
Da velha amizade sem dono
ontem ainda a apontar destinos
postava na jardineira sem trono

Eram noites tenues e claras
Cantava salmos ao som de violinos
sobre altares de mármore e carraras
postava poemas peregrinos

Tal foi o esplendor daquelas eras
que hoje ainda, nas lúgubres taperas
restam minhas homenagens em toda parte

as glórias de Larissa e suas quimeras
formoso santuário d'onde se irmanaram
restos de poesias para enfeitar minha arte

E hoje, tropeando sem rumo, observo seu aniversário
No tópico da NOP, comuna à qual convidei tal poetisa
Então vou buscando, o sumo, e preservo o amor imaginário
De um amigo de violas dolentes na passagem que se avisa:

Feliz Aniversário

Decimar Biagini

O concurso de improviso rola aqui:

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=83467701&tid=5568438036223073383

PESCARIA NO PAMPA GAÚCHO E PAMPA DE TERRA E AREIA

Pirilambos por entre as macégas
São vistos em intervalado lustre
Sua luz não queima mão nem rosto
Tal como não envenenam as cobras-cegas

Ouço o relincho das ruanas éguas
E o coachar na lagoa vem de léguas
Ainda, o cochicho das tias velhas
Em fofocas de cobras criadas

As três marias brincam de carreira
Em cancha reta, na noite de lua cheia
Os boitatás rondam canhadas
Enquanto espigas de milho são roubadas

O grito mau do urutau matreiro
Me lembra de buscar a linha de fundo
Enquanto degusto uma faisqueira
E deixo o peixe fisgar, por mais um segundo

Essas coisas que acontecem na pescaria
Somente se escuta com eucaliptos em volta
A voz do açude quando some a luz do dia
É um murmurio eterno com rã na escolta

Decimar Biagini

Pampa de Terra e Areia

Noite de lua velhaca
trapaça de doce afago
abraço envolvente no dia
espalhado pela cercania

Hermanos em outro trago
costela na ponta da faca
piquete, bambu e estaca
laguna, arroio ou lago

Pretexto da pescaria
para acolherar poesia
um verso por um pescado
um mote pela ressaca

Fogueira em frente a barraca
silêncio que reina no pago
chaleira eterna que chia
enlaçada com a ventania

Parceria de mate amargo
rebrilha essa vida opaca
faz da tristeza mais fraca
em prosa de índio vago.

Wasil Sacharuk

TRAÇOS ÍNDIGOS

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"Por que" o poeta?

Porque diz palavras inimagináveis, que estão acima dos liames da relevância ambicionada pelo homem.
Porque tem raciocínio coerente quando quer e enlouquecido quando não quer, organiza ideias com consciência crítica, mas sequer sabe percorrer o caminho inverso daquilo que disse, daí o leitor para completar esta criatura transcendente.
Porque o mais perturbador é que a personalidade do poeta se equilibra entre os extremos. Como pode alguém fazer poesia sobre a eternidade e ao mesmo tempo não procurar qualquer ato para tornar-se imortal que não a própria escrita?
Porque o poema dele ultrapassa os indexadores da física, portanto não poderia ser explicitado nem mesmo pela inteligente teoria da relatividade.
Diante disso, é fácil concluir que seu comportamento estilhaça os paradigmas e foge das avenidas por onde transita a humanidade, pois ele caminha por linhas bilaterais em interpretações matriciais, preto no branco jamais será dessa forma enquanto houver um poeta e um leitor.

Senão vejamos, o que lhe suscito:

É difícil dar nome ao projeto do poeta
Alguns podem nomeá-lo de propósito
Mas lá estaria a ironia de sua falta de meta
Pois audacioso e multifocal é o poema ilógico

O leitor, ao investigá-lo, não muda sua natureza
Agrega valores de uma intertextualidade
E se perde ao procurá-lo, em absurda virada de mesa
O poeta carrega mais cores que a realidade

Ele pode insinuar que o pote não estaria no final do arco íris
Inclusive convencer que o mesmo é preto e branco
Apenas pelo prazer de transformar o homem em versos livres
E expandir nesse crescer a esmo o ledo engano

Certamente, em alguma oportunidade
O poeta poderá fazer o exegeta bradar a voz
Para entender a sua mais pura verdade
De outra baila, fará o mesmo perder-se a sós
Emudecendo na existência, perdendo a vaidade

Decimar Biagini

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SONETO NÁUFRAGO

No mar azul a ilusão fez-se em pedaços
Jogados na rebentação de correntezas
Pedaços de ilusão dispersos nas profundezas
Em que as algas mantiveram os poemas escassos

Pelo sangue derramado, fez-se o mar vermelho
E da morbidez do enfarado poeta o mar morto
Do poema declamado, a ilusão de um espelho
E dos pedaços dilacerados, a desconstrução do gosto

Perdeu-se então o encanto pelo mar
E pela inquietude larga que se fizera a poesia
O poema ali não quis mais velejar

Quiçá nas profundezas ressurja a alegria
De quem um dia teve paixão pelo versar
Enquanto isso, só a maresia, e o imenso pesar

Decimar Biagini

DE CRUZ ALTA PARA O MUNDO

Tracei em versos baguais
as esteiras do sentimento
o ardor deste momento
sobre o chão da querência
que reside na minha eloquência
pela gaúcha existência

levo na alma os sinais
de conquista primitiva
o cheiro da terra nativa
de farrapos ancestrais
da ferrea luta outrora
do Jesuíta ao Sepé
na essência do que é
o nativista da viola
da gaita e da trova

em chumaços de idealismo
na formação gauchesca
mateando à sombra fresca
do cinamomo antepassado
na improvisação gigantesca
de um poeta entusiasmado
pelo telurismo declamado
na evocação do passado

A supremacia de Castella
unida ao sangue de Portugal
Olhada hoje pela janela
Na contemplação virtual

Decimar Biagini

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

D a virtualidade
O perada por
I gnotas verdades
S alpicada

P or fakes e vaidades
E nsinamentos
S urgem
O fertando a alguns
S ujeitos

E fêmera fama

D escuidados com seu
U mbigo virtual
A ssumem uma
S uper literalidade

M agoando
E steriótipos
D ignos
I nvadindo
D iálogos amigos
A ssim são
S umariamente deletados


Decimar Biagini

BEIJO NA BOCA

Ela trazia em sua boca, a fina linhagem
e tais linhas rosas encantavam o rosto
E numa paixão louca, instinto selvagem
eram minhas as formosas sucções com gosto

Há cheiro de mulher, crisol nativo
Que a fez Musa na reflexão de sua imagem
Há, venha o que vier, é instintivo
O verso abusa na explosão de sua mensagem

Ah, aqueles murmúrios loucos
Fertilizando a eternidade sem roupa
Ah, aqueles murmúrios roucos
Que começaram no beijo em sua boca

Decimar Biagini

Qual tema nos poemas mais te atrai?