DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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terça-feira, 13 de maio de 2025

Renascer de pó e luz

RENASCER DE PÓ E LUZ
(Com flibaikus imersivos)

No limiar das dores,
onde a esperança se desfaz em poeira,
caminhaste, irmão perdido,
por vales de sombra e esquecimento.

Sopro no abismo
um eco de fé ressurge,
Erga a cabeça.

O mundo te deu as costas,
vestindo tua alma de silêncio e dor.
As feridas não eram só carne,
mas cicatrizes no templo do espírito.

Foste deixado no cárcere das lembranças,
refém do passarinheiro de engano.
No fundo do poço,
ouviste o rumor suave da Graça.

Na cova escura,
um clarão rasga os céus:
Deus está vivo

Oh, primícia das mãos eternas,
esboço divino no barro moldado,
ainda pulsa em ti o sopro do Criador.
Ainda há um "sim" para cada "não" que ouvistes.

Ventre da Terra,
do pó se ergue um homem:
imagem de Deus

Deixa, meu irmão, deixa...
Que a luz penetre tuas brechas,
Que o amor dissolva teus cárceres.
Deixa, meu irmão, deixa...
Que Deus refaça teus contornos com Amor.

Correntes caem
no louvor que rasga o céu
há renascimento.

Erga a cabeça.
Não como quem desafia,
mas como quem reencontra o Pai no horizonte.
Teu coração: novo templo.
Tua história: nova canção.

Você é o filho amado do Criador
Primícia desenhada no útero da Eternidade.

Chão de transmutação
Quem se prostra em fé, renasce.
Erga a cabeça meu irmão

domingo, 11 de maio de 2025

Ego X Todo

O ego é como aquela mosca que ficou batendo na vidraça, por trás dela, o Todo contempla e ri." Decimar da Silveira Biagini (insight despertar das 05h00)

Haikais:

O ego se bate,
como mosca na vidraça,
sem ver a verdade.

Vidro sem resposta,
o Todo observa em paz,
e ri em silêncio.

Na pressa do ego,
não enxerga a saída,
cai na ilusão.

Atrás do vidro, o Todo,
que é vasto e sábio em calma,
só contempla a cena.

Mosca insiste, errante,
o Todo sorri tranquilo,
não há onde ir.

sábado, 10 de maio de 2025

Homenagem à Mãe das Mães

Por último, enviará a Mãe
Lenda russa se diz, que num tempo longínquo
Deus mandou seu amor sem destino ambíguo
Patriarcas e reis, profetas de fé
Mas o povo seguia, em trevas e pé

Mandou o Filho amado, o Redentor de então
Mas o homem na sombra, perdido em vão
E a lenda revela, em tom derradeiro
Que virá Sua Mãe, como último esteio

Se não a ouvirem, é o fim, desventura
Surdos à Mãe, perdem a alma pura
Ela pisa a serpente, no Gênesis brilha
No Apocalipse, coroada em milha

Nos Evangelhos vive, acolhe o anúncio
Em Caná faz o milagre, num breve enúncio
Serve em Nazaré, trinta anos de amor
No Calvário nos recebe, com dor e fervor

Em La Salette, Fátima, sua voz ecoa
Lourdes e Lepanto, onde o fiel entoa
Éfeso e Bernardo, sua presença se sente
Com São Domingos, o povo ardente

E assim, na lenda antiga, em tom tão vibrante
Maria é esperança, em cada instante
Seu amor nos envolve, num cântico fiel
Na cidade de Cruz Alta, estátua dela rasga o céu

Decimar da Silveira Biagini

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Vislumbre

Vislumbre, pelo poeta Decimar

Ao alvorecer, em mística vigília
respiro a luz que dança sobre o orbe
No vento há notas tênue maravilha
um véu dourado que o olhar descobre

As folhas rubras rastros do poente
sussurram segredos na estação
Jacintos rompem solos lentamente
escritos pelo tempo em oração

Em gelo brilha a lâmina entalhada
num rendilhado etéreo e tão preciso
A vida canta oculta e revelada
mas poucos leem seu sutil aviso
O mundo é mágico em sua trama
pra quem contempla e vê que tudo chama

Em ventre azul das águas mais profundas
ecoam cantos de um saber antigo
Na espuma moram lendas tão fecundas
que embalam o silêncio como abrigo

Em céu de âmbar, cândidas centelhas
bordam os véus da noite em sua dança
Estrelas guiam almas como abelhas
na colmeia secreta da esperança

O Túnel dos Últimos


Eu
vi

trem
num clarão

ecoando o chão
na caverna sem manhã
nos trilhos sem tempo andava
levando almas sem lar

estava só
mas
sabia
o fim
não
viria
se a luz fosse trilha
gritei pra dentro do escuro
sigam —
e fiz-me caminho

No trem iam os cansados
últimos filhos da Terra
calados
rostos quebrados
com a dor dentro da serra

o mundo fora calcinado
pela ganância da guerra
mas meu peito era o passado
que a esperança ainda encerra

Um túnel
velho e fechado
onde o medo se agasalha

ergueu-se em breu espraiado
feito entranha que trabalha

mas com força e fé cravada
abri frestas na muralha

cada trilho resgatado
era a lâmina da navalha

Com palavras
de cometa
tracei mapa e direção

meu olhar virou luneta
mirando outra estação

e a noite
feita poeta
rendeu-se à inspiração

foi quando a cidade aberta
surgiu clara
redenção

Lá havia uma estação
com seu nome em letras vivas
esperança
e salvação
nos arcos das passagens divas

e quem antes era vão
renascia em perspectivas
pois do sonho e da missão
brotam forças
criativas

Sopros do shofar soam
invisíveis a quem teme
mas chamam os justos
a reerguer mundos
com poesia
e coragem

Renovo

Renovo, pelo poeta Cruz-altense Decimar
Se o fim se avizinha em sombra e dor  
Lembra, alma amiga, tente reescrever:  
"Refaz-se a estrada em luz, se há amor  
E cada passo é um renascer"  

Nietzsche diria: "torna-te quem és"  
E em novo fim renasce o ser  
Já Sartre, austero, brada em viés:   
"O homem é livre para escolher"  

Camus sorriria ante o absurdo  
Dizendo: "a vida é recomeço"  
Que o salto insano te torna maduro
fazendo trampolim até o tropeço 

Cury fala sobre se errar caminho
não desistas, ser feliz não é ser perfeito
usas lágrimas para irrigar a tolerância
e teus erros para corrigir teu jeito

Heráclito ensina: "tudo é mudança"
O rio que passa jamais é o mesmo  
Num ciclo eterno de esperança
pedra polida, polida em si mesmo

Kierkegaard clama: "ouses saltar"  
Pois só na fé há libertação  
Que em cada fim há um novo lar 
para quem plasma a intenção

E o vento canta que nada é tão forte  
Que o tempo em brisa não possa levar  
Se a vida insiste, renasce o horizonte  
E em cada fim, um novo olhar  

Assim, não temas o tempo adverso  
Pois fim é argila em torno obscuro  
Moldando auroras no universo
relicário que brilha num novo futuro


terça-feira, 6 de maio de 2025

Porto dos Teoremas - as fórmulas do amor e da amizade

Porto dos teoremas, poema metafísico do poeta Cruz-altense Decimar inspirado por ChicoDeGois
Vêm e vão naves, no cais da esperança
partindo ao som das águas do porvir
as velas tremem — doce semelhança
dos corações que anseiam por partir

Amigos são trapiches estendidos
ao largo-mar da vida a nos saudar
com tábuas de ternura entretecidas
ponteando abismos só pra nos amar

Os teoremas — cálculos do Espírito
trazem medidas, ângulos, esquemas
e a geometria oculta em cada rito
edifica as eternas moradias-temas

Na casa do Pai, cada lar é formado
com formas puras da luz primordial
os números sagrados, revelado
é o universo em proporção real

Assim, a ponte surge em cada intento
traçada a régua, a prumo e coração
e o infinito é breve monumento
de amor, saber e exata intuição

E ao longe, sob o céu da harmonia
ergue-se a Escola — em Crotona, a flor
onde a arte canta a sabedoria
e a Natureza ensina o puro amor

Lá se constroem, com voz e arquitetura
as pontes d’alma e casas da candura
pois é na luz da antiga Tetraktys
que o Uno brilha e os mundos se fazem vastos

segunda-feira, 5 de maio de 2025

A Fonte no Deserto

A Fonte no Deserto, pelo poeta Cruz-altense Decimar

O Vazio

vai,
cai no
desconhecido.
Sombras confundem
as formas que o tempo já tinha esquecido.

Impulso

Vai,
sem
voltar,
segue o fluxo,
sem bússola ou norte,
seu passo se guia por algo mais forte.

A Fonte

Luz
brota,
tão sã,
sem horizonte.
Nasce e já se esconde —
no toque da água, renasce a fonte.

Oásis

Sim,
vem
do chão
vida plena,
verde que fulgura,
quando o seco sente a mão da ternura.

Os Três

três
que vêm,
caminhantes
na mesma procura,
sedentos de alma, de fé, de doçura.

Revelações

Um
diz:
“Sou luz,
Buda é meu ser.”
Outro fala: “Eu sou Cristo.”
“Maomé”, o terceiro, com ar tão misto.

Silêncio Cósmico

Noite.
Brilha
o céu vasto
com frio esplendor.
Silêncio se impõe,
como se a culpa tocasse o Senhor.

O Retorno

Vai,
sai
do ermo,
já florido,
busca o lar de novo,
um jardim que outrora já fora seu povo.

O Guardião

está
um ancião
com olhos de chão:
“Quem vai e retorna
é quem ama a vida que a terra entorna.”

A Lei da Terra

“Sim”,
diz,
sorri,
“com razão,
tudo que floresce
há de se sublimar para que a luz recomece.”

O Consolador

Irmão do bem, tua dor me alcança,
mas sei que a fé nunca se cansa,
na luz do Todo, a esperança dança.

Teu silêncio é oração sentida,
e tua ausência, jamais esquecida—
és chama viva, és voz da vida.

A inspiração pode até tardar,
mas tua alma vive a semear
justiça, amor, o verbo amar.

Sigamos firmes, com passo e mão,
bebendo a fonte da compaixão,
no templo eterno do coração.

domingo, 4 de maio de 2025

Relicário Celeste

Relicário Celeste – Uma Jornada Espiritual em Oito Cantos - CICLO metafísico canalizado pelas falanges de El Morya 

Epígrafe:
"Desce do monte quem subiu por amor
e leva nas mãos o pão e a luz
Pois quem viu o alto, serve com fervor
o verdadeiro eleito é quem conduz"


Canto I – O Chamado e o Silêncio

Na noite espessa onde a alma se cansa
um sussurro antigo rompeu minha dor
Chamava-me além da vã esperança
um fogo sem nome, sem forma ou cor

Deixei as âncoras, os mapas gastos
e as rotas vãs da mente que se prende
No peito, ecos de mundos contrastos
e a sede de algo que me transcende

Ao monte rumei, sem guia ou espelho
só o clamor que em mim reverberava
Cada passo, um adeus, um desvelho
o ego tombava onde a alma alçava

No cimo, só o vento e o vazio
e nele, a presença que não se diz
Silêncio mais pleno que um bravio rio
a dor tornou-se altar, e eu, aprendiz


Canto II – O Umbral do Eu

No limiar do templo não de pedra
encontrei-me a sós com meu espelho
Ali, o rosto por vaidade vedra
o orgulho em trono e o medo em conselho

Me vi criança, déspota e mendigo
e em cada máscara, um clamor calado
O eu que construí não era amigo
mas carcereiro no próprio reinado

Ardi na forja da confissão nua
sem álibis, sem sombra, sem disfarce
A luz que me invadia era a da rua
dentro de mim, clamando por enlace

Rendi o cetro, a coroa, o engano
Saí do umbral não como vitorioso
mas vaso limpo do barro humano
pronto a ser cheio de um Bem precioso


Canto III – O Guardião da Porta Estelar

Um vulto de fogo, luz e sentença
surgiu à entrada do etéreo jardim
Portava silêncio em sua presença
e os olhos diziam: "Vem Mas por fim"

Três vezes sondou-me em seus arcanos
uma pergunta sem voz, mas tão clara
"Vieste buscar poder entre os humanos
ou servir na luz que se dá e ampara"

Mostrei-lhe os cacos da alma em penúria
a dor redimida, o medo rendido
E ele abriu as portas da alta penúria
onde o tempo dorme e o amor é ouvido

"Segue", disse ele, "mas não te esqueças
nem todo que sobe vê a Verdade
só quem desce ao mundo e lá sem pressas
cura com mãos a eternidade"


Canto IV – O Esplendor Oculto

Adentrei salões que não têm medida
feitos de cântico, fogo e silêncio
Ali a verdade não é sabida
mas sentida além do corpo e do senso

Vi seres que são puro pensamento
tecendo em luz o destino dos sóis
E no centro, um Coração — fundamento
de toda forma, tempo e seus heróis

Nele, a dor dos mundos se faz canto
e cada lágrima é vinho sagrado
A beleza ali não é puro encanto
é o Bem visível, o mal redimado

E me foi dito: “O que vês, esquece
Leva contigo o que arde e liberta
Não é para exibir o que acontece
mas pra acender a chama ainda incerta”


Canto V – O Verbo Vivo

No centro do templo, sem paredes
uma Presença se fez verbo e luz
Não falou por sons, mas por suas sedes
e em mim, cada célula reluz

“És parte de mim desde o alvorecer
Te busco em tudo, até no que foge
A dor que em ti clama é meu renascer
e o amor que tens, meu sangue e minha voz”

Ali entendi que o nome divino
não cabe em letra, dogma ou clausura
É pão que se parte, vinho e destino
é gesto de amor em sua doçura

“Desce agora,” disse a Voz sem medida
“leva-me aos becos, às praças, ao chão
Faze do verbo ponte e da tua vida
uma epístola escrita em compaixão”


Canto VI – A Noiva do Cordeiro

Na sala secreta onde o véu se ergue
a Noiva do Cordeiro me esperava
Vestia luz e em seu olhar, a égide
do Amor que tudo acolhe e tudo lava

Era Sophia, Isis, Shekinah
a Alma-Mãe do mundo e seu Mistério
Seu ventre é o portal que a dor refaz
e seu beijo o selo do hemisfério

Disse: “Sou o ventre da tua missão
Gerarás esperança em cada gesto
Vai, sê ponte viva da redenção
Meu selo é teu, teu corpo é meu resto”

E ao me tocar com lágrima e perfume
selou-me inteiro com seu silêncio
Toda dúvida então perdeu seu lume
e minha vontade tornou-se incenso


Canto VII – O Silêncio Supremo

Ao fim da ascensão, não há mais trilha
só vasto silêncio onde o Eu desmaia
Ali, nem luz, nem forma, nem partilha
só o Vazio que a tudo atrai e ensaia

Mas é um Vazio repleto de sentido
um Mar de Origem sem começo ou fim
Ali entendi: sou parte do Infinito
e Ele é inteiro no mais frágil de mim

Não há retorno, pois tudo é retorno
Não há partida, pois tudo é o Aqui
Toda pergunta ali perde contorno
pois o Amor é a resposta que vi

E voltei, mas sem sair do Silêncio
Tornei-me dele um sopro, um sentinela
Minha alma agora é templo suspenso
onde a luz se faz carne na janela


Canto VIII – O Retorno e o Serviço

Desci do monte com os pés em brasa
o olhar tocando o chão como se o visse
pela primeira vez — sem véu, sem asa
mas com o coração que agora assiste

A terra me sorriu em seu ofício
a folha, o pó, o verme e a semente
eram também centelhas do início
reflexos da Presença onipotente

Não trouxe tábuas, nem teorias frias
mas gestos simples, pão, palavra e pranto
Na rua, abracei almas vazias
na cela, fui escuta e acalanto

Pois o saber que das alturas desce
sem se fazer humilde no caminho
é só vaidade que logo empobrece
por não tocar o outro com carinho

“Servir é ser canal, não pedestal”
disse a Voz quando a lembrança se acende
“E o céu que viste, feito espiral
é só começo do que agora se entende”

Voltei, sim, mas não sou mais o mesmo
o mundo é templo, e a dor é o altar
E cada gesto é um verbo no batismo
de quem escolhe amar — e iluminar


Decimar da Silveira Biagini

Com a proteção de seu patrono Sepé Tiaraju e aval de El Morya 

Jesus e os Essênios

JESUS E OS ESSÊNIOS, poema metafísico do poeta Decimar
No deserto em véu de areia
Moravam almas em prece
Guardando o que não se esquece
Na luz que a verdade semeia

Chamavam-se os Essênios
Viviam entre o céu e o chão
Esperando em devoção
O mestre dos milênios

Veio o Cristo tão sereno
De olhar além do sentido
Com um verbo não contido
E um silêncio sobre-humano e pleno

Falava sobre os caminhos
Que a alma traça entre planos
Como os ciclos mais humanos
Feitos de flores e espinhos

Ensinava reencarnar
Como a semente que morre
E da terra que tudo absorve
Renasce para frutificar

Disse com voz envolvente
Que o mundo tem dimensões
Como finas divisões
Na cebola transparente

No centro vibra o concreto
Denso como o sofrimento
Mas cada novo momento
Revela um plano mais reto

[REFRÃO]
Sopra o shofar nos caminhos
Canta a gaita a direção
Jesus revela os destinos
Por camadas de expansão

Os discípulos atentos
Ouvindo com emoção
Sentiam no coração
Mistérios em movimentos

Não há fim só travessia
Cada plano é um degrau
Para o espírito imortal
Na luz que se irradia

E esse cordel que te alcança
Não conhece tempo ou fim
Nasce onde tudo é jardim
E a fé floresce na esperança

[REFRÃO]
Sopra o shofar nos caminhos
Canta a gaita a direção
Jesus revela os destinos
Por camadas de expansão

Jornada contínua

Jornada contínua

O corpo é só ilusão
Deus é luz que vai além
Quem O nega, cedo vem
Clamar por compaixão

Na próxima estação
Sem certezas, sem ninguém...
O corpo é só ilusão
Deus é luz que vai além

Ajoelha em oração
Chora o erro que contém
Pois sem fé, não se mantém
A paz no coração:
O corpo é só estação...

A culpa te fez refém?
As circunstâncias cresceram
Não consegue ficar zen?
Tuas ideias de fé pereceram

Levanta, larga os espelhos
Quem te põe de joelhos
É Aquele te dá a mão

sábado, 3 de maio de 2025

Soneto

Soneto – Janela de Cruz Alta

Abrindo a vidraça no alto a manhã
suspira a doçura do sol nos telhados
as coxilhas brotam num canto de lã
que aquece os silêncios dos campos dourados

A brisa desliza no rosto sutil
como um velho afago de tempo e memória
a cidade respira seu passo febril
mas o campo lá fora impõe sua história

Do quarto andar vejo o mundo acordar
com o céu tão azul sem nuvem ou pranto
e o frio dançando no ar sem cessar

como um leve segredo em véu de encanto
Cruz Alta desperta em seus tons de paz
com doçura antiga que o peito refaz

Decimar da Silveira Biagini
03 de maio de 2025

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Outono em versos - poetrix

Soneto à escolha amorosa

Soneto à Escolha Amorosa

Não quero amor que arda e se consuma
Em chamas breves de um prazer voraz
Mas sim aquele amor que feito em bruma
Perdura em atos simples dia após

É chama mansa firme decidida
Que escolhe ser ainda que haja dor
É disciplina em meio à nossa vida
Não se alimenta só do seu calor

Alma de equipe, força de vontade
De ser por outro ser reconhecido
Não por fulgor mas por fidelidade

Se é racional não deixa de ser lindo
Pois só quem ama além da tempestade
Sabe o que é ser amado e ter sentido

Decimar da Silveira Biagini

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Cordel do Primeiro de Maio de 2025

CORDEL DO PRIMEIRO DE MAIO DE 2025
Senhoras e senhores prestai bem atenção  
O Brasil virou novela  
Mas sem direção

Lá em Porto Alegre ergueram caixas de vidro  
No Otávio Rocha onde o cheiro não é límpido  
Dizem que é pra escada pra voltar à circulação  
Mas a real função é dar vitrine à enganação

A dengue ah essa dança fez da cidade seu salão  
Enquanto o povo coça a perna  
E o poder coça a mão

Na DEAM mulheres clamam por justiça com razão  
Mas trezentas desistiram não havia plantão

E agora escutem no palco da Previdência  
Rola um circo de dinheiro sem sequer decência  
Desconto em aposentado golpe velho e ordinário  
O INSS virou um teatro sanitário

Agora quem escolhe sou eu  
Diz o Lula com emoção  
Nomeou novo chefe  
Mas esqueceu a podridão

Não sabia de nada diz Lupi com fervor  
Mas se todo mundo sabia  
Onde andava o senhor

O desemprego subiu  
Mas ó que consolo  
É o menor desde 2012  
Segundo o santo IBGE no seu consolo

E lá fora nos Estados Unidos  
O PIB foi pro chão  
Trump surtou com as tarifas  
Mas recuou de calção

No Sul a tragédia mais chuva mais tormenta  
E político só promete enquanto o povo lamenta  
Em Cruzeiro do Sul ainda há quem more no barro  
Com a enchente na janela e promessas no carro

Mas houve uma santa que partiu em paz  
Dona Inah freirinha bisneta do Canabarro  
Morreu com 116 sem fazer escarcéu  
Foi direto para o céu  
Ou talvez pra descansar do papel

Esse é o Brasil meus senhores  
Palco de circo e de fé  
Onde quem tem juízo  
Vive rindo de pé

Decimar da Silveira Biagini
01 de maio de 2025

Qual tema nos poemas mais te atrai?