Rio da Vida
RIO DA VIDA
Depois das linhas e marcas do tempo
Fiz da minha alma um rio permanente
Mudando o relevo com chuva e vento
Por meses remando contra corrente
Como que querendo encontrar parada
Procurando algum poço em um estreito
Acalmei-me e ali vi minha canoa virada
Pois na calmaria é que se vê o desleixo
Num contraponto da saudade de mim mesmo
Segui novamente sem rumo, solidão a esmo
No horizonte da trilha de almas pesqueiras
Troquei as águas por fantasias costeiras
Vi sobras do tempo, moinhos d"agua
Percebi que a agua era traiçoeira
Ao passo que compõe o homem
Seus efeitos também o consomem
No remanso olhei de novo para a canoa
Como que sentindo o dever me chamar
Fiz da agua versos remando sem proa
Enquanto meu coração sangrava
Pelo fio do passado ainda presente
A cicatriz no remar se fechava
Pois só esquece quem segue em frente
Decimar Biagini, 21 de março de 2009
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