DECIMAR BIAGINI

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Advogado e Poeta Cruzaltense

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domingo, 1 de junho de 2025

O Caminho do principado

O Caminho do Príncipe 
O corpo do príncipe era outra música
feita de pulsações fora do tempo
Quando andava, a terra aprendia
a sinfonia do firmamento

Seus olhos não viam com íris
viam com memórias não vividas
O som que vinha de seus gestos
era o silêncio das feridas

Cada pisada sua na trilha
deixava um acorde enterrado
As pedras cantavam baixinho
o destino jamais narrado

Não buscava coroas ou tronos
mas a partitura do invisível
Sabia que a dor bem amada
é a flauta do impossível

Os ventos dobravam-se ante ele
como folhas num velho livro
E o sol, no seu alto silêncio
parava só pra ouvir o alívio

A roupa era apenas poeira
o cetro um cajado quebrado
Mas o compasso do seu sangue
regia o mundo calado

Quando dançou entre as folhas
as árvores quase falaram
E a morte que o seguia rindo
parou e o som a calaram

Havia um templo em sua carne
com portas sempre abertas
Seus passos ativavam preces
esquecidas em eras incertas

Nenhum nome ele aceitava
pois nome é prisão na linguagem
Era o eco de muitas origens
vestindo uma nova roupagem

Em vez de palavra usava
o ritmo como ensinamento
Cada músculo um sutra
escrito por movimento

E ao final quando sumiu na névoa
não deixou saudade nem pena
Apenas a trilha sonora
que ainda vibra na arena

O corpo do príncipe
se transforma em renúncia
o que era no princípio
agora é luz que silencia

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