O céu de Teerã
carrega trovões sem nuvens
anjos em exílio.
Veios de silêncio
se rasgam como pergaminhos
nas mãos do tempo.
O leão desperto
não caça — ruge o passado
no dorso do medo.
Átomos rezam
para não virar sentença
em Natanz oculta.
Não há mais fronteiras
entre ciência e juízo
só sombras queimando.
Um nome tombou.
Salami, voz da milícia,
desfez-se no pó.
Na boca do Irã
há um gosto de vingança
que o vento espalha.
Mulheres, crianças
o número não é claro,
a dor, incontável.
Diplomatas dormem
em almofadas azuis,
os deuses acordam.
Fala Netanyahu,
como se a pólvora fosse
o perfume da paz.
Por trás do escudo,
há olhos que ainda procuram
a rosa do Éden.
O preço do óleo
subiu junto com as preces
que o mundo esqueceu.
Guarda Revolução,
espadas feitas de orgulho
sobem aos céus.
O mundo treme
mas o fim não é visível
é o começo torto.
Nações de aço
conversam com seus fantasmas
em câmaras frias.
Israel não cai,
mas cada vitória custa
um grão de sentido.
E o rugido fica
ecoando nos abismos
onde ninguém vai.
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