DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

TROVA LIVRE EXILADA

TROVA LIVRE EXILADA

só uma metade já serve
e eu cubro com uma cereja
hoje tudo pode
menos melacueca de pagode
ou ranço de guampa sertaneja. (WS)

Com pouca humildade,
mas pura substância
E castelhana sonoridade
exilou-se na estância
o verso do poeta cruzaltense (DB)


oh, poeta, não se enerve
é só chamar no ferve-ferve
e a parceria já verseja
a poesia dá o bote
alcança macia a sorte
da companhia benfazeja (WS)

imperioso talhe do nosso nariz
Quis caricaturar nossa parceria
Até livro contigo já fiz
Como quem rouba melancia
Posso dizer que já fui feliz (DB)

eu já tenho certeza
que quando penso forte
o tico fala ao norte
o teco responde ao sul
que a essa hora da noite
o céu já não é mais azul (WS)

Pobres poetas de sorte
cobertos de impassível amizade
A guaiaca já foi forte
em imbatível sincronismo de vaidades (DB)

melhor é deixar a correnteza
levar assim sem recorte
versos de alguma beleza
vindos do sul ou norte
espalhar delicadezas
por onde quer que toquem (Ws)


Obscuros como pedrinhas
No fundo das àguas pesqueiras
Jogando com as marolinhas
Sem prever crises altaneiras (DB)

antes que as fontes sequem
liberamos as correntezas
comprei uma cachaça forte
deixei um copinho sofre a mesa
caso a gente se entorte
declamaremos de língua presa (WS)

Sentiremos os carvalhos
das águas batizadas
Sem as teclas de atalhos
que já andam consagradas
nos trucos de fakes e falsários (DB)

Wasil Sacharuk e Decimar Biagini

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

ENTRE LEIS E FÁBULAS



Entre Reis e Espadas
Dragões e Castelos
Entre leis e escadas
Legiões com martelos
Os meninos cansam
De contos de fadas
E se perdem nas instituições
O Dragão vira Leviatã
E os Castelos Fóruns e Jurisdições
A Themis leva embora a Excalibur da meninada
E os usuários da justiça envelhecem
Esperando que melhor sorte seja cortada
E sem salomônica contenda, padecem
Então surgem novos sonhos, novas gerações
E se perdem em processos medonhos, com indagações
Até quando acreditar nessas instituições?
Decimar Biagini (voltando à Pasárgada)

ENTRE SOBREPESO E O ORGULHO PELA CRIA


Não entendia o que Raul dizia antigamente

Sobre ver a vida passar

Sentado, com a boca cheia dentes

Esperando a morte chegar

 

Era tudo verdade

Vista de um espelho

Já com certa idade

Já não me assemelho

Nem mesmo pela metade

Com o guri de outrora

Mas não deixarei chegar minha hora

 

A barriga segura as calças

As calças revelam as canelas

A camisa não prende as alças

E os prédios tapam as janelas

 

Saudade do campinho

Dos botecos sem arruaceiros

De quando tomava lanchinho

Sentado ao pé dos salgueiros

 

Os lanches já não me saciam

E a expectativa de vida parece murchar

Algumas tentações me desviam

Enquanto desaprendo a caminhar

Chegada a hora de virar a bússola

Passado dos trinta e sedentário

Como dizia a professora Úrsula

Só piora depois do berçário

 

Hoje levei o Arthur na escolinha

E vi aquelas lágrimas de quem teme o desconhecido

Não importa quanto a vida te ensina

Confortar alguém assim, e tornar-se enternecido

É esquecer da própria existencial sina

E contentar-se com a genética estendida

 

Mas custava eu voltar para a academia?

 

 

Decimar Biagini

quarta-feira, 4 de junho de 2014

RESGATANDO ESCRITOS ANTIGOS



AMIZADE X OPORTUNIDADE




Quando se tem por objetivo
O prazer e a tal da utilidade
Por algum misterioso motivo
Até mesmo o seu pior inimigo
finge ser seu amigo de verdade

Mas acreditem, por si mesmos
Só os bons podem ser amigos
É entre os bons que há confiança
Sem pisar nos pés, como boa dança

Mas, os homens nomeiam por amigo
Mesmo os que por motivo seja a utilidade
Existem muitas amizades, eu lhe digo:
- Próprias, homens bons enquanto bons
- Impróprias, geradas pelo próprio umbigo
Essa é a mais pura e dura realidade

A amizade entre os bons
É invulnerável a qualquer calúnia
Aquela de múltiplos tons
Segue a dança conforme a música

Decimar Biagini, 2 de abril de 2009

QUESTIONAMENTOS

NÃO SEI EXPLICAR MUITO BEM

Quando me dei por conta
Já era pai, advogado e poeta
Nessa trintena que desponta
Onde vai, o fado na meta?

Então me pergunto
Em tom cismado
Em divagação aberta
De posse do teclado

Para dizer o que sinto

Quero saber com arrazoado
se é o mesmo que se deve sentir
quando se está realizado

O PROBLEMA!
Existiria razão para o sentir? Poxa, não complica o pensamento!
O DILEMA!
Sentir seria o liame entre a plenitude e o entendimento?
A TEIMA!
Então como decidir se está projetando ou vivendo um pleno momento?
Vou deixar que a vivência me responda
E você? Responda na lonca da poesia que lhe sonda

Decimar Biagini (04/06/2014)


quarta-feira, 30 de abril de 2014

CHEGADA DO LIVRO DE LUCIANA BRANDÃO CARREIRA



Existem males que vem para bem
Mas nem tudo são agruras
Como o livro, que veio de Belém
Entre algumas gravuras
Percebi uma parceria, que lembro bem:


Dança livre* 

Permita-me conduzir tua alma livre
Enquanto observamos a linda lua
Faça comigo o poema que não tive
Guardado na lembrança, minha e sua

O pensamento, a palavra, a idéia nua
O perfume da essência, o sonho altivo
O descobrimento, a asa, o vôo na rua
O lume da sobrevivência, o nosso motivo

Se o que me pedes é permissão
saibas, concedo a vez e o rumo a ti
em cuja pena revela-se a paixão
do vasto lastro que jamais absorvi

Da idéia nua chega a tua fala mansa
que se mostra crua, tão pura e cara
e, daqui, eis-me seguindo a dança
que nos faz voar quando a vida não pára

Decimar Biagini e Luciana Carreira, 16/01/2010.



 *em página 95 no livro de Luciana Carreira, tema "Entre", Editora Verve, 2014.



Agradeço a Luciana, fico feliz com os ventos que vem do norte e o fruto naquelas 180 páginas de puro sentimento livre e substancial aos leitores.

domingo, 23 de março de 2014

Brasas Poéticas

Todos os poetas serão testados
Então, tudo será silêncio
Para alguns, belos legados
Para outros, ledo incenso

O poema nunca termina
Nas curvas insanas do leitor
A escrita só alucina
Os dedos de seu emissor

Frenética, as vezes desnecessária
Como toda empolgação ou torpor
Não deixe sua arte no berçário
Acredite no seu talento, com ou sem amor

Métrica, liberdade, clausura, obstinação
Caquética, mocidade, a poesia pede sua atenção!

O pote de ouro não está no fim do arco-íris
Tampouco na leitura sem paixão!

Decimar Biagini

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

TRILHANDO RUMOS

A grande mudança
Está no mesmo trajeto
Reencontrar a criança
Mantendo o adulto quieto

Uma quietude atenta
Observando o caminho
A verdade se ajeita
Não deixando-te sozinho

Alma de andarilho
Toda sorte te espreita
Mantenha-te menino
O resto a vida ajeita

Decimar Biagini

terça-feira, 5 de novembro de 2013

QUANTA MUDANÇA!


Quais os rumos? É chegada a hora
De colocarmos na balança
Para uns, o futuro é agora
Para outros, a esperança

A semântica imperfeita
Para quem quedou silente
A física quântica perfeita
Para o cientista polivalente

Observamos pombos
Pessoas olhando vitrines
No congresso ledos rombos
E eu egresso, em antigos escombros:


"Meus surtados, retratos poéticos"

"Alguns resultados, certamente patéticos"

"Outros desajeitados, mas um pouco proféticos"

"Quem é o poeta hoje, perdido nessa casca dialética"?


Decimar Biagini

domingo, 4 de agosto de 2013

UM DOMINGO

UM DOMINGO
Pernas para o ar
Entre uma mamada e outra
Ora então de ninar
Que bom dormir de roupa

O frio está controlado
Deu até para abrir cerveja
O bebê está bem tapado
E a Musa recolheu a mesa

Lida de escritor parceiro
Não é coisa fácil de ser entendida
Uns dizem que não dá dinheiro
Mas dinheiro não é tudo nessa vida

Decimar Biagini

segunda-feira, 17 de junho de 2013

ELES NOS VÊEM MAS NÃO NOS LÊEM

ELES NOS VÊEM MAS NÃO NOS LÊEM

Olho as manifestações
Sem qualquer julgamento
São válidas as observações
Mas não é o momento

Guardo as palavras
Como cidadão rastreado
Deixo CPF nos caixas
Quando busco pão no mercado

Meu note tem tantas invasões
Quantos forem os satélites na órbita
Não tenho sequer más intenções
Externadas no perfil que hoje me habita

Nada me dizem as páginas dos tabloides
Sequer fui educado para comentá-los
Me nutro de poesias e bons motes
Enquanto comunas me enchem de ledos regalos

Por incrível que pareça, fica aquela sensação
De que aconteça o que aconteça nessa situação
Teremos mais curiosos que leitores de nossa criação

Decimar Biagini

quinta-feira, 13 de junho de 2013

DIA DOS NAMORADOS

DIA DOS NAMORADOS
Há quem diga
Que é todo dia
Há quem liga

Parece ironia
Mas há quem não liga
E nem sabia

Cada amor
Tem sua sinfonia
O sol vai se por
E virá o outro dia

Seja como for
Aproveite com sabedoria
Cuide do amor
E curta tudo com alegria

Ontem fiz salmão
Gastei pacas num sofá
Dinheiro corre da mão
A data serve para gastar

Vale o gesto, o carinho
O dispêndio é como ressaca
Lave a taça de vinho
Pois a dor de cabeça logo passa

Por falar isso foi ontem
Comemorar hoje não tem graça
Que bons ventos lhe montem
Arranje logo alguém, vá a praça!
E espere o ano que vem
Para servir uma boa massa!

Decimar Biagini

sábado, 8 de junho de 2013

QUATRO PALAVRAS E UM IMPACTO

QUATRO PALAVRAS E UM IMPACTO
agora- surpresa-sofisticado-cadete



Agora observo o silêncio noturno

Surpresa, a alma revela-se em espelho projetado

Sofisticado pranto, verso soturno

Enxugado pela tela de um escrito auto-biografado


Cadete do ar, é o poema altaneiro

Que voa sobre estrelas esperançosas

Ao perscrutar a rima, cria um nevoeiro

Que o impede de enxergar lindas rosas


Até cair, na aspereza, de seu próprio canteiro

Nasce então uma púrpura magnetização

Tão rara quanto um onírico arco-íris no tinteiro

O teclado cria arcabouços pela própria ilusão


"Fazendo do poeta, seu mais nobre prisioneiro "


Decimar Biagini

FUGA DE POETA CASADO

FUGA DE POETA CASADO

Sim, melhor momento não há

Pego o teclado, sentado

Olho de revesgueio, a musa tá lá

No novo sofá, meio enviesado


Eu gosto da anca que fiz no estofado

O couríssimo cedeu com os duros poemas

E o rosto, com alegria, depois do vinho, fica rosado

É quando aproveito a novela da morena

Para botar a poesia em dia, com o coração acelerado



Decimar Biagini 

ENTENDO O RECESSO

ENTENDO O RECESSO
Somente eu fui capaz

De frustrar a minha expectativa

Em terras desertas

Fui meu próprio capataz

Não tive uma frase produtiva

Algumas idéias despertas

Morreram na ponta dos meus dedos

Antes mesmo do back-space apagar meus medos


Peço desculpa aos leitores

Pelas noites que passei teclando

Pelas coisas absurdas que semeei 

Sim, tive certos dissabores

Mas o tempo foi acalmando

A angústia que um dia criei

Hoje tenho outros amores

A vida segue me reinventando

Mas a poesia que operei

Trouxe um poeta se ocultando

Na liberdade que provei



Não temam pelo amanhã imprevisível

Ele é como a próxima intersecção no poema

Quando não for você, é algo compreensível

Pois o poeta vive num mundo maior que sua pena


Sou hoje uma pessoa otimista

Em uma nuance fora da poesia

Muita coisa deletei da velha lista

Mas não posso agir com hipocrisia

Aquilo que se perdeu de vista

Foi por que a paterna semântica queria


Decimar Biagini

Qual tema nos poemas mais te atrai?