Silêncio respira
Portas cerradas, vazias
Só o eco fica
Entre o limiar do peito, e o abismo do não ser
O mundo se cala, sem permissão
Sou ninguém, sussurro
O nome afoga, no trigal
O sapo me ouve
No vento calado
Meu nome curva, sem dono
Sou só, e sou par
Trem da vida pára
Entre folhas congeladas
A Alma vigia
A grandeza curva o joelho
Diante do que não via, canta a cotovia
Ser ninguém, é tudo
Quando o mundo é só ruído
Eco fica mudo
Fecho a porta, e sou ninguém
O universo me pertence
No silêncio, sou alguém
Sociedade é véu
Que a Alma escolhe, ou despedaça
Pedra, é mais que céu
Os que batem à porta, não sabem
Poeta se fecha por dentro
Como o céu, da mente
O Imperador veio
Mas a Alma se fez rocha
Portas sem freio
Na tessitura que hoje sei, da tocha
Mora o reino, onde só Jesus é Rei
Ser ninguém, me faz inteiro
Nas coxilhas calo ante Sua lei
Seu madero, é mensageiro
Com ego e seu dom
Sapo anuncia bom nome
Eu sigo, sem som
Que toquem as trombetas, de quem não tem voz
Que ecoe o segredo, entre os portais de nós
Alma escolheu, sem sombra, perdoarei
Na pedra do peito, com Ele ficarei
Trigo sussurra, verdades ao vento
Nome se apaga, no esquecimento
Mas dentro do nada, uma chama se ergue
E o Ninguém é chama, que nunca se perde
Não vendo meu nome, nem busco o troféu
Silêncio é meu trono, o vazio é meu céu
Deixo o mundo gritar, sua vã multidão
Sou perdão, sem névoa, sou quieta canção
Decimar da Silveira Biagini
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