O JULGAMENTO DO POETA
Inicialmente fora ouvido
o delinquente
envolvido
Depois veio o ofendido
Daí, o testemunho
inquirido
Novamente, o acusado
Para possibilitar a ampla defesa
Ele
já estava cansado
Como toda alma muito tempo presa
- Exa! Por que
estou algemado?
Qual foi o crime, doutor?
Que eu saiba, só estou
condenado
A sofrer as penas de amor
Sempre gostei de mulher
bonita
Mas procuro só ganhar as solteiras
Presenteio as prendas com
fitas
Do melhor cetim que encontro nas feiras
Faço versos e toco o
banjo
Nas noites enluaradas
Poucas quizílias arranjo
Pois fujo das
janelas casadas
Me diga então, meu prezado,
Em que enrascada estou
metido
Se nada fiz de errado
Acho que trocaram o envolvido...
Tu
fostes levado a este juízo
Por razão de uma denúncia
De que por conta do
teu improviso
Conquistastes uma leitora jagunça
Ela adentrou no
congresso
Como se fosse um mar desmedido
Os deputados estavam a fazer
bagunça
Um dep. palhaço fazia piada após seu ingresso
A dita cuja leu em
poema tua denúncia
Matou todos, e suicidou-se em protesto!
Doutor, se
fiz poesia com fermento
Faltava açucar ou sal antes do fogo
A
interpretação gera relativo sentimento
Jamais escrevi por mal, o poema é um
jogo
Falando isso, o Poeta foi julgado na sexta-feira
Saiu do presídio
mediante escriturado engodo
Escreveu um poema destinado a
carcereira
Conquistando-na, ela colocou a mão no fogo
Hoje, após esta
trajetória acima rimada
até que o tempo assinale liberdade de expressão
O
poeta viverá com sua anistia em Pasárgada
E qualquer coincidência com a
realidade, é mera impressão
Decimar Biagini e Marisa Schmidt
Segunda Serenada
-
Segunda Serenada
Penso que o dia soberano
É aquele da missão vivida
Sem um ritual tão arcano
Numa simplicidade obtida
Um silêncio nada insano
Um recanto p...
Há 16 horas
Nenhum comentário:
Postar um comentário