Num adeus de despedida
à mentira desmedida
Dos meus anos de vida
Buscando sombra amiga
Entre soluços e mágoas
Com olhos rasos dágua
ouvindo triste cantiga
na saudade que castiga
Nessa vida de proscrito
Cuja dor é a de poeta
O que resta é o escrito
Numa quimera incompleta
Sempre fora minha vontade
Velho anseio de teatino
Ver no caminho a verdade
Que perdi desde menino
Mas agora já é tarde
no poente encerra o destino
No peito ainda arde
o orgulho de um leonino
Não consegui ser rei da selva
Sequer de Deus tive clemência
O que li talvez não mais sirva
Querer saber me trouxe demência
Resta arrematar a existência
Nessa versada velha sem rumo
Ao leitor deixei a consciência
De que a rima não dá nem pro fumo
Eu escrevi pouco pelo tanto que vi
Talvez um leitor, uma coincidência
Partilhe comigo o pranto, antes de ir
Decimar Biagini
Capitania do Saber, memórias da biblioteca
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Outro dia, no silêncio digital de um PDF aberto na tela fria do meu
celular, me bateu uma saudade funda, quase doída, da biblioteca da minha
adolescência —...
Há um dia
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