- Tragam-me uma caneta
- Uma caneta, urgente!
Dizia o poeta careta
Com sua voz estridente
De repente, num desenferrujar
Voltou a ter inspiração nova
Retornando a ter o gosto pelo versejar
Ressurgiu de sua velha cova
Infelizmente, já não existiam canetas
O Escriba, perdido em um cyber coffee
Tinha que enfrentar um bicho de teclas
-Tudo passou tão rápido, sabe como é!
Dizia o Sábio, lembrando outra época
Trêmulo como um trator em ponto morto
Proferiu tal frase em gélida caricatura
Tudo parou naquele momento, em contraponto
Riram daquela mão que digitava insegura
Foi quando o Poeta proferiu em verso solto
- De que valem essas malditas criações humanas,
se sequer um iniciante pode transpor seus versos
Foi então que o Poeta se ausentou por semanas
Os críticos jovens foram extremamente perversos
Um belo dia o Velho Poeta voltou com uma caneta
Uma caneta diferente e um notebook de renome
Com a máquina aberta tracejou na tela sua letra
Todos a sua volta, a indagar qual era seu nome
Perguntavam se havia pago caro, ele respondera que sim
Disse em tom de sarcasmo, no ego que consome:
- Salve o dinheiro das minhas obras, salve o touch screen
E o poeta então criou sites, comunidades, canais...
E um belo dia, antes de morrer, decidiu dizer nunca mais
Deletou tudo, e ninguém mais lembrou do velho poeta
Um absurdo, mas, seus livros palpáveis estão lá na biblioteca
Decimar Biagini
Segunda Serenada
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Segunda Serenada
Penso que o dia soberano
É aquele da missão vivida
Sem um ritual tão arcano
Numa simplicidade obtida
Um silêncio nada insano
Um recanto p...
Há 8 horas
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