
Homem que canta triste
No seu viver sem momento
Seu único amigo que existe
É seu cachorro pulguento
Lá se vão os dois amigos
Sem ter ao menos abrigo
Tomando sereno ao relento
Conversando com o vento
Sem saber para onde vai
Sem compromisso nenhum
Carrega um relógio sem ponteiro
Tudo que herdou de seu pai
Guarda consigo como relicário
Pois ganhou em seu aniversário
Na época que tinha dinheiro
Resta-lhe o amigo e o relógio
Para consolarem o seu calvário
Entre herança e desgosto
Arrinconadas na memória
Leva a mão ao rosto
Lembrando de dias de glória
E seu amigo sempre fiel
Única testemunha de sua história
Vai chegando de mansinho
Cusco chamado de Gabriel
Vai se encostando com carinho
Como seu tocaio
Anjo lá do céu
E ambos choram sem ensaio
Compartilhando tristezas ao léu
Decimar Biagini, em 26 de janeiro de 2009
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