DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

Entre em contato com o advogado Decimar Biagini

Nome

E-mail *

Mensagem *

domingo, 30 de março de 2025

Olhares de duas crianças

Se este sorriso não é a realização dos pais, então não há mais sal na terra!

A Seara do Coração

A Seara do Coração
No peito humano, há fértil lavrador  
que semeia, em surdina, a própria sorte  
Se planta amor, recebe igual valor  
mas, se há rancor, a seara é de morte  

O tempo é argila, em mãos do Criador  
que molda a fé no alicerce mais forte  
Quem crê, renasce em graça e esplendor  
quem nega a luz, vagueia rumo ao corte  

Por isso, vela o campo do sentir  
pois do teu peito os frutos brotarão  
O verbo é a seiva, a vida a conduzir  

e a poesia é a flor da redenção  
Entrega o dia a Deus, deixa florir  
a fé que faz pulsar o coração

Poesia Consciencial

Poesia Consciencial
A poesia é isso aí
Não há o que esperar
Por vezes faz sorrir
Noutras faz chorar

A poesia é a vida
No bolo a cereja
É a paixão obtida
A verve na bandeja

Pelo espírito é ornada
Com gratidão e guarida
Sem poesia não há nada
Egolatria jaz esquecida

Alquimistas do tempo
Melhor amigo de si
No verso sem sofrimento
O poeta com ela ri

Mas há aquele momento
Da catarse prisioneira
Amarras do pensamento
Mera miséria passageira

Estações correm em flores
Males já apaziguados
Filhos, livros, plantas e amores
Sentir os poros arrepiados

Decimar da Silveira Biagini
29 de março de 2025

Um Novo Fim

Um Novo Fim

Se o fim se avizinha em sombra e dor  
Lembra, alma errante, pelo Chico Xavier:  
"Refaz-se a estrada em luz, se há amor  
E cada passo é um renascer"  

Nietzsche diria: "torna-te quem és"  
E em novo fim renasce o ser  
Já Sartre, austero, brada em viés:   
"O homem é livre para escolher"  

Camus sorriria ante o absurdo  
Dizendo: "a vida é recomeço"  
Que o salto insano nos torna maduros  

Heráclito ensina: "tudo é mudança"  
O rio que passa jamais é o mesmo  
Num ciclo eterno de insegurança  

Kierkegaard clama: "ousa saltar"  
Pois só na fé há libertação  
Que em cada fim há um novo lar  

E o vento canta que nada é tão forte  
Que o tempo em brisa não possa levar  
Se a vida insiste, renasce o horizonte  
E em cada fim, um novo olhar  

Assim, não temas o tempo adverso  
Pois fim é argila em torno obscuro  
Moldando auroras no universo

quinta-feira, 27 de março de 2025

Casca de Jatobá que Nada

Música: Casca de Jatobá que Nada
(Tema Gaúcho Campesino)

Verso 1:
Lá no sul, no campo, onde o vento é cortante,
Vivia o Everton, gaúcho, de olhar desafiante,
Mas com um medo danado, ninguém podia saber,
Do doutor e sua faca que ele não queria ver.

Refrão:
Ele só pensava na casca do jatobá,
Que ele dizia que era forte e ia salvar,
"Pra esse mal no corpo, o remédio é o certo,
Não vou no doutor, não vou me apertar."
Com a casca de jatobá ele vai se virar,
O gaúcho não é frouxo, não vai se entregar!

Verso 2:
"Mas o que é isso, Everton?", perguntava a comadre,
"Por que a casca do jatobá?" – ele dizia:
"Pra curar o que é ruim, doutora, nem pensar,
Me metendo naquilo lá, vou até me assustar!"

Refrão:
Ele só pensava na casca do jatobá,
Que ele dizia que era forte e ia salvar,
"Pra esse mal no corpo, o remédio é o certo,
Não vou no doutor, não vou me apertar."
Com a casca de jatobá ele vai se virar,
O gaúcho não é frouxo, não vai se entregar!

Ponte:
Fito natural, dos campos do pampa,
Nada de faca, nada de cloroformo,
O remédio é simples, sem necessidade de espelho,
A casca que é forte, com sabor de espólio velho!

Verso 3:
E o tempo foi passando, a coragem foi a frente,
Mas o medo ainda ficava, escondido e latente,
Ficou com a casca, a cura dele jurada,
E o doutor nunca soube, a história abafada.

Refrão:
Ele só pensava na casca do jatobá,
Que ele dizia que era forte e ia salvar,
"Pra esse mal no corpo, o remédio é o certo,
Não vou no doutor, não vou me apertar."
Com a casca de jatobá ele vai se virar,
O gaúcho não é frouxo, não vai se entregar!

Final:
E assim o Everton viveu, com fé e bravura,
No campo, sem cirurgia, com cura e ternura,
E quem questionava a razão de seu plano,
Viu que o gaúcho, macho, tem sempre um engano.

Homenagem ao Tio Jair Silveira

Homenagem ao Tio Jair Silveira

Lá no tempo de piá, que saudade que me vem,  
Das manhãs de campo aberto, sob olhar de um grande alguém.  
Era tempo de infância, de açude e de sanga,  
Onde a vida se aprendia entre o pasto e a arapuca manga.  

No galope dos cavalos, no respeito ao ovelheiro,  
O Pelé negro e sereno, nosso pingo companheiro.  
Era escola sem parede, onde a lida ensinava,  
O campeiro se fazia com o que a terra ofertava.  

Tio Jair, mestre antigo, de causos e risadas,  
Galpão cheio, mate quente, noites bem aproveitadas.  
Os anciãos bem diziam: "Piada melhor não há!"  
E ao final da narrativa, risada mansa a chancelar.  

No braseiro do costado, onde a carne bem assava,  
O segredo do assador, ele sempre me ensinava.  
Hoje, trago na memória e no fogo que sustento,  
A herança deste homem que foi mestre e fundamento.  

Cinquenta e três primaveras, floradas de um campo vasto,  
Filhos formados, família, coração firme e casto.  
Que na roda da existência, se repita este refrão,  
Comemorando a tua vida, fiel ao laço e ao galpão!  

Que o patrão velho siga te abençoando, tio Jair!

Caminho ao Cume

Caminho ao Cume, pelo irmão Cruz-altense Decimar
No peito arde a chama do saber  
que busca o alto além da ilusão  
Não basta crer é tempo de entender  
na fé que escuta e sente a razão  

Se Deus habita além do parecer  
no outro ecoa sua compaixão  
Quem abre os olhos pode compreender  
que a luz do Todo é pura união  

Na voz do vento há prece e há canção  
no olhar do sábio um templo a florescer  

Que a mente encontre em cada coração  
a ponte eterna entre o ser e o ver  

segunda-feira, 24 de março de 2025

O Verniz e as Trevas

O Verniz e as Trevas
A sociedade enverniza o que teme  
dourando o caos que se arrasta em brio  
mas sob a tinta a verdade geme  
clamando alívio rompendo o frio  

A ignorância em trono de sombra  
troveja altiva nega o clarão  
zomba do homem que ao solo assombra  
e esquece que asas brotam do chão  

Pois quem caiu se ergue em centelha  
renasce em voo despindo a dor  
trevas não prendem alma que espelha  
o sol nascente no próprio ardor  

Liberto o passo vibra a mudança  
pesa o silêncio no vão julgar  
curar-se é rastro de quem avança  
é luz que aprende a se iluminar  

O Caminho do Iluminado


Envolto em poeira, o cortejo avança  
na imensa planície a se desfazer  
montanhas nevadas repousam distantes  
no céu que convida a alma a viver  

O vento murmura segredos antigos  
no azul que se estende além do olhar  
o verde abundante entoa um chamado  
tudo é possível a quem despertar  

Nasceu o sábio um brilho em seu olhar  
um rei ou guia o mundo assim previa  
no lar dourado em meio à fantasia  
sentiu no peito um vago despertar  

Ao ver a dor quis seu destino achar  
deixou seu reino em busca da harmonia  
e sob a sombra em paz e em vigília  
soube o sofrer e o modo de o estancar  

Na noite escura a mente iluminada  
desfez as sombras viu-se então liberto  
compreendeu a senda revelada  

Pregou liberto alento ao mundo incerto  
e ao fim da vida em luz transfigurada  
se fez eterno além do vão deserto

Decimar da Silveira Biagini
Na Cruz Alta-RS, 24 de março de 2025

sábado, 22 de março de 2025

O Poeta Nu e o Verso Esquecido

O Poeta Nu e o Verso Esquecido

O poeta estava nu, sem métrica e sem rima
Diante da plateia, sem toga ou pantomima
Súbito gritou, em febril desatino:  
"Um poema! Um poema! Meu reino em Pasárgada eu assino!"  

Mas Pasárgada dormia em berço de brisa
Não havia cavalo, nem coroa precisa
Somente o vento, impassível e magro
Levava-lhe as sílabas para um destino vago

Eis que surge um arauto, com olhar enfastiado  
— Meu caro, teu verso foi ao mercado,  
Venderam-no junto a quinquilharias,  
Por um preço menor que sinas vazias. 

E então, como Hamlet sem calças na aurora
O poeta urrou: "Ó musa traidora!"  
Mas as Musas, rindo, jogaram-lhe um manto
Tecido com versos de um épico pranto.  

Assim ficou ele, entre o fado e a lenda
Nu de palavras, coberto de emenda
E se um dia encontrares sua rima tardia
Saibas que um rei trocou Pasárgada por poesia

Seja o Alimento

Seja o Alimento
Sinta a terra raiz que te ampara  
Sinta a brisa a te embalar  
Sinta alguém que te rega e prepara  
Como a prece que faz germinar  

Sinta os olhos do ancião que te estuda  
Como um sábio que vê além  
Sinta a força da vida que muda  
Sinta o ciclo que em tudo vem  

Shofar ressoa como um chamado divino  
Cítara vibra em notas sutis  
Piano ecoa um canto antigo  
Harmonia que nunca tem fim  

Sinta a chuva caindo em seu rosto  
Sinta o sol a te iluminar  
Sinta alguém te colhendo com gosto  
Com respeito a te consagrar  

Sinta as mãos que concedem licença  
Te ofertando com puro louvor  
Sinta o fogo que aquece a presença  
Transformando matéria em amor  

Sinta alguém que te serve em silêncio  
Enquanto ora em comunhão  
Sinta a mesa o sagrado alimento  
A vida em pura oração  

Shofar ecoa uma última nota  
Cítara e piano se dissolvem no ar  
O silêncio envolve a alma desperta  
No Todo enfim a repousar

A Musa e o Tempo

A Musa e o Tempo

Quarenta e quatro floradas  
Tua luz sempre encantada  
Musa estonteante e bela  
Feita em alma de aquarela  

Sabedoria milenar  
Teu olhar sabe guiar  
És a estrela mais brilhante  
Na jornada deslumbrante  

Grande mãe da princesinha
Que em teus braços se aninha  
Valentina logo cresce  
Mas teu amor é de Rainha 

És a Musa do Poeta  
Tua essência é rara e certa  
Vida é bela ao teu redor  
Porque és puro esplendor  

Decimar da Silveira Biagini
22 de março de 2025

O Nazareno, Filho do Carpinteiro

O Nazareno, Filho do Carpinteiro, pelo poeta Cruz-altense Decimar


**[INTRO]** *(Violão dedilhado ou piano suave, crescendo lentamente)

**[VERSO 1]** 
Dele é tudo o céu e a estrada 
nossa jornada e o próprio fim 
Fez-se cordeiro dócil afim 
mas sua voz foi forte e ousada 
Viu quem vestia a fé errada 
preso à aparência sem valor 
cegando o olhar ao próprio horror 
Fardos teciam duros frios 
postos em ombros tão vazios 
sem suportá-los com vigor
**[REFRÃO]** *(Melodia crescente, com coral ou segunda voz)
**Cristo é o brilho que rompe a escuridão** 
**Voz que liberta e aquece o coração** 
**Veio ao mundo e nos mostrou o amor** 
**Vida e verdade em seu puro esplendor** 

**[VERSO 2]** *(Mantém ritmo, adiciona leve percussão)
Disse a verdade mas com graça 
puro em ternura e retidão 
Viu nos humildes o irmão 
nos poderosos face escassa 
Fez-se um espelho que trespassa 
nossa mentira e contrassenso 
Quem pede paz mas é propenso 
à ira e ao julgo implacável 
é fariseu inflexionável 
cego no orgulho torpe denso 

**[REFRÃO]** *(Com mais intensidade, coral reforçando palavras-chave)
**Cristo é o brilho que rompe a escuridão** 
**Voz que liberta e aquece o coração** 
**Veio ao mundo e nos mostrou o amor** 
**Vida e verdade em seu puro esplendor** 

**[SOLO INSTRUMENTAL]** *(Violão com leve reverb + cordas suaves, tom reflexivo, duração de 8 compassos)

**[VERSO 3]** *(Tom mais emocional, com crescendo no final)
Cristo porém foi luz sincera 
vivo entre os homens doce e audaz 
Seus olhos viram mais que a paz 
viram a dor que nos impera 
Seus pés pisaram a cratera 
do sofrimento mais atroz 
mas sua essência e sua voz 
nunca cederam à vaidade 
sempre viveu pela verdade 
sempre amou mais que a própria voz 

**[REFRÃO - FINAL]** *(Repetição com variação melódica, mais emoção, encerrando com coro forte)
**Cristo é o brilho que rompe a escuridão** 
**Voz que liberta e aquece o coração** 
**Veio ao mundo e nos mostrou o amor** 
**Vida e verdade em seu puro esplendor** 
**Vida e verdade em seu puro esplendor** 

**[OUTRO]** *(Instrumental suave, voltando ao dedilhado inicial, finalizando com fade-out

sexta-feira, 21 de março de 2025

Caminho para Deus

Caminho para Deus, pelo irmão Cruz-altense Decimar
Em campo vasto, onde a fé habita
Caminha o sábio em luz constante
No verbo manso, em paz contrita
A alma aflora, amor radiante
No silêncio, o céu lhe visita  

A semente, no solo profundo
Espera o tempo com paciência
Não vê o fruto, mas sabe o mundo
Tece os fios da providência 
E o destino ao bem é fecundo

Em jornada do ser consciente
O rumo é traço de quem se entrega
Deus faz do forte, um ser presente
Em humildade, o espírito agrega  
A eterna paz ao ser silente 

Coração que ao céu se prostra manso
Reúne em si o todo, o uno
Faz do mistério, um novo remanso
No amor divino, encontra o rumo
Onde o verbo "Deus" é avanço

Seja feita, pois, Tua vontade  
Na fé, o homem renova o brilho
Deixa a dor e encontra a verdade
No verbo justo, o puro trilho 
Deus é paz, luz, e é caridade

Menos pedra e mais pão

Menos pedra e mais pão 
No limbo escuro a mente se debatia  
sem ver a estrada errante no vagar  
Por entre sombras ecoa a tirania  
da falsa luz que tenta nos guiar  
Eis que um brilho vem nos despertar  

O tempo urge a chama resplandece  
clama aos atentos que saibam escutar  
Não é na mente que a verdade cresce  
nem nos altares feitos para enganar  
O sol divino ensina a caminhar  

Cristo não busca a glória do erudito  
nem do que esconde o medo sob a lei  
Seu passo firme é simples e infinito  
em cada gesto humilde se revei  
Quem se despede do orgulho acha o Rei  

A ciência é útil mas se faz pequena  
quando se eleva além do próprio Eu  
Nada há no tempo ou na razão terrena  
que compreenda a face de um Céu  
Somente a alma conhece o apogeu  

Desperta agora ó ser que se envergonha
rasga os grilhões da falsa devoção  
A Luz te chama ao brilho do seu sonho  
sem medo e crença cega na ilusão  
O Pai te espera em pura ascensão  

Decimar da Silveira Biagini
21 de março de 2025

Qual tema nos poemas mais te atrai?