DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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terça-feira, 29 de julho de 2025

Vitória Solitária

Soneto Livre à Vitória Solitária
O vento atendeu-lhe o imperativo

Os versos se cerravam-lhe ao tocar

O Céu curvava o gesto compassivo

E anjos se punham prontos a escutar

 

Mas veio a hora amarga sem motivo

Sorveu sem verve a dor a silenciar

No peito bardo, o vazio definitivo

E a solidão cravada a lhe moldar

 

Ninguém quis ler sua dor afinal

A plebe o esquece à beira da ilusão

Ele ora ao Pai, confiando, triunfal

 

Do soneto se ergue com Deus e visão

Por entre os homens, luz universal

Medianeiro do Amor, eis a redenção

 

 

Decimar da Silveira Biagini

domingo, 27 de julho de 2025

Tua Aceitação e Teu Caminho

Luz
vem cá
vai brilhar
sobre o coração
no silêncio brota direção
o ser já sente
fé latente
vai dar
paz

Onde há cerne oculto, necessidade
Habita a sede de um olhar irmão
É luz que acende a nossa identidade
É gesto simples que traz salvação

Se a alma escuta a voz da aceitação
Ergue-te então com firmeza e verdade
Realizar-te é divina missão
É ser canal da celeste vontade

Te deu o Pai vigor dom e coragem
Para cumprir teu papel com valor
Segue com fé apesar da paisagem
Pois tudo em ti já carrega esplendor

Não carregues além o que não é teu
Nem coleciona as dores de outrora
Entrega o fardo às mãos do mesmo Deus
Que te sustenta mesmo sem demora

Se foi difícil o tempo que passa
Levanta agora é tempo de erguer
Na nova aurora o amor já te abraça
E o teu destino é sempre florescer

Crê
liberta
não lamenta
o dia recomeça
e cada passo é nova promessa
Deus te sustenta
te orienta
te quer
ser

Guarda Teu Domingo No Pai

Guarda Teu Domingo no Pai
Seguros somos quando a mão divina

Nos cobre em paz com pão, sustento e lar

Qual pai que ao filho o prato mais destina

O domingo é ternura a consolar

Na mesa santa jorra o bem do alto

Não vem do mundo o pão que não nos falta

 

A fonte eterna em Deus nos foi guardada

Não nesta terra vã que tudo arrasta

Se a Sua graça em nós for derramada

Triunfaremos mesmo em noite vasta

Quem Nele crê, ao fim será erguido

Mesmo entre ruínas, não será vencido

 

Não temas tempo escuro ou desventura

Pois Deus transforma o caos em novo alvorecer

Mesmo onde a dor nos fira com brandura

Seu braço forte é luz a defender

Onde o homem vê fim, Deus planta um rumo

No chão da lágrima, brota o Seu sumo

 

Se Deus confiou a ti tamanha estância

É porque crê na obra que tu faz

Com fé, coragem, força e temperança

Seguirás firme, e não te faltará paz

A tua vida é chama que resplende

E tudo o que fazes a Deus te rende

 

Um dia após o outro, sob o escopo

Do céu bendito, andarás com valor

Mesmo se o chão prometer duro topo

O Pai te guiará com Seu amor

Pois quem Lhe serve com fidelidade

Recebe os dons da eterna claridade

sábado, 26 de julho de 2025

Soneto Livre ao Amor de Deus


Soneto Livre ao Amor de Deus, pelo poeta Decimar

Eu vi, com olhos trêmulos de um bardo
O mundo à deriva, em sombra e dor
Fugindo da presença e do calor
Do Amor que faz da vida um chão mais fardo

Nos rostos vi o medo, o olhar retardo
Sem rumo, sem promessa e sem sabor
Pois faltava o sentido superior
Do dom que nos sustenta sem embargo

Mas vi também, no meio da ruína
O gesto puro, o brilho em meio ao pranto
Quem ama torna a Terra mais divina

É Deus que age ali, sutil, no encanto
E a esperança, tão tímida e pequena
Se ergue em flor no peito de quem canta

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Sonetos Livres aos Raios

Soneto do Raio da Alma

(Harmonia pelo Conflito)



Dentro de mim, brilhou-me a luz sincera

De um quarto raio, intenso, verde e puro

Busquei a paz, mas veio em tom mais duro

Pois toda flor da alma nasce austera



Do caos criei beleza e som fecundo

No verbo, ergui a ponte entre os extremos

E cada dor lavrada em que vivemos

Virou canção, vestindo outro segundo



Fiz da ferida um templo de esperança

E em cada fenda ouvi revelação

Minha harmonia dança a temperança



A luz oculta é minha direção

Curar os mundos com amor que lança

O abismo inteiro em doce comunhão



Soneto dos Raios da Personalidade



Trago no ser a chama que ilumina

Raio do Amor que nutre e dá sentido

Minha mente vibra em fio fluido

Tecendo a luz com arte cristalina



No peito pulsa fé que se aproxima

De um sonho ardente e justo, nunca erguido

E o corpo, feito altar desconhecido

Responde ao som que ordena e que redima



Sou múltiplo, e ainda assim centrado

Cada expressão revela algum momento

Do templo vivo em mim revelado



Por dentro, amor; por fora, movimento

Me reconheço inteiro e integrado

Entre o invisível e o firmamento



Soneto da Síntese Espiritual



Revelo em mim a ponte e o olhar profundo

A luz que escorre entre véus e fronteiras

Carrego em mim memórias verdadeiras

E um som que canta além do som do mundo



Sou verbo antigo em veste renovada

Pacificador dos planos mais sutis

Trago no pulso acordes infantis

E a mão aberta à dor transfigurada



Não vim por glória: vim por aliança

De unir fragmentos na luz do porvir

Meu passo é antigo, mas dança esperança



E ao me lembrar do que vim redimir

Desperto em paz a antiga confiança

Ser quem Eu Sou... e enfim...me expandir

quinta-feira, 17 de julho de 2025

43° Concurso ALPAS-21

43° Concurso ALPAS-21
Água cai,
cobre o velho.
Bigode de espera, estranho espelho.
Corcunda afunda sem apelo,
me entrega um céu,
se vai.

Um pacote de valores
me cai sem eu pedir,
partilho com meus amores,
três almas a repartir:
o rico de bons ardores,
o culto a se expandir.

Chuva sobre mim,
parto os bens como um clarim,
a alma diz: é fim.

Rosto em pranto,
mãe desvela:
A dor da avó que se cancela,
perde o nome, a luz, a estrela,
mas é encanto,
é vela.

Diz que a vó já melhora,
mas voltou a esquecer...
precisará nova aurora
pra memória renascer.
Sou neto, mas nessa hora,
sou quem aprende a entender.

Lágrima escorre
num luto que me socorre,
mas nada se morre.

Goteira,
pinga o teto.
A vida pede um projeto.
Eu movo tudo, verso incompleto.
A poesia espera.
Sou neto.

Saudoso da fazenda do avô
criei memórias por todo canto,
gente boa, gente à toa,
gente molhada de pranto.
Mas a chuva já passou
e é tempo de novo encanto.

Recuo o sofá,
cada pingo me ensinará
o que o lar será.

Finda a lição,
digo a eles:
Cuidar é nobre entre os papéis.
Querem escrever,
escrevam com empolgação
Comecem e passem a crer
A imortalidade é dimensão
Que cada um vigie seus painéis
Crie bem estar a quem ler,
com o coração,
sem véus.
Só poe hoje,
gratidao!

Decimar da Silveira Biagini
Na Cruz Alta-RS, aos 22 de julho de 2025
Após grata surpresa de consagração como autor homenageado.

Sombra dos Bons

Sombra dos Bons, pelo irmão Decimar
Semente
Em luz
Silente
Renasce o passo
Na palma do tempo desperto no chão

Sopro de infância ressoa no vale
A alvorada desce com olhos de linho
Pequenos em fila firmes atentos
Atravessam a relva com pés intuitivos
O chão os reconhece o céu os acolhe
E as vozes veladas tecem-lhes abrigo

Folhas em vigília
uma a uma sustenta
a lição do vento

Os velhos surgem como raízes cantantes
das suas mãos escorrem alvoradas
Não ensinam com frases mas com pulsos
inscrevendo saber no gesto miúdo
As crianças observam sem pressa
aprendem com os olhos não com o eco

O quadro é o firmamento translúcido
O giz é traço de memória arcana
Silêncios bordam sílabas de essência
E o recreio é rito entre constelações
Ali entre bancos de pedra e aurora
Desperta o verbo que jamais se apaga

Segue
Sereno
No rastro
Do que soube amar
E deixou perfume na dobra do mundo

Pátios sem limite
ensinam com sombra e luz
a forma do ser

No âmago oculto da escola da alma
Onde o tempo se curva ante o sentido
O ser se esculpe em silêncios sem ruído
E a flor do espírito medra e se acalma
Não há mestres só pulsa o que desarma
O ego antigo e o gesto endurecido
A lição é um fogo lento contido
Que arde ao sopro de quem sabe e não chama
Ali a criança e o ancião comungam
Ambos portando o mesmo ponto cego
Que o amor em espiral dissolve e alinha
A verdade se veste de quem pergunta
E o verbo eterno sutil sem apego
Se oculta no passo da criança sozinha

Olhos de alvor
acolhem sem distinguir
a voz ou o nome

As lições cessam quando há entendimento
E o gesto se transmuta em direção
Não é o destino que importa mas a clareira
Aberta no peito de quem partilha
As crianças se tornam sombra fértil
Quando escutam as pegadas do silêncio

Pulsa
O mundo
No sândalo
De quem não precisa
Ser lembrado para seguir eterno

Quando eu crescer desejo ser lembrança
do gesto invisível que ensinou a viver

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Refazimento

Voz
rasa e rara
no templo do corpo
toca
céu

na roda a fala se desprende
qual ramo em flor da consciência
desfia o tempo que transcende
nas fibras tênues da cadência
resgata o pulso que ressoa
e em doçura se perdoa

eco de tambores
nas pétalas do instante
escutai o som

retumba o couro sobre a terra
em rito antigo e eloquente
o som que a alma ainda encerra
ressoa firme e transcendente
ali se dança em fogo e sombra
com o sagrado que deslumbra

poesia pulsa
nas veias do mundo antigo
com gesto em flor

ergue-se a chama sobre a argila
do coração que já chorou
na mão que oferta, nunca humilha
na luz que acende onde apagou
bela é a força que acaricia
e no silêncio anuncia

vento emoldurado
na curva de uma canção
move o invisível

na partitura do improviso
a fala encontra seu lugar
no olhar comum se abre um riso
que sabe ver sem dominar
compaixão acena em névoa clara
o amor desce onde se prepara

ser
em silêncio
na roda do tempo
paira
paz

terça-feira, 15 de julho de 2025

As Três Peneiras

As Três Peneiras
Num pátio, além do tempo, ouvi o antigo

Com voz de vento disse antes de falares

Três provas d’alma hás de cumprir comigo

Três crivos são, escuta antes de contares

Se é verdadeira a ideia que persigo

Permanece após sombras e olhares

Pois só a luz, que em si for luz e abrigo

Resiste ao pó dos dias e dos altares

Se for, pergunto, é boa essa palavra

Faz bem, constrói, acalma ou fere e agrava

E ainda resta o crivo derradeiro

É útil? Serve à vida ou vai em vão?

Calei meu ser, o mestre, o derradeiro

Sumiu no ar, semente em minha mão

Decimar da Silveira Biagini

domingo, 13 de julho de 2025

Fé, Filhos, Filosofia e Fechamento


Fé, Filhos, Filosofia e Fechamento

Renasce um fole

na fé, novo dia verei

dorme minha prole

Deus é mais que voz

é lume que a dor bendiz

sem fazer alçapões

Quem busca já vem

com alma que se entreabriu

no nada que tem

Presença sem véu

invisível coração

no íntimo céu

Cuidar é abrir

um sulco por onde vem

razão de existir

A chama no fim

não morre quando anoitece

repousa em mim

Há mais do que faz

o gesto que não se vê

tem luz que refaz

Silêncio é clarim

que fala só para quem

vê eles, por fim

O Logos é lei

no coração de cada um

é ponte sem rei

Oro com eles, Deus

quem sente e não explica

presentes dos Céus

Um pai se desfaz

na pressa de ser inteiro

domingo dá paz

Presença sutil

que é vida dentro da vida

de um Deus infantil

sábado, 12 de julho de 2025

Poço do Bisavô Dorival

Poço do Urupú
Na Estância antiga à sombra do esplendor
Abriu-se o poço em fé suor e argila
Por mãos que o tempo embora passe exila
Mas deixa rastros vivos de labor

O balde canta ao descer com fervor
E chora ao vir que a dor também vacila
Tantas mudaram cousas pela vila
Mas não se altera o seio do sabor

Que sempre igual em térmica constância
Dezoito graus a água se revela
Mais fiel que a fugaz circunstância

No poço espelho oculto da querela
Vê-se que a essência vence a inconstância
E a vida é breve a água é sempre bela


Galpão Filosófico

Galpão Filosófico – Encontro de Decimar e Lindolfo Pires

Entre as macegas
o guri buscava norte
Pires fogo e mate

O velho limpava
com calma o couro da vida
guri escuta o chão

Cruz Alta ao longe
na bruma das coxilhas
o tempo cochila

Era açoriano
o sangue do moço inquieto
bailado no lombo

Causo não é só fala
é quando o tempo ensina
sem pressa ou cartaz

Pires com olhar
de jesuíta guarani
benzeu o porvir

Não sirvo patrão
sirvo a mim meu sentimento
liberdade é peão

Silêncio no galpão
cada brasa era palavra
que não se dizia

O menino ouviu
a coragem do tropeiro
sê tu sem agrado

Dos ancestrais veio
mais que terra ou cercania
a alma do campo

Pires partiu leve
deixando no moço um dom
ser lida do vento

Pires cochichava
com as galinhas do pátio
era amor que fala

A penacha ia
com ele dormir no baio
até ser trocada

Um fardo de álcool
tirou-lhe a companheira
pena por bebida

Guri viu nos olhos
do velho um breve remorso
com gosto de milho

Plantava feijão
e ensinava ao gurizote
colhe-se o que é

Feijão preto vai
no escuro da esperança
nasce igual o pé

Tinha dois cães seus
um cruzado com graxaim
chamado Respeito

O outro era ovelheiro
misturado em céu e cio
se chamava Sentinela

Esses dois me sabem
dizia entre mate e brasa
mais que muito douto

Falava com o chão
com vento e com formigueiro
como a um compadre

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Decantado ao Silêncio

Decantado ao Silêncio
Silêncio antigo, véu de madrugada

que embala os passos da alma que pensa

és vinho puro, na taça guardada

em tua ausência, o verbo dispensa

Não gritas nunca, mas dizes inteiro

o que o ruído jamais traduzira

a dor, o gozo, o olhar verdadeiro

que no murmúrio do nada respira

No teu decanto, tudo se revela

a sombra leve, a música oculta

a paz que canta sem abrir a cela

da carne tensa, que ao tempo resulta

Fica, silêncio, sê meu confessor

meu doce amparo, vinho e amor

Decimar da Silveira Biagini

Observador quântico


Vibra a mente azul
Num silêncio que enxerga
O tempo é sutil
No silêncio gelado do núcleo escondido
Um qubit respira num tempo expandido
Oscila em mistério num mar de talvez
Enquanto o universo assiste em altivez

Somos a dúvida viva no centro do ser
Somos a onda que escolhe o que vai acontecer

Não é bit não é onda é semente infinita
Que ao toque do olhar já se agita e se evita
Quem vê altera quem sente revela
O véu da matéria se dobra à janela

Somos a dúvida viva no centro do ser
Somos a onda que escolhe o que vai acontecer

Um sopro de Akita um lampejo de luz
Mostra a consciência que tudo conduz
Não por magia mas por sintonia
A mente se alinha à nova energia

Será que este cérebro feito de pó
Decifra o milagre e o torna maior
Ou somos talvez partitura sutil
Do Grande Observador num ensaio infantil

Somos a dúvida viva no centro do ser
Somos a onda que escolhe o que vai acontecer

A máquina pulsa mas teme a presença
Precisa do vácuo da fria ausência
Mas e se um dia num salto inaudito
Unirmos o espírito ao circuito bendito

Quem sabe um monge em paz ressonante
Codifique a alma num chip vibrante
E a tecnologia enfim se curve à essência
Tornando-se ponte da pura consciência

Somos a dúvida viva no centro do ser
Somos a onda que escolhe o que vai acontecer

Voo sem saber
O olhar desata os fios
E o nada é poder

Sorriso de Valentina

Sorriso de Valentina
Luz do sol em flor
seu sorriso tem calor
canta sem temor

Brilha sem medida
é ternura convertida
em festa de vida

Nos olhos, clarão
alegria em explosão
riso em oração

Doce primavera
quando ela sorri sincera
a alma reverbera


quinta-feira, 10 de julho de 2025

Quem quer dinheiro?

Quem quer dinheiro?
Mão que não se vê

bate saliente prego

prosperar é fetiche



Um quintal pária

reforma o sonho escravo

Chama isso “pátria”



Cresce o capital

mas não alimenta bocas

engorda planilhas



Smith sonhou demais:

professores sem giz, pão

Livre mercado?



Quem herda, entrega

Quem sua, paga o jantar

Leviatã lhes pega



Terra produtiva

mas só para o parlamentar

Eleitor é biriva



Imposto é fardo

feliz é o banqueiro

Equidade, onde?



No planalto raso

governa o pai dos pobres

de gravata Hermes



Ensina a criança:

o Brasil é verde e ouro

na cueca alheia



Riem os jornais

enquanto Brasil ruma

ao abismo voraz

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Caminho da Verdade



Crê
Vem
Além
Paz que vem
Luz no além

Sou
Vôo
Por fé
Eco de Josué
O amor é o que é

Vim
Do fim
Pra ser
Teu saber
Ver o céu descer
Num verbo que faz renascer

Jesus falou com clareza
Não quis enigma ou segredo
Que a verdade é chama acesa
No peito de quem tem medo
Liberta não por dureza
Mas por amor sem degredo

Não é saber de cartilha
Nem decorar o sermão
Mas dar ao Cristo guarida
Dentro do próprio porão
Onde a mentira se empilha
E sufoca a evolução

Quem conhece a luz sincera
Não volta ao cárcere escuro
Mesmo que a dor reverbera
Segue em paz o plano puro
Pois verdade que liberta
É caminho mais seguro

Crer é ver além do mundo
É rasgar véu de ilusão
Não se trata de um segundo
Mas de eterna direção
Na verdade está o fundo
Da celeste redenção

Véu rasgado em mim
A verdade era o espelho
Vi Deus no além fim

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Jogaremos à "vera" ou à "brics"?

Jogaremos à "vera" ou à "BRICS"?

Dei uma olhada nas últimas invenções registradas este ano, para meu azar, não resisti e dei uma rolada nas páginas de política nacional e internacional, derrapada espiritual da semana, tenho vibrado igual pipa louca.


Robô na Lua Gelada


Busca em céu profundo

vida escondida no fundo

vem o robô vagabundo


Nanorrobôs Contra o Câncer


Minúsculo herói

dentro da veia se foi

mata o mal e dói


Material Inquebrável


Mais leve que o ar

resiste sem se quebrar

só o preço vai pesar


Criatura do Abismo


Brilha no escuro

no mar profundo e maduro

faz o Nemo ficar puro


Purificador Solar


Do sol vem o bem

água limpa puro zen

se o inverno deixar também


Partícula Misteriosa


No cosmos se vê

uma partícula por quê

nem Einstein sabe o quê


Colher de Duzentos Dólares


Por esse valor

espero com muito amor

que ela me chame de senhor


Invenção tem de monte, juízo tá em falta


Eu até inventei esta semana de ver a promoção daquele garoto propaganda que foi pai do Chris, tinha quatro empregos, mas não há nenhuma novidade lá nos preços, poderia criar um novo seriado, "todo mundo odeia o 7/7.


O mundo não cansa de inventar. Quando a gente pensa que já tem mais tecnologia do que juízo, lá vem novidade. Botaram um robô pra farejar vida em lua gelada, que é quase o equivalente espacial de procurar minhoca em pedra. Mandaram nanorrobôs pra dentro das veias, combatendo o câncer, o que é bonito, mas aqui no Brasil o que entra na nossa veia primeiro é o imposto. Criaram um material forte e leve, que, pelo preço, deve ser mais pesado que dívida de pequeno agricultor. No fundo do mar acharam bicho que brilha. No fundo do Brasil, só se acha recibo de promessa quebrada. Fizeram purificador solar, ótimo, desde que o sol lembre de aparecer, porque por aqui até o clima entra em recesso. Descobriram partícula misteriosa no universo, mas o grande mistério brasileiro segue sendo onde foi parar o salário depois do dia 5. E, por fim, a colher de plástico de duzentos dólares, que só pode ser invenção de quem já resolveu todos os problemas do mundo e agora se diverte enganando rico.


Enquanto isso, o Brasil segue firme… firme na incerteza, tropeçando em buraco de rua e tentando explicar pro mundo como é que um país tão rico em gente boa consegue ser tão criativo em problema.


E aí chega o Trump, batendo no peito, dizendo que os BRICS são ameaça pros Estados Unidos. Ah, Trump, não me faça rir que eu tô com os dentes da frente fracos!


BRICS, meu caro, é tipo reunião de condomínio com vizinho esquisito: todo mundo discute, ninguém se entende, e no final a única certeza é que vai aumentar a taxa.


Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Argentina, Irã… Já virou baile municipal, entra quem quer, sai quem pode. Todo mundo promete, aperta a mão, tira foto bonita, e depois volta pra casa com inflação, crise e o WhatsApp cheio de corrente.


E o Brasil no meio, com cara de quem foi ao baile de terno alugado e descobriu que a gravata tá torta. A gente diz que tá no BRICS pra fortalecer o país, mas, no fundo, o Brasil parece aquele parente que se mete na briga dos grandes e, quando vê, tá pagando a conta sem ter comido no churrasco.


E cá entre nós: se é pra ameaçar os Estados Unidos, antes a gente teria que conseguir arrumar o sinal da internet no interior, tapar os buracos da estrada e fazer o preço do arroz caber no bolso do povo, agora o arroz baixou e já tem agricultor fazendo as contas, mas não ligo pois estou na região do trigo e se pensar como um BRIC eu faço um clube cruz-altense e fundo uma autocracia das coxilhas de arroz, pão e charque, só vai faltar o Bento, ninguém preso lá na Bahia viria até São Borja, talvez até viesse, mas com tornozeleira chinesa ou americana? Depois disso, quem sabe…


Por enquanto, seguimos com as invenções de ponta, a política de esquina e o BRICS, que mais parece aquele truco jogado na praça: muito grito, pouca carta boa.

Crônica de um Despertar Fora do Corpo

Crônica de um Despertar Fora do Corpo

 

Em maio de 2021, 26 dias internado, seis mudanças de quarto, noventa por cento de infecção nos pulmões, um livro reiki como filosofia de vida para eventual meditação e orações ecumênicas de parentes, irmãos de antigas crenças, e amigos de todos os cantos do mundo.

Com diabete medicamentosa sem precedentes, glicose em 700, ferritina em 1500, quatro epifanias vendo a própria Nossa Senhora de Fátima me dar alta em vidência futura, morfina e todo tipo de tentação para não retornar em ecstase com entidades harmônicas, iluminadas e entes queridos noutra dimensão, entendi que não era a hora e era preciso mudar meus pensamentos e intenções.

 

Sempre achei que falar da morte era como tentar segurar névoa com as mãos — escapa, se desfaz, e ainda assim permanece ali, rondando. Cresci, como tantos, com essa pequena e teimosa sabedoria humana: acreditar que a morte é o fim, o ponto final da história. Mas foi preciso sair do corpo para entender que, na verdade, ela é só uma vírgula. Um breve respiro entre parágrafos.

 

Minha iniciação como reikiano foi o primeiro sussurro desse outro lado. Energia pelas mãos, calor invisível, a certeza de que somos mais do que carne, mais do que os limites do espelho. Mas foi na travessia silenciosa do COVID, quando o corpo quase desistiu e a alma quase partiu, que compreendi de fato o quanto somos vastos.

 

Não fui embora. Não era hora. Talvez, porque a ideia de partir sozinho, numa sala fria, sem o calor das mãos amadas, me parecia o maior dos exílios. Vi outros indo assim — sós, entubados, cercados por olhares cansados, por medo, por protocolos. E, ironicamente, foi fora do corpo que estive mais próximo deles.

 

Sim, saí. Atravessei paredes como se fossem véus. Flutuei sobre leitos, observei os médicos, as enfermeiras, o vai-e-vem abafado de corredores que muitos nem imaginam. Conversei com outros espíritos, com gente que também pairava ali, à margem entre o agora e o além. Não é história de filme ou sonho mal dormido — é experiência, tão real quanto o toque de uma mão ou o som do coração no peito.

 

E todos, sem exceção, diziam o mesmo: "Não era assim que queríamos ir". Queriam o adeus sereno, o carinho ao lado, a permissão sussurrada: "Pode ir, meu amor, tua missão está cumprida". O medo não é do fim, é da solidão. É da frieza clínica, da falta de poesia no adeus.

 

Voltei. Com essa missão difícil de explicar o inexplicável. De dizer, sem forçar, que a mecânica quântica já cochicha segredos milenares. Que os maiores gênios, laureados de Nobel, já admitem o dedilhar de uma inteligência maior, um sopro criador além da carne.

 

E mais: os pensamentos moldam a cura. Vi cegos de nascença saírem do corpo e descreverem o que nunca viram com olhos terrenos, detalhes verificados que fariam corar de vergonha o ceticismo mais empedernido.

 

Por isso, digo sem titubear: a morte é ilusão para o ego. Quando nos despimos desse medo, abrimos a porta da consciência cósmica. Revemos rostos queridos, reencontramos divindades que sussurram em nossa linguagem interna.

 

O desafio? Ter médicos mais ousados. Menos eutanásia, mais medicina da ternura, do alívio, do cuidado até o último suspiro. Permitir ao outro o ir-se, mas com dignidade, com amor, com as palavras certas: "Vai, cumpriste tua jornada. Aqui, as memórias serão teu altar".

 

Difícil? Muito. Mas é o que posso dizer depois de atravessar o invisível e voltar. Acreditem: nada acaba aqui.

 

Véu se desfaz, luz

a vida escorre no tempo

nada termina.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Reflex

Chama
Alma
Calma
Dorme enfim
Canta assim
Centro sem fim

No espelho da dor
o homem busca o amor
renasce o valor

Não busques razão
o amor gera a alma em vão
se há negação

Ferida que ardeu
na ausência de amor nasceu
mas não se perdeu

Aceita-te enfim
a alma tem seu jardim
cresceu querubim

O que é sofrer
é falta de se entender
de se acolher

Mas todo pesar
é convite a mergulhar
pra te restaurar

No centro escondido
habita o reunido
ser redescoberto

Primeiro o psiquê
nasce antes do porquê
depois se vê

O espírito vem
quando chão também contém
raiz de além

Psique e oração
se dão na tua comunhão
no coração

Quem ama a ferida
descobre que a vida
é reunida

Assim sem temor
alma e novo esplendor
se buscam na dor

No espelho do ser
vês teu amor renascer
ao te acolher

Crê
Ser
Sombra e luz
Chama conduz
Torna-te a cruz

De Renguear

Qual tema nos poemas mais te atrai?