Soneto à Suprema Verdade

Mestre que habita além da criação  

Refúgio eterno onde a pureza mora  

A Ti recorre o tempo que devora  

E em Ti repousa toda a perfeição  

Não-nascido és a luz da imensidão  

Que rege os céus e o caos que se assola  

Os sábios cantam Teu nome desde outrora  

E em Ti se dobra a voz da intuição  

Aceito em fé a essência que revelas  

Verdade além do mundo em sua forma  

Mistério eterno aos píncaros das eras  

És força viva que o universo transforma  

O Todo e o Nada em Tua mão imperas  

Enquanto a eternidade em Ti se conforma

Soneto do tropeiro

Soneto do Tropeiro

Cruz Alta, a terra minha, tão querida

De onde os campos largos me chamavam

Mula tangia, as rédeas se atiravam

E a estrada dura moldava a nossa lida

Com sonhos ao mercado de Sorocaba

Carrego a tropa e o fado a tiracolo

Por serras, rios, em silêncio e solo

A pampa atrás e a venda que me aguarda

O mate quente acalma as mãos cansadas

Enquanto o céu azul firma as jornadas

Na lua clara, a viola em rimas canta

Pelos muares, tropeço nas lembranças

Do pago fico preso às esperanças

Na lida rude, a alma é quem levanta

Decimar da Silveira Biagini

Homenagem à Jeremias da Silveira