DECIMAR BIAGINI

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Advogado e Poeta Cruzaltense

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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Sombra dos Bons

Sombra dos Bons, pelo irmão Decimar
Semente
Em luz
Silente
Renasce o passo
Na palma do tempo desperto no chão

Sopro de infância ressoa no vale
A alvorada desce com olhos de linho
Pequenos em fila firmes atentos
Atravessam a relva com pés intuitivos
O chão os reconhece o céu os acolhe
E as vozes veladas tecem-lhes abrigo

Folhas em vigília
uma a uma sustenta
a lição do vento

Os velhos surgem como raízes cantantes
das suas mãos escorrem alvoradas
Não ensinam com frases mas com pulsos
inscrevendo saber no gesto miúdo
As crianças observam sem pressa
aprendem com os olhos não com o eco

O quadro é o firmamento translúcido
O giz é traço de memória arcana
Silêncios bordam sílabas de essência
E o recreio é rito entre constelações
Ali entre bancos de pedra e aurora
Desperta o verbo que jamais se apaga

Segue
Sereno
No rastro
Do que soube amar
E deixou perfume na dobra do mundo

Pátios sem limite
ensinam com sombra e luz
a forma do ser

No âmago oculto da escola da alma
Onde o tempo se curva ante o sentido
O ser se esculpe em silêncios sem ruído
E a flor do espírito medra e se acalma
Não há mestres só pulsa o que desarma
O ego antigo e o gesto endurecido
A lição é um fogo lento contido
Que arde ao sopro de quem sabe e não chama
Ali a criança e o ancião comungam
Ambos portando o mesmo ponto cego
Que o amor em espiral dissolve e alinha
A verdade se veste de quem pergunta
E o verbo eterno sutil sem apego
Se oculta no passo da criança sozinha

Olhos de alvor
acolhem sem distinguir
a voz ou o nome

As lições cessam quando há entendimento
E o gesto se transmuta em direção
Não é o destino que importa mas a clareira
Aberta no peito de quem partilha
As crianças se tornam sombra fértil
Quando escutam as pegadas do silêncio

Pulsa
O mundo
No sândalo
De quem não precisa
Ser lembrado para seguir eterno

Quando eu crescer desejo ser lembrança
do gesto invisível que ensinou a viver

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