*Água cai,*
*cobre o velho.*
*Bigode de neve, estranho espelho.*
*Corcunda afunda sem apelo,*
*me entrega um céu,*
*se vai.*
Um pacote de valores
me cai sem eu pedir,
partilho com meus amores,
três almas a repartir:
o rico de bons ardores,
o culto a se expandir.
Chuva sobre mim,
parto os bens como um clarim,
a alma diz: é fim.
*Rosto em pranto,*
*mãe desvela:*
*A dor da avó que se cancela,*
*perde o nome, a luz, a estrela,*
*mas é encanto,*
*é vela.*
Diz que a vó já melhora,
mas voltou a esquecer...
precisará nova aurora
pra memória renascer.
Sou filho, mas nessa hora,
sou quem aprende a entender.
Lágrima escorre
num colo que me socorre,
mas nada se morre.
*Goteira,*
*pinga o teto.*
*A casa pede um projeto.*
*Eu movo tudo, sou completo.*
*A paz espera.*
*Sou neto.*
Na fazenda do avô
tinha gente de todo canto,
gente boa, gente à toa,
gente molhada de pranto.
Mas a chuva já passou
e é tempo de novo encanto.
Recuo o sofá,
cada pingo me ensinará
o que o lar será.
*Finda a lição,*
*digo a eles:*
*Cuidar é nobre entre os papéis.*
*Que cada um vigie os painéis,*
*com o coração,*
*sem véus.*
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