DECIMAR BIAGINI

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Advogado e Poeta Cruzaltense

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sábado, 12 de julho de 2025

Galpão Filosófico

Galpão Filosófico – Encontro de Decimar e Lindolfo Pires

Entre as macegas
o guri buscava norte
Pires fogo e mate

O velho limpava
com calma o couro da vida
guri escuta o chão

Cruz Alta ao longe
na bruma das coxilhas
o tempo cochila

Era açoriano
o sangue do moço inquieto
bailado no lombo

Causo não é só fala
é quando o tempo ensina
sem pressa ou cartaz

Pires com olhar
de jesuíta guarani
benzeu o porvir

Não sirvo patrão
sirvo a mim meu sentimento
liberdade é peão

Silêncio no galpão
cada brasa era palavra
que não se dizia

O menino ouviu
a coragem do tropeiro
sê tu sem agrado

Dos ancestrais veio
mais que terra ou cercania
a alma do campo

Pires partiu leve
deixando no moço um dom
ser lida do vento

Pires cochichava
com as galinhas do pátio
era amor que fala

A penacha ia
com ele dormir no baio
até ser trocada

Um fardo de álcool
tirou-lhe a companheira
pena por bebida

Guri viu nos olhos
do velho um breve remorso
com gosto de milho

Plantava feijão
e ensinava ao gurizote
colhe-se o que é

Feijão preto vai
no escuro da esperança
nasce igual o pé

Tinha dois cães seus
um cruzado com graxaim
chamado Respeito

O outro era ovelheiro
misturado em céu e cio
se chamava Sentinela

Esses dois me sabem
dizia entre mate e brasa
mais que muito douto

Falava com o chão
com vento e com formigueiro
como a um compadre

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