vi
trem
num clarão
ecoando o chão
na caverna sem manhã
nos trilhos sem tempo andava
levando almas sem lar
estava só
mas
sabia
o fim
não
viria
se a luz fosse trilha
gritei pra dentro do escuro
sigam —
e fiz-me caminho
No trem iam os cansados
últimos filhos da Terra
calados
rostos quebrados
com a dor dentro da serra
o mundo fora calcinado
pela ganância da guerra
mas meu peito era o passado
que a esperança ainda encerra
Um túnel
velho e fechado
onde o medo se agasalha
ergueu-se em breu espraiado
feito entranha que trabalha
mas com força e fé cravada
abri frestas na muralha
cada trilho resgatado
era a lâmina da navalha
Com palavras
de cometa
tracei mapa e direção
meu olhar virou luneta
mirando outra estação
e a noite
feita poeta
rendeu-se à inspiração
foi quando a cidade aberta
surgiu clara
redenção
Lá havia uma estação
com seu nome em letras vivas
esperança
e salvação
nos arcos das passagens divas
e quem antes era vão
renascia em perspectivas
pois do sonho e da missão
brotam forças
criativas
Sopros do shofar soam
invisíveis a quem teme
mas chamam os justos
a reerguer mundos
com poesia
e coragem
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