No deserto ecoa a voz que clama
João Batista, profeta em jornada
Rugindo no vento, com alma calada
Anuncia o Redentor, a luz que inflama
Filho de Isabel, sangue do coração
De pais humildes, mas de nobre missão
No ermo viveu, em busca da redenção
Preparando os caminhos, o fiel chão
Com camisas de pele e mel a sustentar
No Jordão, batizou, a todos a chamar
Arrependei-vos, dizia, é tempo de mudar
E a chegada do Messias não pode esperar
Humilde na essência, sem querer ostentar
Ele, o último profeta, queria só preparar
Dizia que não era ele o Salvador
Mas um humilde servo, ante o Senhor
Nos Evangelhos e em textos perdidos
Falam de visões, de mistérios proibidos
De uma voz que ressoava em sonhos antigos
Onde João e Jesus compartilhavam sentidos
Na areia do deserto, a sabedoria se fez
Em sua voz, o eco das profecias, a fé
Sabia que não era ele o Salvador
Mas um humilde servo, ante o Senhor
O primo de João, o Filho Divino
Vem para curar, para dar o destino
O batismo do arrependimento se torna divino
E o Messias se revela, o caminho a seguir
No deserto, João esperava sem cessar
O Redentor prometido, a verdade a brilhar
E mesmo em sua dor, a fé nunca a vacilar
Sabia que seu propósito era preparar
Em humildade, João perdeu-se na vida
Mas sua voz, em ecos, permanece erguida
E o verbo feito carne, na cruz, na subida
Cumpre o que o deserto, profeticamente, dizia
Decimar da Silveira Biagini
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