Que me perco ali pensando
Cruz Alta, terra saudade
Em memórias devaneando
O que é ser-cidade, viver?
O que é vê-la sem sofrer?
Sinto de repente o pouco
Vácuo, o instante, o lugar
Tudo em torno soa oco
Mesmo o meu ser a pensar
Viver a poesia, com vento em sopro
Sussurro de memórias ancestrais
A perder amigos e entes pouco a pouco
Menos aniversários e mais funerais
Tudo, eu e os prédios em redor
Fica mais que exterior
Perde logo o ser, a cor
Cafés extintos, vias com novo nome
Nos cemitérios sem valor
Sobre galerias do subsolo trancadas
Caminho a Pinheiro sem cor
Onde outrora cinemas, lojas iluminadas
Na praça, Veríssimo, jaz estátua
Verdadeira paz do escritor
Cruz Alta, cidade de fé e sorte
História e versos, pulsar encantado
Cosmo e Cristo, pioneiros fortes
Mística, Portal, legado sagrado
Espírito espreita, tenta ajudar
A cidade vive, poesia permanece
Plantio e colheita, Verbo a sondar
Tudo que se planta cresce
Passeios e rimas, cumpre a nós, semear
Decimar da Silveira Biagini
Poema metafísico
14 de agosto de 2024
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