Um mundo sem os avós
É como relógio sem um ponteiro
O mais lento até se vira a sós
Mas é sem noção ter só o ligeiro
Santa Ana e São Joaquim
Pais da virgem Maria
São avós do maior Querubim
E estéreis, quem diria
Marcar o passo com sabedoria
Onde se orienta o crescimento
Uma estaca à planta que vinga
Os avós são o direcionamento
Adoçam e ajudam os sem tempo
Mas são os que menos possuem
Daí a generosidade e o ensinamento
Pois areias da ampulheta se diluem
Lamentam apenas o tempo perdido
Então facilitam aos recém chegados
E os magoados ou ressentidos
No devido tempo serão consolados
Os avós são o poema na garrafa
Jogados na deriva das águas
O gole tomado na sagrada taça
O elo perdido, a arca da aliança
São marcos do amadurecimento
Nos trazem a verdadeira graça
Honra e lembrança, amor e firmamento
Decimar Biagini
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