Há uma viagem que amo
Onde poesia parece reinar
Não importa se a estrada tem lama
É o retorno ao meu lar
Quando chego no querência
CTG de meu ancestral avô
Lembro da doce infância
Dançava tatu e vaneira
Desfilava no lombo de um zaino
Em tordilho e égua marchadeira
Na churrascaria tinha amigo
Na esquina do terreno baldio
Todo piá ficava escondido
Para pedir bala no Dariu
Jogava bola com poço e tudo
Quando caia era aventura
Para resgatar tinha que ter brio
Olhar para baixo até ficar mudo
Para todos que vêm e vão;
Lembram dos pneus empilhados
Para fogueira de São João
Os amores-perfeitos na janela
Esperando os casamentos e pular brasa
Boa parada era a mais bela
Dali até o campo do tio Maza
Nada restou como antes
A vila perdeu para o progresso
Ficou a avenida Xavantes
E um barulho perverso
As luas do céu do outono
Só na foto da memória
Os baldios hoje têm dono
E a infância virou história
Decimar Biagini
25 de junho de 2022
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