DECIMAR BIAGINI

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Advogado e Poeta Cruzaltense

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Os tempos são outros!


Enquanto o ódio se expande
Guerra, alta do diesel e gasolina
Me aproximo do Rio Grande
Mateando em Santa Catarina

Enquanto o tempo sangra
O peito dos que se afastam
Sinto saudade da sanga
E essas memórias já bastam

As guerras eram de tabatinga
Argila comum da região
Explico como era divertida

Cada criança, sorrindo se vinga
Lava a mancha e não deixa vergão
Se cansa, fica na berlinda
E pode levar por descuido torrão

Hoje as guerras são essas
Lutar pela sobrevivência
Ser exigido por promessas
E pedir ao filho obediência

Olhar jornal na noturna sorte
- em silêncio virou privilégio -
Só se escuta desgraça e morte
E ninguém ensina a pagar o colégio

Tampouco sobre ponto de corte
Ou sobre como educar o filho
A novela? Só cena forte
Sobra a saudade de roubar milho

Onde a lavoura era calma
Entardecer tinha sopa
E nutria até a mais vil alma
Férias com pouca muda de roupa

A vida era tão simples
Não se falava em engarrafamento
As crianças eram ouvintes
E em volta do fogo levavam tempo

De noite, guerra de travesseiro
Sim, nada de Trump e Irã
O tempo não passava ligeiro
Ainda dava para escutar sapo e rã

De manhã, ordenhar vacas
Colher ovos e contar ovelhas
Cortar taquaras e estacas
Desviar das cachopas de abelhas

Meio dia, abóbora açucarada
Carne de panela com mandioca
A mesa cheia de criançada
E a gateada em volta provoca

Entre um miado e outro
Ossos pros cuscos na ordem
Pronta outra guerra
Não fosse os que não mordem
Por que alguém logo berra
"Jáaaaa", os novos que se acomodem
Ficava pras que amamentam as feras

A cachorra ovelheira, Xuxa
O mais velho, Pelé
A cuscada cruzada, Banzé
E o resto?  A memória ainda puxa
O pelo vinagre Respeito, o Sentinela
Coisas de gente Gaúcha
Que deu seu jeito e não viveu na janela

Decimar Biagini

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