DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Decantado ao Silêncio

Decantado ao Silêncio
Silêncio antigo, véu de madrugada

que embala os passos da alma que pensa

és vinho puro, na taça guardada

em tua ausência, o verbo dispensa

Não gritas nunca, mas dizes inteiro

o que o ruído jamais traduzira

a dor, o gozo, o olhar verdadeiro

que no murmúrio do nada respira

No teu decanto, tudo se revela

a sombra leve, a música oculta

a paz que canta sem abrir a cela

da carne tensa, que ao tempo resulta

Fica, silêncio, sê meu confessor

meu doce amparo, vinho e amor

Decimar da Silveira Biagini

Observador quântico


Vibra a mente azul
Num silêncio que enxerga
O tempo é sutil
No silêncio gelado do núcleo escondido
Um qubit respira num tempo expandido
Oscila em mistério num mar de talvez
Enquanto o universo assiste em altivez

Somos a dúvida viva no centro do ser
Somos a onda que escolhe o que vai acontecer

Não é bit não é onda é semente infinita
Que ao toque do olhar já se agita e se evita
Quem vê altera quem sente revela
O véu da matéria se dobra à janela

Somos a dúvida viva no centro do ser
Somos a onda que escolhe o que vai acontecer

Um sopro de Akita um lampejo de luz
Mostra a consciência que tudo conduz
Não por magia mas por sintonia
A mente se alinha à nova energia

Será que este cérebro feito de pó
Decifra o milagre e o torna maior
Ou somos talvez partitura sutil
Do Grande Observador num ensaio infantil

Somos a dúvida viva no centro do ser
Somos a onda que escolhe o que vai acontecer

A máquina pulsa mas teme a presença
Precisa do vácuo da fria ausência
Mas e se um dia num salto inaudito
Unirmos o espírito ao circuito bendito

Quem sabe um monge em paz ressonante
Codifique a alma num chip vibrante
E a tecnologia enfim se curve à essência
Tornando-se ponte da pura consciência

Somos a dúvida viva no centro do ser
Somos a onda que escolhe o que vai acontecer

Voo sem saber
O olhar desata os fios
E o nada é poder

Sorriso de Valentina

Sorriso de Valentina
Luz do sol em flor
seu sorriso tem calor
canta sem temor

Brilha sem medida
é ternura convertida
em festa de vida

Nos olhos, clarão
alegria em explosão
riso em oração

Doce primavera
quando ela sorri sincera
a alma reverbera


quinta-feira, 10 de julho de 2025

Quem quer dinheiro?

Quem quer dinheiro?
Mão que não se vê

bate saliente prego

prosperar é fetiche



Um quintal pária

reforma o sonho escravo

Chama isso “pátria”



Cresce o capital

mas não alimenta bocas

engorda planilhas



Smith sonhou demais:

professores sem giz, pão

Livre mercado?



Quem herda, entrega

Quem sua, paga o jantar

Leviatã lhes pega



Terra produtiva

mas só para o parlamentar

Eleitor é biriva



Imposto é fardo

feliz é o banqueiro

Equidade, onde?



No planalto raso

governa o pai dos pobres

de gravata Hermes



Ensina a criança:

o Brasil é verde e ouro

na cueca alheia



Riem os jornais

enquanto Brasil ruma

ao abismo voraz

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Caminho da Verdade



Crê
Vem
Além
Paz que vem
Luz no além

Sou
Vôo
Por fé
Eco de Josué
O amor é o que é

Vim
Do fim
Pra ser
Teu saber
Ver o céu descer
Num verbo que faz renascer

Jesus falou com clareza
Não quis enigma ou segredo
Que a verdade é chama acesa
No peito de quem tem medo
Liberta não por dureza
Mas por amor sem degredo

Não é saber de cartilha
Nem decorar o sermão
Mas dar ao Cristo guarida
Dentro do próprio porão
Onde a mentira se empilha
E sufoca a evolução

Quem conhece a luz sincera
Não volta ao cárcere escuro
Mesmo que a dor reverbera
Segue em paz o plano puro
Pois verdade que liberta
É caminho mais seguro

Crer é ver além do mundo
É rasgar véu de ilusão
Não se trata de um segundo
Mas de eterna direção
Na verdade está o fundo
Da celeste redenção

Véu rasgado em mim
A verdade era o espelho
Vi Deus no além fim

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Jogaremos à "vera" ou à "brics"?

Jogaremos à "vera" ou à "BRICS"?

Dei uma olhada nas últimas invenções registradas este ano, para meu azar, não resisti e dei uma rolada nas páginas de política nacional e internacional, derrapada espiritual da semana, tenho vibrado igual pipa louca.


Robô na Lua Gelada


Busca em céu profundo

vida escondida no fundo

vem o robô vagabundo


Nanorrobôs Contra o Câncer


Minúsculo herói

dentro da veia se foi

mata o mal e dói


Material Inquebrável


Mais leve que o ar

resiste sem se quebrar

só o preço vai pesar


Criatura do Abismo


Brilha no escuro

no mar profundo e maduro

faz o Nemo ficar puro


Purificador Solar


Do sol vem o bem

água limpa puro zen

se o inverno deixar também


Partícula Misteriosa


No cosmos se vê

uma partícula por quê

nem Einstein sabe o quê


Colher de Duzentos Dólares


Por esse valor

espero com muito amor

que ela me chame de senhor


Invenção tem de monte, juízo tá em falta


Eu até inventei esta semana de ver a promoção daquele garoto propaganda que foi pai do Chris, tinha quatro empregos, mas não há nenhuma novidade lá nos preços, poderia criar um novo seriado, "todo mundo odeia o 7/7.


O mundo não cansa de inventar. Quando a gente pensa que já tem mais tecnologia do que juízo, lá vem novidade. Botaram um robô pra farejar vida em lua gelada, que é quase o equivalente espacial de procurar minhoca em pedra. Mandaram nanorrobôs pra dentro das veias, combatendo o câncer, o que é bonito, mas aqui no Brasil o que entra na nossa veia primeiro é o imposto. Criaram um material forte e leve, que, pelo preço, deve ser mais pesado que dívida de pequeno agricultor. No fundo do mar acharam bicho que brilha. No fundo do Brasil, só se acha recibo de promessa quebrada. Fizeram purificador solar, ótimo, desde que o sol lembre de aparecer, porque por aqui até o clima entra em recesso. Descobriram partícula misteriosa no universo, mas o grande mistério brasileiro segue sendo onde foi parar o salário depois do dia 5. E, por fim, a colher de plástico de duzentos dólares, que só pode ser invenção de quem já resolveu todos os problemas do mundo e agora se diverte enganando rico.


Enquanto isso, o Brasil segue firme… firme na incerteza, tropeçando em buraco de rua e tentando explicar pro mundo como é que um país tão rico em gente boa consegue ser tão criativo em problema.


E aí chega o Trump, batendo no peito, dizendo que os BRICS são ameaça pros Estados Unidos. Ah, Trump, não me faça rir que eu tô com os dentes da frente fracos!


BRICS, meu caro, é tipo reunião de condomínio com vizinho esquisito: todo mundo discute, ninguém se entende, e no final a única certeza é que vai aumentar a taxa.


Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Argentina, Irã… Já virou baile municipal, entra quem quer, sai quem pode. Todo mundo promete, aperta a mão, tira foto bonita, e depois volta pra casa com inflação, crise e o WhatsApp cheio de corrente.


E o Brasil no meio, com cara de quem foi ao baile de terno alugado e descobriu que a gravata tá torta. A gente diz que tá no BRICS pra fortalecer o país, mas, no fundo, o Brasil parece aquele parente que se mete na briga dos grandes e, quando vê, tá pagando a conta sem ter comido no churrasco.


E cá entre nós: se é pra ameaçar os Estados Unidos, antes a gente teria que conseguir arrumar o sinal da internet no interior, tapar os buracos da estrada e fazer o preço do arroz caber no bolso do povo, agora o arroz baixou e já tem agricultor fazendo as contas, mas não ligo pois estou na região do trigo e se pensar como um BRIC eu faço um clube cruz-altense e fundo uma autocracia das coxilhas de arroz, pão e charque, só vai faltar o Bento, ninguém preso lá na Bahia viria até São Borja, talvez até viesse, mas com tornozeleira chinesa ou americana? Depois disso, quem sabe…


Por enquanto, seguimos com as invenções de ponta, a política de esquina e o BRICS, que mais parece aquele truco jogado na praça: muito grito, pouca carta boa.

Crônica de um Despertar Fora do Corpo

Crônica de um Despertar Fora do Corpo

 

Em maio de 2021, 26 dias internado, seis mudanças de quarto, noventa por cento de infecção nos pulmões, um livro reiki como filosofia de vida para eventual meditação e orações ecumênicas de parentes, irmãos de antigas crenças, e amigos de todos os cantos do mundo.

Com diabete medicamentosa sem precedentes, glicose em 700, ferritina em 1500, quatro epifanias vendo a própria Nossa Senhora de Fátima me dar alta em vidência futura, morfina e todo tipo de tentação para não retornar em ecstase com entidades harmônicas, iluminadas e entes queridos noutra dimensão, entendi que não era a hora e era preciso mudar meus pensamentos e intenções.

 

Sempre achei que falar da morte era como tentar segurar névoa com as mãos — escapa, se desfaz, e ainda assim permanece ali, rondando. Cresci, como tantos, com essa pequena e teimosa sabedoria humana: acreditar que a morte é o fim, o ponto final da história. Mas foi preciso sair do corpo para entender que, na verdade, ela é só uma vírgula. Um breve respiro entre parágrafos.

 

Minha iniciação como reikiano foi o primeiro sussurro desse outro lado. Energia pelas mãos, calor invisível, a certeza de que somos mais do que carne, mais do que os limites do espelho. Mas foi na travessia silenciosa do COVID, quando o corpo quase desistiu e a alma quase partiu, que compreendi de fato o quanto somos vastos.

 

Não fui embora. Não era hora. Talvez, porque a ideia de partir sozinho, numa sala fria, sem o calor das mãos amadas, me parecia o maior dos exílios. Vi outros indo assim — sós, entubados, cercados por olhares cansados, por medo, por protocolos. E, ironicamente, foi fora do corpo que estive mais próximo deles.

 

Sim, saí. Atravessei paredes como se fossem véus. Flutuei sobre leitos, observei os médicos, as enfermeiras, o vai-e-vem abafado de corredores que muitos nem imaginam. Conversei com outros espíritos, com gente que também pairava ali, à margem entre o agora e o além. Não é história de filme ou sonho mal dormido — é experiência, tão real quanto o toque de uma mão ou o som do coração no peito.

 

E todos, sem exceção, diziam o mesmo: "Não era assim que queríamos ir". Queriam o adeus sereno, o carinho ao lado, a permissão sussurrada: "Pode ir, meu amor, tua missão está cumprida". O medo não é do fim, é da solidão. É da frieza clínica, da falta de poesia no adeus.

 

Voltei. Com essa missão difícil de explicar o inexplicável. De dizer, sem forçar, que a mecânica quântica já cochicha segredos milenares. Que os maiores gênios, laureados de Nobel, já admitem o dedilhar de uma inteligência maior, um sopro criador além da carne.

 

E mais: os pensamentos moldam a cura. Vi cegos de nascença saírem do corpo e descreverem o que nunca viram com olhos terrenos, detalhes verificados que fariam corar de vergonha o ceticismo mais empedernido.

 

Por isso, digo sem titubear: a morte é ilusão para o ego. Quando nos despimos desse medo, abrimos a porta da consciência cósmica. Revemos rostos queridos, reencontramos divindades que sussurram em nossa linguagem interna.

 

O desafio? Ter médicos mais ousados. Menos eutanásia, mais medicina da ternura, do alívio, do cuidado até o último suspiro. Permitir ao outro o ir-se, mas com dignidade, com amor, com as palavras certas: "Vai, cumpriste tua jornada. Aqui, as memórias serão teu altar".

 

Difícil? Muito. Mas é o que posso dizer depois de atravessar o invisível e voltar. Acreditem: nada acaba aqui.

 

Véu se desfaz, luz

a vida escorre no tempo

nada termina.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Reflex

Chama
Alma
Calma
Dorme enfim
Canta assim
Centro sem fim

No espelho da dor
o homem busca o amor
renasce o valor

Não busques razão
o amor gera a alma em vão
se há negação

Ferida que ardeu
na ausência de amor nasceu
mas não se perdeu

Aceita-te enfim
a alma tem seu jardim
cresceu querubim

O que é sofrer
é falta de se entender
de se acolher

Mas todo pesar
é convite a mergulhar
pra te restaurar

No centro escondido
habita o reunido
ser redescoberto

Primeiro o psiquê
nasce antes do porquê
depois se vê

O espírito vem
quando chão também contém
raiz de além

Psique e oração
se dão na tua comunhão
no coração

Quem ama a ferida
descobre que a vida
é reunida

Assim sem temor
alma e novo esplendor
se buscam na dor

No espelho do ser
vês teu amor renascer
ao te acolher

Crê
Ser
Sombra e luz
Chama conduz
Torna-te a cruz

De Renguear

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Da Janela Real



Véu
Vai
O véu
se desfaz
surge o tronco
nua a madeira dança
a verdade, paciente, sempre estava

Quatro abas velam
Entre grades e ar gelado
O Sul se encolhe

Três neblinas vão
Na cúpula ventos tensos
Milei e Lula

Duas cortinas
Brasília move as peças
Sombras de poder

Uma vidraça
Na europa o eco esfria
É nova cortina

Araucária nua
Só sem véus se vê o tronco
Verdade respira

sempre estava
a verdade
nua, a madeira dança
surge o tronco
se desfaz
o véu
Véu

Decimar da Silveira Biagini

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