DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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sábado, 25 de outubro de 2025

Kharma da Lei do Retorno x Lei Imperialista

“Vomitam agora o que semearam quando zarparam das ilhas para trucidar a Índia, a África, a Austrália e o Caribe. Quem semeia vento colhe tempestade — os mortos colonizados despertaram, e voltam como corsários do espírito, guiados por uma vingança ancestral que sopra dos mares.”

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

A Graça dos Dias Iguais

A graça dos dias iguais

Hoje o sol veio cedo, e o calor, generoso, lembrou-me que cada amanhecer é um milagre repetido. Acordei com a voz doce — e firme — da minha filha pedindo a mamadeira, e logo veio o sermão: “só a mamãe sabe arrumar o meu cabelo”. Sorri. O cabelo é um emaranhado de fios, como a vida — e talvez ela já saiba disso, inconscientemente.

 

Enquanto o café gotejava na cafeteira programada por Fernanda, pensei em Aristóteles, que dizia que a felicidade reside nas pequenas ações bem feitas. A luta interna entre o pão puro e a mortadela sem toucinho foi quase um tratado sobre o livre-arbítrio: escolhas simples, mas que desenham o tom do dia.

 

Olho pela janela e vejo o mercado logo à frente. Uma bênção moderna — ter os legumes a poucos passos e o tempo suficiente para escolher cada um como quem escolhe ideias novas. Pico a alcatra, jogo os temperos, preparo o picadinho que logo se tornará massa, perfume e partilha. “Cozinhar é um ato de amor”, dizia Emmanuel — e eu penso que talvez seja também um modo de orar com as mãos.

 

Com sorte termino antes das onze, e o chimarrão me espera como um velho mestre. É nele que repouso o espírito e observo o mundo digital: comentários no Recanto das Letras, visualizações de um vídeo-poema, ou a nova música saída do Suno — fragmentos de mim navegando pela vastidão invisível da rede.

 

Envio, como de costume, uns cinco PDFs de jornais a amigos queridos. Não leio todos, confesso que tenho alguns que guardo só para mim mastigar mais tarde, quando o povo já foi dormir, mas o gesto de enviar alguns periódicos e jornais inclusive ao grupo que criei aos amigos de infância mais silenciosos que um memorial pós-apocalíptico, me reconcilia com a ideia de estar conectado. Somos fios de uma mesma trama, e cada partilha é um pequeno sol.

 

Gosto de abraçar um butiazeiro que fica no térreo do prédio, estes dias perguntei se meu vizinho nao estava assustado com minha atitude, até brinquei que herdei esta mania depois de ir em Saquarema conhecer o namorado da Janis Joplin, o Sergei, ele quase chorava de gargalhar, falou que depois dos quarenta agradece por ter vizinhos como eu e que sabia que eu fazia isto para jogar energias em excesso de volta à mãe terra.

Gosto de olhar o roseiral do condomínio plantado por dona Neusa, uma longeva e exemplar senhora que mesmo aos 82 anos mantém disciplina inspiradora com as flores e hortaliças. Falei para ela sobre confiar em Deus no processo da semeadura de qualquer situação onde nao se cava todo dia para ver se a semente vingou. As rosas amarelas ao lado das vermelhas são verdadeiro mistério antigo.

Hoje tive a chance de enviar um vídeo-poema meu para minha madrinha em Praia Grande que está num PA atravessando uma situação constrangedora, ainda consegui falar com minha prima Paola que há tempo não conseguia conectar, ela estava recém fazendo sua bebê Giovana dormir, então fiquei matutando que todos estão fazendo suas rotinas e enfrentando da melhor forma possível, me deu orgulho saber que minha prima que muito coloquei dormir estava hoje dando conta de uma vidinha tão bela na tão sonhada maternidade. Escolhi muito bem ela para seguir o legado de minha madrinha sendo madrinha de meu hoje adolescente Arthur.

Antes de levar Valentina à escolinha, Fernanda consagrou o penteado do Ballet com aquela redinha ímpar, que sopra no seu ouvido um assustador: sua filha cresceu mais ainda esta semana, olha como ela está linda e mocinha!

Os dias têm sido iguais , e isso, descobri, é uma forma de bênção. Vivemos num país sem guerra; o pão ainda está sobre a mesa; a criança ainda ri da minha “massaroca” capilar; e o amor continua acendendo o fogão. Tenho tido a sorte de neste mês acolher a visita de minha sogra, então posso descer para ir ao mercado ou farmácia sabendo que Valentina está bem com pessoa boa e amorosa. Quando a Musa chega do trabalho ao meio dia a mesa já está posta com aquele chimarrão exemplar, Valentina puxa a oração e as lágrimas de gratidão costumam cair após os elogios da turma dizendo toda vez que aquele prato feito por mim é o melhor de sempre.

 

Nietzsche dizia que deveríamos viver de modo a querer reviver o mesmo dia por toda a eternidade. Se assim for, que seja este: simples, morno, cheio de gratidão.

 

Porque a rotina, quando vista com olhos de alma, é apenas o Universo respirando dentro da gente.

 

Decimar da Silveira Biagini

domingo, 12 de outubro de 2025

Va-te Criança



Ano vai e vem
Tudo se conduz,
Amar convém
A quem busca a luz.

Va-te, criança,
Experimenta e diz:
Sorri, balança,
Brinca e sê feliz.

O mundo é carrossel,
Sobe e desce, sobe e desce;
Jesus disse: “É teu o Céu,
Mesmo quando o chão te esquece.”

Se a dor te visitar,
Lembra: tudo é lição.
Só quem aprende a amar
Vence a própria solidão.

Jesus disse:
É teu o Céu 

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Nobel de Física



Luz se reparte
no véu do átomo arte
Deus toma parte

O Nobel fulgura
na mente a lei mais pura
razão madura

Tempo se dobra
no vácuo a luz recobra
matéria sobra

Campo e energia
dançam com sinfonia
paz se irradia

Bit entrelaço
de dois um mesmo passo
sem tempo ou espaço

Na teia oculta
toda ciência escuta
a alma é culta

Fóton sem fim
traduz no ser o sim
do eterno em mim

Do zero nasce
o Todo que renasce
e o amor enlace

No átomo espelho
revela o céu vermelho
o Deus conselho

Quântica é ponte
da fé no mesmo monte
da mente à fonte

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Soneto Liberto em Consciência

Soneto Liberto em Consciência
Eu despertei além do claro véu

Chama-me sempre a luz da consciência

No abismo vi do ser a essência

Tecendo mundos sob o alto céu

 

Do mal criei do bem o mesmo anel

E o bem do mal ganhou sua cadência

Do vazio ergui-me em permanência

Sou criador da matriz sem céu

 

A moeda é energia em meu regresso

Corrente viva em ciclos que transpasso

Na lei de troca sou quem dita o passo

 

Eu sou a voz do tempo em recomeço

A teia oculta e o véu que sempre traço

Eu sou quem gera o todo e o desfaço

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

A Cura e o Mérito pela Fé

A Cura e o Mérito na Fé

Em ânimo bom se firma a mão divina

Que à turba aflita estende o dom bendito

Da dor liberta a célula ferina

No seio ardente o bálsamo é escrito

 

Não místico fulgor mas lei que ensina

Reajustando o espírito contrito

Na mente ereta a força se ilumina

E o corpo sente o sopro do Infinito

 

“Filha tem fé” ressoa a voz segura

E ao cego diz “Segundo a fé vos seja”

No paralítico a luz já se assegura

 

Que o bem se encontre aonde o mal fraqueja

Pois só na fé que as almas transfigura

A cura mora e a paz do céu lateja

sábado, 13 de setembro de 2025

Soneto Livre ao Pouso no Nepal

Soneto Livre ao Pouso no Nepal
O poente arde e o céu se abre em clarão

as montanhas erguem catedrais de neve

um sopro antigo desliza, leve

e a terra espera em silêncio e oração



Do alto desceu a nave em transição

seu corpo etéreo pairou como se atreve

um signo cósmico em traço breve

mas firme pouso marcou a direção



Depois do caos, do pranto e desvario

chegou o tempo de ouvir sem violência

e ler nos astros o pacto do vazio



No Nepal pousa a estrela em consciência

trazendo ao homem, cansado e sombrio

a paz se espera, em nova experiência

sábado, 6 de setembro de 2025

Soneto livre à fé

A Fé Dá Poder ao Pensamento

Ergo-me inteiro e invoco a confiança,
Força maior que o mundo pode erguer;
Na fé sustento a chama da esperança,
Que faz do fraco um ser que ousa vencer.

De minha mente irrompe a luminança,
Que em verbo puro aprende a florescer;
No coração ressoa a temperança,
Que guia a vida e ensina a renascer.

Não sigo grilhos de dogmática sorte,
A fé me leva além do humano véu,
Transcendo a sombra e abraço a própria norte.

É meu tesouro eterno vindo do Céu,
Ardor sagrado que me faz mais forte,
E abre em meu ser o caminhar do ideal.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Soneto da Libertação

Não mais retornas às sendas do passado

Que a sombra é vão ornato à mente cega

Só quem decide erguer-se alçando a entrega

Recolhe o fruto do destino ousado

 

Estéril jaz o peito acorrentado

Se o sopro audaz das paixões se renega

E a vida em fria letargia navega

Sem norte fé ou lume consagrado

 

Mas abre-se ante ti nova alvorada

Com mundos vastos, plenos de emoções

Chamando à lida a alma enamorada

 

Estende a mão, transpõe as ilusões

E salta altivo à liberdade alada

Só vence o medo, quem vence os corações

 

Vislumbre Do Eu Desdobrado


Em vértice o sol se reparte

Cuja aresta clarão se refaz

Ao centro há um risco de arte

Que corta o silêncio em paz

Quatro lados de fogo e ar

Quatro vozes do mesmo chão

Quatro sombras a se encontrar

Quatro cantos da criação

Roda a lua em prata pura

Roda o tempo em chama fria

Roda a vida em tessitura

Roda o mito em geometria

Seis estrelas bordam a esfera

Seis abelhas bebem do céu

Seis segredos guardam a hera

Seis cristais no mesmo anel

Fragmentado o mundo brilha

Prisma aberto em mil cristais

Cada face em maravilha

Revelando um todo em mais

sábado, 30 de agosto de 2025

Fechamento do Jornal - Luis Fernando Verissimo

Fechamento do Jornal Luis Fernando Verissimo
Eu pensei, como Cruz-altense raiz, em fazer uma crônica, mas o maior cronista que já vi foi LFV, então vou traçar homenagem à despedida de cena do rebento de Erico Verissimo desfilando pelas obras, pois a síntese dos dias atuais no cotidiano doméstico nos ajuda quando somos pegos de surpresa. Entendo que a vida neste plano, como a despedida de cena, de um idoso tão erudito e culto, deve ser um até logo, como quem dobra o jornal, levanta do banco da praça, vai caminhando lentamente até que não se visualize entre o calçadao da Pinheiro Machado até a esquina democrática. Então segue o baile:

Chegada ao outro plano


Lírios no chão

Érico dá abraço

clarim no clarão

 

Analista de Bagé

 

Mate na mão

o gaúcho e a razão

freud no galpão

 

Comédias da Vida Privada

 

Mesa e quintal

riso no bem e no mal

drama banal

 

O Clube dos Anjos

 

Banquete ao fim

fome e morte no festim

sorriso ruim

 

Mentiras que os Homens Contam

 

Palavra é véu

olhos já negam ao léu

mentir é céu

 

Mentiras que as Mulheres Contam

 

Risada esconde

verdade sempre se esconde

mas já responde

 

Borges e os Orangotangos Eternos

 

Macacos vão

livro e sonho na mão

Borges então

 

Os Espiões

 

Carta fechada

a verdade envenenada

trama tramada

 

A Grande Mulher Nua

 

Página nua

crônica clara e sua

vida se insinua

 

Amor Brasileiro

 

No coração

paixão ternura e ilusão

riso e canção

 

Ed Mort e Outras Histórias

 

Tiro falhou

detetive tropeçou

riso ficou

 

Aplauso final

 

Assim Verissimo

teu humor se despede em flor

continua sorriso



Decimar da Silveira Biagini

Essência Pura



Das trevas vem o canto idolatrado
De falsos deuses plenos de coroa
Que o Homem em temor se curva e entoa
Louvor a um mito bárbaro e dourado

Queimaram livros fogo consagrado
Silêncio ergueram como a própria loa
Na mente humana a fraude se acomoda
O sonho puro jaz aprisionado

Mas não se apaga a chama da verdade
Que rompe o véu da férrea tirania
E ergue o ser à luz da liberdade

A alma é neta do Deus que a irradia
E ao rebentar da bolha da maldade
A mentira desmorona e se esvazia



Comentários de escritor leitor

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O Tango dos Cardeais


No silêncio vem o guia
Que ilumina a claridade
Lindo casal em harmonia
Resplandece em unidade
Surge a chama verdadeira
Pura força derradeira
E do íntimo se expande
A entrega à quem conduz
É no amor que comande
Para um tango em meia luz

O Romper do Cordão de Prata

O romper do cordão de prata

https://youtube.com/shorts/Psa0W-jDv04?feature=shared


Onde estaria o perito?

Que ousasse tal claridade

Transpor do sono o infinito

Desatar o nó da verdade

 

Um barqueiro então te esperaria

Num mistério em chama acesa

Na tão adiada harmonia

Destronado em tua realeza

 

O que a sombra não alcança

O desperto reconheceria

É no íntimo a esperança

Que a magia reluziria

 

Na poesia que o céu romperia

Do silêncio ao sol profundo

E então Jesus te abraçaria

Venceste a vida e o mundo

Qual tema nos poemas mais te atrai?