DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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quarta-feira, 7 de maio de 2025

O Túnel dos Últimos


Eu
vi

trem
num clarão

ecoando o chão
na caverna sem manhã
nos trilhos sem tempo andava
levando almas sem lar

estava só
mas
sabia
o fim
não
viria
se a luz fosse trilha
gritei pra dentro do escuro
sigam —
e fiz-me caminho

No trem iam os cansados
últimos filhos da Terra
calados
rostos quebrados
com a dor dentro da serra

o mundo fora calcinado
pela ganância da guerra
mas meu peito era o passado
que a esperança ainda encerra

Um túnel
velho e fechado
onde o medo se agasalha

ergueu-se em breu espraiado
feito entranha que trabalha

mas com força e fé cravada
abri frestas na muralha

cada trilho resgatado
era a lâmina da navalha

Com palavras
de cometa
tracei mapa e direção

meu olhar virou luneta
mirando outra estação

e a noite
feita poeta
rendeu-se à inspiração

foi quando a cidade aberta
surgiu clara
redenção

Lá havia uma estação
com seu nome em letras vivas
esperança
e salvação
nos arcos das passagens divas

e quem antes era vão
renascia em perspectivas
pois do sonho e da missão
brotam forças
criativas

Sopros do shofar soam
invisíveis a quem teme
mas chamam os justos
a reerguer mundos
com poesia
e coragem

Renovo

Renovo, pelo poeta Cruz-altense Decimar
Se o fim se avizinha em sombra e dor  
Lembra, alma amiga, tente reescrever:  
"Refaz-se a estrada em luz, se há amor  
E cada passo é um renascer"  

Nietzsche diria: "torna-te quem és"  
E em novo fim renasce o ser  
Já Sartre, austero, brada em viés:   
"O homem é livre para escolher"  

Camus sorriria ante o absurdo  
Dizendo: "a vida é recomeço"  
Que o salto insano te torna maduro
fazendo trampolim até o tropeço 

Cury fala sobre se errar caminho
não desistas, ser feliz não é ser perfeito
usas lágrimas para irrigar a tolerância
e teus erros para corrigir teu jeito

Heráclito ensina: "tudo é mudança"
O rio que passa jamais é o mesmo  
Num ciclo eterno de esperança
pedra polida, polida em si mesmo

Kierkegaard clama: "ouses saltar"  
Pois só na fé há libertação  
Que em cada fim há um novo lar 
para quem plasma a intenção

E o vento canta que nada é tão forte  
Que o tempo em brisa não possa levar  
Se a vida insiste, renasce o horizonte  
E em cada fim, um novo olhar  

Assim, não temas o tempo adverso  
Pois fim é argila em torno obscuro  
Moldando auroras no universo
relicário que brilha num novo futuro


terça-feira, 6 de maio de 2025

Porto dos Teoremas - as fórmulas do amor e da amizade

Porto dos teoremas, poema metafísico do poeta Cruz-altense Decimar inspirado por ChicoDeGois
Vêm e vão naves, no cais da esperança
partindo ao som das águas do porvir
as velas tremem — doce semelhança
dos corações que anseiam por partir

Amigos são trapiches estendidos
ao largo-mar da vida a nos saudar
com tábuas de ternura entretecidas
ponteando abismos só pra nos amar

Os teoremas — cálculos do Espírito
trazem medidas, ângulos, esquemas
e a geometria oculta em cada rito
edifica as eternas moradias-temas

Na casa do Pai, cada lar é formado
com formas puras da luz primordial
os números sagrados, revelado
é o universo em proporção real

Assim, a ponte surge em cada intento
traçada a régua, a prumo e coração
e o infinito é breve monumento
de amor, saber e exata intuição

E ao longe, sob o céu da harmonia
ergue-se a Escola — em Crotona, a flor
onde a arte canta a sabedoria
e a Natureza ensina o puro amor

Lá se constroem, com voz e arquitetura
as pontes d’alma e casas da candura
pois é na luz da antiga Tetraktys
que o Uno brilha e os mundos se fazem vastos

segunda-feira, 5 de maio de 2025

A Fonte no Deserto

A Fonte no Deserto, pelo poeta Cruz-altense Decimar

O Vazio

vai,
cai no
desconhecido.
Sombras confundem
as formas que o tempo já tinha esquecido.

Impulso

Vai,
sem
voltar,
segue o fluxo,
sem bússola ou norte,
seu passo se guia por algo mais forte.

A Fonte

Luz
brota,
tão sã,
sem horizonte.
Nasce e já se esconde —
no toque da água, renasce a fonte.

Oásis

Sim,
vem
do chão
vida plena,
verde que fulgura,
quando o seco sente a mão da ternura.

Os Três

três
que vêm,
caminhantes
na mesma procura,
sedentos de alma, de fé, de doçura.

Revelações

Um
diz:
“Sou luz,
Buda é meu ser.”
Outro fala: “Eu sou Cristo.”
“Maomé”, o terceiro, com ar tão misto.

Silêncio Cósmico

Noite.
Brilha
o céu vasto
com frio esplendor.
Silêncio se impõe,
como se a culpa tocasse o Senhor.

O Retorno

Vai,
sai
do ermo,
já florido,
busca o lar de novo,
um jardim que outrora já fora seu povo.

O Guardião

está
um ancião
com olhos de chão:
“Quem vai e retorna
é quem ama a vida que a terra entorna.”

A Lei da Terra

“Sim”,
diz,
sorri,
“com razão,
tudo que floresce
há de se sublimar para que a luz recomece.”

O Consolador

Irmão do bem, tua dor me alcança,
mas sei que a fé nunca se cansa,
na luz do Todo, a esperança dança.

Teu silêncio é oração sentida,
e tua ausência, jamais esquecida—
és chama viva, és voz da vida.

A inspiração pode até tardar,
mas tua alma vive a semear
justiça, amor, o verbo amar.

Sigamos firmes, com passo e mão,
bebendo a fonte da compaixão,
no templo eterno do coração.

domingo, 4 de maio de 2025

Relicário Celeste

Relicário Celeste – Uma Jornada Espiritual em Oito Cantos - CICLO metafísico canalizado pelas falanges de El Morya 

Epígrafe:
"Desce do monte quem subiu por amor
e leva nas mãos o pão e a luz
Pois quem viu o alto, serve com fervor
o verdadeiro eleito é quem conduz"


Canto I – O Chamado e o Silêncio

Na noite espessa onde a alma se cansa
um sussurro antigo rompeu minha dor
Chamava-me além da vã esperança
um fogo sem nome, sem forma ou cor

Deixei as âncoras, os mapas gastos
e as rotas vãs da mente que se prende
No peito, ecos de mundos contrastos
e a sede de algo que me transcende

Ao monte rumei, sem guia ou espelho
só o clamor que em mim reverberava
Cada passo, um adeus, um desvelho
o ego tombava onde a alma alçava

No cimo, só o vento e o vazio
e nele, a presença que não se diz
Silêncio mais pleno que um bravio rio
a dor tornou-se altar, e eu, aprendiz


Canto II – O Umbral do Eu

No limiar do templo não de pedra
encontrei-me a sós com meu espelho
Ali, o rosto por vaidade vedra
o orgulho em trono e o medo em conselho

Me vi criança, déspota e mendigo
e em cada máscara, um clamor calado
O eu que construí não era amigo
mas carcereiro no próprio reinado

Ardi na forja da confissão nua
sem álibis, sem sombra, sem disfarce
A luz que me invadia era a da rua
dentro de mim, clamando por enlace

Rendi o cetro, a coroa, o engano
Saí do umbral não como vitorioso
mas vaso limpo do barro humano
pronto a ser cheio de um Bem precioso


Canto III – O Guardião da Porta Estelar

Um vulto de fogo, luz e sentença
surgiu à entrada do etéreo jardim
Portava silêncio em sua presença
e os olhos diziam: "Vem Mas por fim"

Três vezes sondou-me em seus arcanos
uma pergunta sem voz, mas tão clara
"Vieste buscar poder entre os humanos
ou servir na luz que se dá e ampara"

Mostrei-lhe os cacos da alma em penúria
a dor redimida, o medo rendido
E ele abriu as portas da alta penúria
onde o tempo dorme e o amor é ouvido

"Segue", disse ele, "mas não te esqueças
nem todo que sobe vê a Verdade
só quem desce ao mundo e lá sem pressas
cura com mãos a eternidade"


Canto IV – O Esplendor Oculto

Adentrei salões que não têm medida
feitos de cântico, fogo e silêncio
Ali a verdade não é sabida
mas sentida além do corpo e do senso

Vi seres que são puro pensamento
tecendo em luz o destino dos sóis
E no centro, um Coração — fundamento
de toda forma, tempo e seus heróis

Nele, a dor dos mundos se faz canto
e cada lágrima é vinho sagrado
A beleza ali não é puro encanto
é o Bem visível, o mal redimado

E me foi dito: “O que vês, esquece
Leva contigo o que arde e liberta
Não é para exibir o que acontece
mas pra acender a chama ainda incerta”


Canto V – O Verbo Vivo

No centro do templo, sem paredes
uma Presença se fez verbo e luz
Não falou por sons, mas por suas sedes
e em mim, cada célula reluz

“És parte de mim desde o alvorecer
Te busco em tudo, até no que foge
A dor que em ti clama é meu renascer
e o amor que tens, meu sangue e minha voz”

Ali entendi que o nome divino
não cabe em letra, dogma ou clausura
É pão que se parte, vinho e destino
é gesto de amor em sua doçura

“Desce agora,” disse a Voz sem medida
“leva-me aos becos, às praças, ao chão
Faze do verbo ponte e da tua vida
uma epístola escrita em compaixão”


Canto VI – A Noiva do Cordeiro

Na sala secreta onde o véu se ergue
a Noiva do Cordeiro me esperava
Vestia luz e em seu olhar, a égide
do Amor que tudo acolhe e tudo lava

Era Sophia, Isis, Shekinah
a Alma-Mãe do mundo e seu Mistério
Seu ventre é o portal que a dor refaz
e seu beijo o selo do hemisfério

Disse: “Sou o ventre da tua missão
Gerarás esperança em cada gesto
Vai, sê ponte viva da redenção
Meu selo é teu, teu corpo é meu resto”

E ao me tocar com lágrima e perfume
selou-me inteiro com seu silêncio
Toda dúvida então perdeu seu lume
e minha vontade tornou-se incenso


Canto VII – O Silêncio Supremo

Ao fim da ascensão, não há mais trilha
só vasto silêncio onde o Eu desmaia
Ali, nem luz, nem forma, nem partilha
só o Vazio que a tudo atrai e ensaia

Mas é um Vazio repleto de sentido
um Mar de Origem sem começo ou fim
Ali entendi: sou parte do Infinito
e Ele é inteiro no mais frágil de mim

Não há retorno, pois tudo é retorno
Não há partida, pois tudo é o Aqui
Toda pergunta ali perde contorno
pois o Amor é a resposta que vi

E voltei, mas sem sair do Silêncio
Tornei-me dele um sopro, um sentinela
Minha alma agora é templo suspenso
onde a luz se faz carne na janela


Canto VIII – O Retorno e o Serviço

Desci do monte com os pés em brasa
o olhar tocando o chão como se o visse
pela primeira vez — sem véu, sem asa
mas com o coração que agora assiste

A terra me sorriu em seu ofício
a folha, o pó, o verme e a semente
eram também centelhas do início
reflexos da Presença onipotente

Não trouxe tábuas, nem teorias frias
mas gestos simples, pão, palavra e pranto
Na rua, abracei almas vazias
na cela, fui escuta e acalanto

Pois o saber que das alturas desce
sem se fazer humilde no caminho
é só vaidade que logo empobrece
por não tocar o outro com carinho

“Servir é ser canal, não pedestal”
disse a Voz quando a lembrança se acende
“E o céu que viste, feito espiral
é só começo do que agora se entende”

Voltei, sim, mas não sou mais o mesmo
o mundo é templo, e a dor é o altar
E cada gesto é um verbo no batismo
de quem escolhe amar — e iluminar


Decimar da Silveira Biagini

Com a proteção de seu patrono Sepé Tiaraju e aval de El Morya 

Jesus e os Essênios

JESUS E OS ESSÊNIOS, poema metafísico do poeta Decimar
No deserto em véu de areia
Moravam almas em prece
Guardando o que não se esquece
Na luz que a verdade semeia

Chamavam-se os Essênios
Viviam entre o céu e o chão
Esperando em devoção
O mestre dos milênios

Veio o Cristo tão sereno
De olhar além do sentido
Com um verbo não contido
E um silêncio sobre-humano e pleno

Falava sobre os caminhos
Que a alma traça entre planos
Como os ciclos mais humanos
Feitos de flores e espinhos

Ensinava reencarnar
Como a semente que morre
E da terra que tudo absorve
Renasce para frutificar

Disse com voz envolvente
Que o mundo tem dimensões
Como finas divisões
Na cebola transparente

No centro vibra o concreto
Denso como o sofrimento
Mas cada novo momento
Revela um plano mais reto

[REFRÃO]
Sopra o shofar nos caminhos
Canta a gaita a direção
Jesus revela os destinos
Por camadas de expansão

Os discípulos atentos
Ouvindo com emoção
Sentiam no coração
Mistérios em movimentos

Não há fim só travessia
Cada plano é um degrau
Para o espírito imortal
Na luz que se irradia

E esse cordel que te alcança
Não conhece tempo ou fim
Nasce onde tudo é jardim
E a fé floresce na esperança

[REFRÃO]
Sopra o shofar nos caminhos
Canta a gaita a direção
Jesus revela os destinos
Por camadas de expansão

Jornada contínua

Jornada contínua

O corpo é só ilusão
Deus é luz que vai além
Quem O nega, cedo vem
Clamar por compaixão

Na próxima estação
Sem certezas, sem ninguém...
O corpo é só ilusão
Deus é luz que vai além

Ajoelha em oração
Chora o erro que contém
Pois sem fé, não se mantém
A paz no coração:
O corpo é só estação...

A culpa te fez refém?
As circunstâncias cresceram
Não consegue ficar zen?
Tuas ideias de fé pereceram

Levanta, larga os espelhos
Quem te põe de joelhos
É Aquele te dá a mão

sábado, 3 de maio de 2025

Soneto

Soneto – Janela de Cruz Alta

Abrindo a vidraça no alto a manhã
suspira a doçura do sol nos telhados
as coxilhas brotam num canto de lã
que aquece os silêncios dos campos dourados

A brisa desliza no rosto sutil
como um velho afago de tempo e memória
a cidade respira seu passo febril
mas o campo lá fora impõe sua história

Do quarto andar vejo o mundo acordar
com o céu tão azul sem nuvem ou pranto
e o frio dançando no ar sem cessar

como um leve segredo em véu de encanto
Cruz Alta desperta em seus tons de paz
com doçura antiga que o peito refaz

Decimar da Silveira Biagini
03 de maio de 2025

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Outono em versos - poetrix

Soneto à escolha amorosa

Soneto à Escolha Amorosa

Não quero amor que arda e se consuma
Em chamas breves de um prazer voraz
Mas sim aquele amor que feito em bruma
Perdura em atos simples dia após

É chama mansa firme decidida
Que escolhe ser ainda que haja dor
É disciplina em meio à nossa vida
Não se alimenta só do seu calor

Alma de equipe, força de vontade
De ser por outro ser reconhecido
Não por fulgor mas por fidelidade

Se é racional não deixa de ser lindo
Pois só quem ama além da tempestade
Sabe o que é ser amado e ter sentido

Decimar da Silveira Biagini

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Cordel do Primeiro de Maio de 2025

CORDEL DO PRIMEIRO DE MAIO DE 2025
Senhoras e senhores prestai bem atenção  
O Brasil virou novela  
Mas sem direção

Lá em Porto Alegre ergueram caixas de vidro  
No Otávio Rocha onde o cheiro não é límpido  
Dizem que é pra escada pra voltar à circulação  
Mas a real função é dar vitrine à enganação

A dengue ah essa dança fez da cidade seu salão  
Enquanto o povo coça a perna  
E o poder coça a mão

Na DEAM mulheres clamam por justiça com razão  
Mas trezentas desistiram não havia plantão

E agora escutem no palco da Previdência  
Rola um circo de dinheiro sem sequer decência  
Desconto em aposentado golpe velho e ordinário  
O INSS virou um teatro sanitário

Agora quem escolhe sou eu  
Diz o Lula com emoção  
Nomeou novo chefe  
Mas esqueceu a podridão

Não sabia de nada diz Lupi com fervor  
Mas se todo mundo sabia  
Onde andava o senhor

O desemprego subiu  
Mas ó que consolo  
É o menor desde 2012  
Segundo o santo IBGE no seu consolo

E lá fora nos Estados Unidos  
O PIB foi pro chão  
Trump surtou com as tarifas  
Mas recuou de calção

No Sul a tragédia mais chuva mais tormenta  
E político só promete enquanto o povo lamenta  
Em Cruzeiro do Sul ainda há quem more no barro  
Com a enchente na janela e promessas no carro

Mas houve uma santa que partiu em paz  
Dona Inah freirinha bisneta do Canabarro  
Morreu com 116 sem fazer escarcéu  
Foi direto para o céu  
Ou talvez pra descansar do papel

Esse é o Brasil meus senhores  
Palco de circo e de fé  
Onde quem tem juízo  
Vive rindo de pé

Decimar da Silveira Biagini
01 de maio de 2025

terça-feira, 29 de abril de 2025

Coração de Julgador

Coração de Julgador
(42º Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônica)

Num salão de almas vivas  
Onde a pena vira flor  
Li poemas como estrelas  
Brilhando com seu calor  
Meu coração julgador  
Foi se abrindo feito rio  
Pra abraçar todo esse amor

Larissa chegou soprando  
Com seu “Apaga-me” aceso  
Na chama vi um silêncio  
Feito prece em recomeço  
Palavras viram abrigo  
E o vazio vira endereço  
Onde mora algum desejo

Galvão chegou dobrado  
Poeta e também pensador  
Fez do verbo um labirinto  
Fez do olhar revelador  
O tempo virou espelho  
E no fundo do espelho  
Vi Platão como leitor

Joselito veio firme  
Com “Odes” e “Ideal”  
Na subida da linguagem  
Fez da ideia um portal  
Pôs o verso sobre as nuvens  
Pôs a alma em pedestal  
Com um canto sem igual

Eduardo e sua “Tempestade”  
Trovão jovem na canção  
Rafaela, tempo e dança  
Giovana, inspiração  
Cada verso uma centelha  
De uma nova geração  
Com espada na paixão

João Manuel reverente  
Fez de Senna sua estrada  
Maurílio trouxe a “Fantasia”  
Com “Vibração” delicada  
Em seus versos há uma música  
Que transforma a madrugada  
Em alvorada encantada

Márcia Rocha semeando  
Cicatrizes e ternura  
Ana Stoppa no seu canto  
Fez da dor uma doçura  
E da Argentina, Ana Rosa  
Trouxe amor em sua altura  
Feito carta sem censura

Julgar foi gesto de espelho  
De quem escuta e se encanta  
Cada texto um universo  
Cada voz uma garganta  
Essa turma tão brilhante  
Faz da arte sua manta  
E na alma ela se planta

Que a poesia se erga  
Como um templo de beleza  
Onde a palavra liberta  
E a emoção é a firmeza
Que a Academia celebre  
Com afeto e com realeza

Decimar da Silveira Biagini

A Busca

[Verso 1]
De que vale o saber sem luz no coração?
Se o mundo é vasto e a mente, uma prisão
O tolo dança livre da razão
Enquanto o sábio treme em indecisão

[Verso 2]
O puro ri sem saber bem por quê
Vê além da mente, deixa acontecer
O erudito tenta se entender
Mas perde o agora, sem se perceber

[Refrão]
Solta, alma! Voa, alma!
Na dúvida há uma chama
Desnuda o ser, renasce a fé
Na queda se aprende a dançar de pé

[Verso 3]
Riqueza é ser sem medo de perder
É ver no fim o início florescer
E no incerto, o milagre de viver
Sem mapa, mas com sede de saber

[Refrão]
Solta, alma! Voa, alma!
Na dúvida há uma chama
Desnuda o ser, renasce a fé
Na queda se aprende a dançar de pé

[Final]
Só quem esquece é que vem a entender
A porta oculta é sempre o verdadeiro ser


segunda-feira, 28 de abril de 2025

Como ter otimismo?

Como ter otimismo?

Prometi ao Eterno em segredo  
Despi-me dos pesos do chão  
O ego tombou no degredo  
Deus acendeu-me a mão

Sopra, ó Mestre, rasga o véu da ilusão  
Semeia esperança no pó da criação  
Sopra, ó Rabi, minha alma desperta  
Deus sabe o tempo, a hora é certa

O que vejo não é o que é  
O que é, ainda escapa à visão  
No invisível a verdade reflete  
A luz maior da redenção

Sopra, ó Mestre, rasga o véu da ilusão  
Semeia esperança no pó da criação  
Sopra, ó Rabi, minha alma desperta  
Deus sabe o tempo, a hora é certa

Caminho sem medo da noite  
Pois a alvorada é real  
Cada queda é um novo açoite  
Que forja no espírito o sal

Confio nas tramas do alto  
Mesmo em silêncio e dor  
É quando a alma rompe o asfalto  
E se curva ao Supremo Amor

Sopra, ó Mestre, chama os ventos a bailar  
Desperta os que dormem, ensina-os a amar  
Sopra, ó Rabi, no abismo e no altar —  
Deus é o tempo, Deus é o lar

Decimar da Silveira Biagini
Na Cruz Alta-RS, aos 29 de abril de 2025

Soneto ao Eco do Amor


Soneto ao Eco do Amor

Eu te amo ressoa em tom sagrado

 

Voz que desperta a alma em turbilhão

 

Vértice oculto em lume revelado

 

Portal que inunda o ser de inspiração

 

 

 

Quem diz treme: é abismo ou é alento

 

Quem ouve teme e sente a eternidade

 

Seremos nós o amor ou seu momento

 

Ou só seu eco em busca da verdade

 

 

 

Flui pela vida antiga indivisível

 

Mais que um desejo mais que um querer

 

Raiz celeste em sombra inacessível

 

 

 

Se o tom suportas deixa-te envolver

 

No amor não há domínio ou impossível

 

Há um tornar-se e então reconhecer

 

Decimar da Silveira Biagini

Qual tema nos poemas mais te atrai?