Vêm e vão naves, no cais da esperança
partindo ao som das águas do porvir
as velas tremem — doce semelhança
dos corações que anseiam por partir
Amigos são trapiches estendidos
ao largo-mar da vida a nos saudar
com tábuas de ternura entretecidas
ponteando abismos só pra nos amar
Os teoremas — cálculos do Espírito
trazem medidas, ângulos, esquemas
e a geometria oculta em cada rito
edifica as eternas moradias-temas
Na casa do Pai, cada lar é formado
com formas puras da luz primordial
os números sagrados, revelado
é o universo em proporção real
Assim, a ponte surge em cada intento
traçada a régua, a prumo e coração
e o infinito é breve monumento
de amor, saber e exata intuição
E ao longe, sob o céu da harmonia
ergue-se a Escola — em Crotona, a flor
onde a arte canta a sabedoria
e a Natureza ensina o puro amor
Lá se constroem, com voz e arquitetura
as pontes d’alma e casas da candura
pois é na luz da antiga Tetraktys
que o Uno brilha e os mundos se fazem vastos
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