DECIMAR BIAGINI

DECIMAR BIAGINI
Advogado e Poeta Cruzaltense

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domingo, 31 de julho de 2016

Certa idade

Depois dos trinta e quatro
Me refiro a idade
Não é muito de fato
Mas já não se é dono da verdade
Diante de um filho amado
Que te repreende já com quatro

Depois dos trinta e quatro
Passa aquela utopia de mudar o mundo
Pois o populismo se torna chato
Quando se tem tanta desilusão de fundo

Depois dos trinta e quatro
Pisasse um pouco no freio
Tendo saúde já se sente grato
E mesmo gordo já não se acha feio

Depois dos trinta e quatro
Surge uma crença interior
Torna-se um pouco sensato
E se esquece do jovem ator

Depois dos trinta e quatro
Enterra-se algumas perspectivas
Isso até se torna chato
Mas de que valem falsas expectativas?

Depois dos trinta e quatro
Ainda não se pensa em reviver o passado
Recém se comemora o presente
Como um vinho após a colheita, degustado

Decimar Biagini
31 de julho de 2016

domingo, 10 de julho de 2016

Trajetória insalubre

Trajetória insalubre

Nenhum adversário
Mais brutal que a vida
Implacável cenário
após a alma concebida

Começa com uma corrida
Depois nos prende em conforto
No parto, calmaria é rompida
Rasgando os pulmões bem forte

Uma viagem nostálgica
Buscando retorno ao útero
E como num passe de mágica
Passa tudo rápido e fútil

A aventura só é percebida
Quando se conta de trás pra frente
Pois é triste a despedida
Do vencido ser vivente

Decimar Biagini

Estamos prontos?

Corremos para um caminho
A grande via sem pista de retorno
Pequenas aves tiradas do ninho
Como codornas azeitadas ao forno

Seguimos preconceitos sem resposta
Intuitivamente apelidamos o destino
Com coisas que nos convem acreditar
Sentimos rejeitos de quem não nos gosta
E passamos então a nos amargurar

Perdemos as penas procurando liberdade
Num pequeno intervalo antes do crime
Cujo carrasco não quis sequer se apresentar
E ao perceber erros clássicos já é tarde
Hora de nos tirarem do forno e servir o jantar

Decimar Biagini

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Dúvidas de um viajante

Há cem anos
Eu aguardava
Na central do Brasil

Um novo encarne aguardava
Vagava pelos vagões
E não encontrava
Nada que pudesse vestir no Rio

Uma cidade maravilhosa
Se via baleias na Guanabara
Pensei em ser sambista
Mas vagabundo caia no pau de arara

Pensei em ser malandro
Mas a concorrência me anularia
Pensei em ser político
Mas não era hora da democracia

Sondei os poetas
Mas não saiam de casa
Tampouco pegavam trem
Pensei em ser aviador
Mas avião ainda não voava

Soou então o apito
Subi num beco perto da estação
E o resto não lembro bem
Até a próxima reencarnação

Decimar Biagini

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